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Sobrou fertilizante: porto brasileiro reexporta cargas vindas do Egito

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Milhares de toneladas de fertilizantes à base de fósforo e
potássio que desembarcaram do Egito no Brasil há poucos meses estão retornando
ao porão de navios graneleiros, desta vez com destino aos Estados Unidos e à
Turquia.

A reexportação de fertilizantes, inédita, está sendo feita
pelo Porto Ponta do Félix, localizado em Antonina, Litoral do Paraná. No fim de
setembro foram reexportadas para os EUA 17 mil toneladas do produto, que estava
armazenado em um recinto alfandegado no terminal, desde 23 de julho.

Novas cargas, totalizando 24 mil toneladas, estão deixando o litoral brasileiro, agora, rumo à Turquia. A reexportação é possível porque o porto conta com um entreposto aduaneiro em que o pagamento dos tributos só ocorre depois que a carga é formalmente internalizada. Enquanto fica na área de armazenagem, o adubo segue sendo propriedade do exportador.

Cargas de fertilizantes não chegaram a ser tributadas

“É como se a carga não tivesse entrado em solo brasileiro. O recinto alfandegado é considerado uma zona neutra, comum em portos para efeito de comércio exterior. Isso aumenta a flexibilidade na comercialização, incluindo esta modalidade de reexportação, sem a incidência de tributos nacionais”, diz o presidente do Porto Ponta do Félix, Gilberto Birkhan. O porto tem capacidade estática para armazenar 320 mil toneladas, com estrutura operacional que facilita a reexportação.

O Brasil importa 85% dos fertilizantes usados nas lavouras. Em função da guerra na Ucrânia, no primeiro semestre houve uma corrida para importar adubo, o que causou filas de navios para descarregar, agravadas pela falta de espaço nos armazéns de retaguarda.

A reexportação dos fertilizantes surpreende o mercado, mas não deve ocorrer em grande escala, na avaliação de Jefferson Souza, da Agrinvest. “É algo inédito. Particularmente, acho que isso não vai ganhar corpo, porque estamos vendo que as importações já estão dando uma arrefecida. É um movimento atípico e provavelmente não deve envolver um grande volume saindo do Brasil rumo a outros mercados”.

Se durante todo o primeiro semestre as cotações de fertilizantes dispararam no Brasil, passado o período de compras é no hemisfério Norte que os preços estão mais altos agora. Luigi Bezzon, analista da StoneX, destaca que a diferença da tonelada de fosfatados, por exemplo, chega atualmente a 150 dólares, mais barato no Brasil do que nos EUA. O mercado brasileiro praticamente encerrou as compras para a safra de verão, daí a razão da queda dos preços. A exceção está nos adubos nitrogenados, cujas encomendas devem aumentar para compor os insumos da safrinha de milho do ano que vem.

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