Após críticas intensas desde o começo da semana por parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, saiu na defesa das decisões da instituição durante um evento em Miami, nos Estados Unidos, nesta terça (8).
Campos Neto disse que a principal razão para a
autonomia do BCB é “desconectar o ciclo da política monetária do ciclo
político, porque eles têm diferentes lentes e diferentes interesses”. “Quanto
mais independente você é, mais efetivo você é e menos o país vai pagar em
termos de custo-benefício da política monetária”, completou.
A afirmação veio horas depois de uma fala do presidente Lula durante encontro com representantes de veículos independentes, em que disse que Campos Neto “deve explicações ao Congresso Nacional, a quem o indicou. É verdade que temos duas pessoas no Conselho Monetário Nacional e tem mais gente para a gente indicar no Banco Central”.
O presidente disse ainda que só esteve uma vez
com Campos Neto e espera que os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do
Planejamento, Simone Tebet, estejam “acompanhando a situação do Brasil”.
“Eu não conheço ele bem, eu só tive uma única vez com ele, eu sempre parto do pressuposto de que as pessoas são de boa fé, de boa vontade. Quer acertar, consertar a economia brasileira, que a economia precisa voltar a crescer, que os juros precisam ser acessíveis pela parte dos investidores brasileiros. Eu espero que o Haddad esteja acompanhando, a Simone esteja acompanhando e que ele próprio esteja acompanhando a situação do Brasil”, afirmou.
Momentos depois, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, amenizou a situação na tentativa de uma aproximação com Campos Neto ao elogiar o conteúdo da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) que explica a decisão de manter a taxa básica de juros (Selic) a 13,75% ao ano. Segundo ele, a equipe econômica do Banco Central coloca “pontos importantes sobre o trabalho do Ministério da Fazenda”, em uma explicação “amigável” e “analítica”.