Orçada em R$ 16,5 milhões, a reforma do prédio da antiga rodoviária de Campo Grande, construído nos anos 70, é esperada há décadas por quem depende do comércio da região e também por campo-grandenses que viram o quadrilátero entre as ruas Barão do Rio Branco e Dom Aquino se degradar ao longo das décadas. Com processo de licitação finalizado na semana passada, a prefeitura estima que a obra seja iniciada em agosto e o Jornal Midiamax traz detalhes do projeto.
Antes de lançar o edital de licitação que atraiu três empresas interessadas, tendo como vencedora a NXS Engenharia Eireli, a prefeitura contratou escritório de arquitetura para elaborar o projeto que será executado a partir de agosto.
Assinado pela empresa Restaura Arquitetura, o manual estabeleceu tudo que precisa ser feito para a reforma do espaço. De demolição, análise de solo, materiais usados na cobertura e piso até painel de jardim vertical, o memorial descritivo traz detalhes do que o município espera que seja a ‘nova cara’ do prédio após a reforma.
Da área de 30 mil metros quadrados, 5,1 mil pertencem ao município e serão inteiramente reformados. Apesar do restante da área interna não ser objeto do contrato, já que pertence a proprietários particulares, toda a área externa da estrutura será reconstruída e reformada. Caberá aos donos de salas as reformas secundárias que darão cara nova em todo o interior do prédio.
Jardim vertical vai combater ‘ilha de calor’
No projeto de arquitetura, alguns detalhes chamam atenção. Jardim vertical com plantas vivas será construído e aplicado em paredes e estruturas metálicas. A ideia é que o revestimento com plantas deixe o ambiente mais fresco e silencioso.
Segundo a empresa de arquitetura, o jardim ajuda na economia de energia porque combate as ‘ilhas de calor’, situação comum em centros de grandes cidades, e tem baixa manutenção, já que a rega pode ser automatizada.
A escolha das plantas que irão compor os painéis será feita conforme a “fitossanitariedade e aspecto visual”. Também haverá treinamento de equipe antes da entrega da obra para que o paisagismo seja mantido.
Telhado de 50 anos removido
A empresa responsável pela revitalização também precisará remover todo o remanescente dos telhados originais da obra, de 50 anos atrás. As telhas antigas, consideradas relíquias, darão lugar a cobertura composta por telhas metálicas trapezoidais termoacústicas, conhecidas como sanduíche.
Além da remoção das telhas antigas, a revitalização contará com demolição de várias áreas do prédio, internas e externas. Segundo o projeto, o processo de demolição deverá ser feito de modo que não cause danos a outras áreas do prédio da rodoviária.
Piso igual da 14 de Julho
Outro detalhe definido no projeto arquitetônico é o piso. Serão instalados blocos intertravados, semelhantes àqueles usados na revitalização da 14 de Julho.
Entre as justificativas para a escolha desse piso está o fato de os blocos pré-moldados de concreto poderem ser retirados e recolocados, o que permite consertos subterrâneos, como vazamentos de canalização e de eventuais recalques do subleito, sem remendos.
A capacidade de drenagem da pavimentação intertravada também evita despesas com operações tapa-buracos, recapeamento e selagens de trincas.
O que será construído em 5 mil m² da rodoviária
De acordo com a prefeitura e o estabelecido na licitação, a obra vai reformar 5,1 m² da área pública do prédio e construir mais de 1 mil m² de área nova em dois andares.
Na Rua Joaquim Nabuco, entre as antigas plataformas de embarque e desembarque dos ônibus do transporte municipal, haverá novo espaço para a Guarda Civil Metropolitana e a Funsat.
A outra área pública que margeia a Rua Vasconcelos Fernandes, antigo terminal de ônibus do transporte coletivo, será transformada em área de estacionamento no horário comercial. O piso será nivelado para se tornar um espaço multiuso para eventos.
Rodoviária custou 1 milhão de cruzeiros nos anos 70
Inaugurada em três etapas nos anos 70, a rodoviária foi batizada de Terminal Rodoviário Heitor Eduardo Laburu. As plataformas de embarque e desembarque interurbanas foram as primeiras a saírem do papel em 1973, dois anos depois foi a vez das plataformas urbanas e em 1976 o restante do terminal e o condomínio de salas foi inaugurado.
Heitor Laburu foi um economista que venceu o processo licitatório lançado pela prefeitura em 1968. Ele e seu irmão, Luiz Alberto Laburu desembolsaram, na época, 1 milhão de cruzeiros para construir o terminal.
Nos anos 80, o prédio foi o principal centro comercial de Campo Grande e é considerado o primeiro shopping da cidade.
O prédio funcionou como rodoviária até 2010, quando Campo Grande ganhou um novo terminal, na Avenida Gury Marques. Confira abaixo a maquete da primeira rodoviária de Campo Grande.