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Silveira nega intervencionismo na Vale, mas diz que na Petrobras é diferente: “é participação”

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O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o governo não interfere na sucessão da Vale, mas ressaltou que tratamento em relação à Petrobras é diferente por ser uma “participação”. A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de demitir Jean Paul Prates do comando da petroleira foi vista por parte do mercado financeiro como uma forma de ampliar a interferência política na estatal.

“O governo nunca tentou intervir na Vale. Estou doido para a empresa ter o seu CEO, porque um CEO em situação precária e já com a data marcada para sair, ele naturalmente cria um vácuo de poder que prejudica não só a empresa mas também o País. Agora não interviemos na sucessão da Vale, senão seria intervencionismo. Na Petrobras é diferente: é participação”, disse Silveira em entrevista ao Estadão/Broadcast divulgada nesta quinta-feira (23).

Em março, o conselho de administração da Vale decidiu que o atual presidente, Eduardo Bartolomeo, não será reconduzido ao cargo. Ele permanece no cargo até 31 de dezembro deste ano.

A sucessão do executivo, considerado um quadro técnico da empresa, também é alvo de pressão. O governo chegou a cogitar a possibilidade emplacar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega no cargo. Com repercussão negativa, o próprio Mantega teria rejeitado a ideia.

Antes de ser demitido, Prates vinha manifestando publicamente divergências com o ministro de Minas e Energia – a mais recente em relação à distribuição de dividendos extraordinários da empresa, pela qual enfrentou semanas de “fritura”.

Apesar disso, Silveira reforçou que não há sobressalto na condução da empresa. “O nosso governo não tem sobressalto. Todos sabem o que o nosso governo quer da Petrobras”, disse.

O ministro reforçou que não considera a troca de presidente na Petrobras uma forma de intervenção do governo. Ele destacou que “intervir no plano de investimentos através dos seus representantes no conselho não é uma intervenção, é uma participação”.

“Por que eu não considero intervenção? Porque quem indica a maior parte do conselho da Petrobras é o presidente, assim como toda a diretoria. Então o investidor, quando ele decide aplicar os seus recursos numa empresa com a natureza de economia mista, com governança própria e controlada pela União, ele já estudou isso”, afirmou Silveira ao Estadão.

Silveira diz ter confiança na nova presidente da Petrobras

Lula indicou a engenheira Magda Chambriard para substituir Prates. Considerada mais alinhada ao pensamento do governo, ela deve assumir o cargo oficialmente nesta sexta-feira (23).

Segundo o ministro, o governo quer a Petrobras “mais competitiva na exploração de petróleo”, e que a empresa “invista no parque de refino para que ele não continue sendo sucateado como no governo anterior”.

Silveira disse ter muita confiança em Chambriard. “É uma pessoa madura, técnica altamente conhecida por suas posições fortes e firmes. Ela aceitou o convite com a compreensão de que ela tem um grande desafio pela frente, com as agendas colocadas no plano de investimento”, afirmou.

Relação com o mercado financeiro

Em abril, Silveira criticou a reação do mercado financeiro à decisão do governo de reter dividendos extraordinários. “Existe uma clara demonstração de uma resistência do mercado em consequência da boca torta que eles adquiriram nos últimos anos, em especial nos últimos quatro anos de governo Bolsonaro, que eles faziam o que queriam com o Brasil”, disse o ministro em entrevista à GloboNews em 1º de abril.

Agora, ele afirmou que pretende melhorar o relacionamento com os investidores. “Eu quero começar, agora, a ouvir um pouco mais as vozes externas e me apresentar um pouco mais para eles entenderem que o ministro de Minas e Energia não é nada disso que muitas vezes está sendo construído. Não é intervencionista, não é estatista, não tem nenhum radicalismo. Ouve, gosta de ouvir, tem humildade de ser convencido a mudar a posição e levar reflexões ao presidente da República”, disse Silveira.

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