A mudança na meta de inflação para os próximos anos, que voltou a ser mencionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recentemente junto de críticas à atual taxa Selic de 13,75%, não estava prevista para ocorrer agora pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de acordo com uma declaração do secretário de política econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme de Mello, à Bradesco Asset Management nesta sexta (10).
De acordo com ele, a discussão sobre os novos parâmetros inflacionários para o país deveria ocorrer apenas na reunião de junho do CMN. No começo desta semana, o ministro Fernando Haddad mencionou que a revisão da meta deve ser antecipada para o próximo encontro do colegiado, marcado para quinta (16), com a ministra Simone Tebet, do Planejamento, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
O secretário afirma que, além da declaração de Haddad, ele também tem visto um movimento do próprio Banco Central de antecipar essa discussão. A autoridade monetária tem sido alvo de intensas críticas de integrantes do governo Lula por conta principalmente da manutenção da taxa básica de juros a 13,75%, decidida na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
Mello fdiz que a inflação é discutida por todos
os governos do mundo, por conta dos reflexos ainda presentes da pandemia da
Covid-19 e da guerra da Rússia contra a Ucrânia.
“No caso brasileiro, nós fomos os primeiros a aumentar a taxa de juros, somos o que mais aumentou a taxa de juros, e hoje temos a maior taxa de juros real do mundo. […] E, mesmo assim, nós não conseguimos cumprir a meta em 2021, 2022 e, tudo indica, que 2023 vai ser um ano que novamente a inflação vai superar a meta”, disse na entrevista.
De acordo com o secretário, essa dificuldade em se cumprir a meta de inflação levanta o debate sobre a adequação da meta, qual o melhor instrumento de análise, o prazo de convergência para as metas estabelecidas, entre outras questões.
Na última quarta (8), a deputada federal e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que a atual meta de 3,25% ao ano, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos, é “impossível de ser cumprida”, em entrevista à CNN Brasil.
Além da meta de inflação, o secretário também falou sobre a discussão e votação do novo arcabouço fiscal, que devem ocorrer até abril antes da apresentação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, salário mínimo, resultado primário, entre outros.