O Tetra de cauda vermelha veio do rio Correntes e será objeto de estudo de especialistas
Espécie nova para a ciência, descoberta pouco mais de dois anos em uma fluente do Rio Correntes, entre os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o Tetra de cauda vermelha, de nome científico astyanax sp, foi reproduzido de forma inédita no mundo no Bioparque Pantanal.
O maior complexo de água doce do mundo fica localizado na Capital do Mato Grosso do Sul, Campo Grande. No local vivem 220 espécies de animais pantaneiros e de outras regiões do Planeta.
Segundo o biólogo e curador do Bioparque, Heriberto Gimênes Junior essa espécie de lambari tem um potencial ornamental muito grande e foi a primeira a ser reproduzida dentro do complexo, no tanque Veredas, o primeiro tanque a ser habitado por peixes desde a inauguração do espaço, em março deste ano.
Conforme explica Heriberto um dos fatores que levou a reprodução foi o estresse provocado pelo transporte até o local. “Quando as matrizes estão prontas para reprodução, principalmente esse gênero de lambari, algum estresse pode provocar a reprodução, então provavelmente essa transferência provocou esse estresse neles e quando chegaram aqui desovaram”, explicou o curador que ainda citou outros fatores que também podem ter contribuído para o nascimento de filhotes, como a mudança de temperatura e parâmetros da água.
Por ser uma espécie nova, pouco se sabe sobre ela que será objeto de estudo por especialistas. De acordo com o curador do complexo aproximadamente 150 filhotes nasceram nessa remessa. “Macho e fêmea liberaram os gametas e os ovos aderem em folhas ou paredes do tanque, dependendo da temperatura, demoram de um a dois dias para eclodir”.
Entre as principais características da espécie estão o tamanho, que pode variar entre 5 a 13 centímetros e a cor do corpo que pode variar do prateado ao verde oliváceo. Já as nadadeiras podem ser da cor laranja ou vermelha.
Importância da espécie para a ciência
Apesar de já existir há milhares de anos, sua descoberta tem um valor grande para a ciência. Para Heriberto a reprodução do Tetra de cauda vermelha em um aquário contribui para sua preservação.
“Ela veio de um lugar restrito, um rio que sofre muito impacto com relação a cana, a soja e o gado. A tendência é que esse rio sofra muito com o desmatamento e provavelmente quando o rio é prejudicado, as espécies que ali estão, também são prejudicadas, pois perdem a proteção e a mata ciliar”, explicou.
Um problema também enfrentado pela degradação do ambiente é a falta de alimento e qualidade da água que prejudicam os diferentes animais do ambiente.
O biólogo destacou que a principal função de um aquário é a preservação, sendo assim a reprodução acontecer dentro dele é um ganho importante para a ciência. “Será possível entender como eles reproduzem, quantos filhotes nascem, qual o ciclo, quanto tempo demora para eclodir o ovo, quanto tempo demora para o filhote chegar na fase adulta. Isso pode vir a se tornar uma política de conservação para preservação da espécie”, concluiu.
Outras reproduções
Filhotes de outras sete espécies nasceram no Bioparque Pantanal e ajudam a fortalecer o povoamento do espaço que recebe visitas diárias. É o caso do Ciclídio africano, no tanque que representa o continente africano; Raibowfih, tanque Lagoa australiana; Joaninha, tanque Terras alagadas; Lambari, tanque Baía (parte externa); Ciclídio anão, tanque Planície de inundação seca; Severo, tanque América – Amazônia submersa e Acará bandido, no tanque América (Amazônia submersa).
Rosana Lemes, Subcom
Fotos: Bruno Rezende