O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a defender a criação de um imposto global sobre os “super-ricos” para driblar a “dificuldade de taxar” o segmento isoladamente no Brasil.
Segundo o ministro, a experiência brasileira mostra que “quando se tenta cercar por um lado, o contribuinte foge por outro”.
As declarações foram dadas durante entrevista concedida à EBC, nesta quinta-feira (12), no programa “Bom dia, Ministro”.
“Tem vários magnatas brasileiros que fizeram planejamento tributário para não pagar. O Brasil tem um dos menores tributos sobre herança do mundo e tem vários magnatas brasileiros que, antes de morrer, fizeram um planejamento tributário para não pagar nada”, afirmou Haddad.
“A pessoa faz fortuna em um país, deve todo o seu patrimônio ao país em que ele residiu o tempo todo e não tem o desejo de deixar para a comunidade os 4% que o Brasil cobra”, completou.
O ministro ressaltou que o governo levará a proposta de tributação global ao G20 com o objetivo de garantir que os “super-ricos” sejam taxados independentemente do país em que resolvam manter o dinheiro.
“Se a pessoa tem bilhões de dólares, ela tem que ser tributada. Não importa para que país ela pague o tributo. Ela escolhe um país para morar e pagar o tributo. Se ela mudar, não vai escapar do tributo. Vai pagar para outro país”, disse Haddad.
Haddad também defendeu reoneração da folha e taxação de big techs
Na mesma entrevista, Haddad disse que “ninguém gosta de ajuste fiscal na própria casa” e defendeu a reoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia a partir de 2025.
O projeto foi aprovado na noite de quarta (11) em uma sessão que varou a madrugada e foi retomada pela manhã para completar a análise das emendas.
Na quarta-feira (11), Haddad afirmou que o governo Lula vai propor a taxação das big techs ainda este ano.
O ministro disse que a medida faz parte de um movimento internacional de regulação de empresas como Google, Facebook, X e outras.
Para Haddad, “já passou do tempo” de se impor uma regulação sobre as gigantes da tecnologia. De acordo com o ministro, a cobrança às empresas é “algo já devido”, por isso, não se configura como uma “taxação”.