As câmeras com lente periscópio começaram a aparecer em celulares há cerca de cinco anos. A Samsung, especificamente, trabalha com esse tipo de tecnologia desde o Galaxy S20 Ultra, mas diminuiu a capacidade de aproximação óptica no S24 Ultra.
Com meia década de poucos avanços no recurso, fica a questão se há, de fato, necessidade em insistir neste tipo de câmera. A seguir, vou apontar alguns pontos positivos e negativos do recurso e tirar a minha conclusão. Mas você pode tirar a sua própria, também.
Como funciona a lente periscópio
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A lente periscópio usa um sistema óptico semelhante ao do periscópio de submarinos. No caso dos celulares, um espelho redireciona a luz para um sensor que fica posicionado em 90°. Isso abre um pouco de espaço para algumas lentes a mais que ampliam a imagem e aproximam o objeto sem ocupar tanto espaço.
A parte irônica é que o sistema em si também ocupa um espaço considerável. O sensor de imagem fica com o tamanho limitado para não aumentar ainda mais a espessura do smartphone. E, quanto menor o sensor, menos luz ele é capaz de captar. Ou seja, menos qualidade, especialmente em ambientes menos iluminados.
Vantagens e desvantagens
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Já falei brevemente sobre algumas das vantagens e desvantagens da lente periscópio em um celular. Mas vou aprofundar um pouco mais nos pontos já citados e trazer alguns outros.
Pontos positivos
- Aproximação com mais qualidade: em tese, a lente periscópio consegue chegar mais perto do objeto da imagem com qualidade próxima à do sensor principal. Isso é muito útil para registros em shows, ou para buscar detalhes em cenários fisicamente difíceis de alcançar.
- Maior estabilidade: a lente periscópio também permite a aproximação com mais estabilidade do que uma câmera com zoom digital. Isso é útil, principalmente, para a gravação de vídeos.
- Não aumenta a espessura do celular: o sistema óptico periscópio consegue aproveitar melhor o espaço sem aumentar a espessura do aparelho.
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Pontos negativos
- Ocupa mais espaço: apesar de aproveitar melhor o espaço para evitar o aumento na espessura, o sistema ocupa uma superfície maior. Com isso, reduz a quantidade de componentes que a empresa poderia colocar para oferecer mais recursos — ou as mesmas funcionalidades com mais qualidade.
- Sensor de imagem limitado: apesar de aproximar mais do objeto, a lente periscópio exige que o sensor de imagem fique na vertical. Isso limita o seu tamanho e, consequentemente, a capacidade de detectar luz. Ironicamente, isso anula um pouco o efeito de alguns dos pontos positivos do sistema.
- Custo: com mais lentes e até um espelho, o sistema todo tem um custo proporcionalmente elevado, comparado a outras câmeras. Isso aumenta o preço dos celulares que têm lente periscópio.
A lente periscópio é necessária no celular?
Do meu ponto de vista, não há mais necessidade em insistir no recurso. Há outras técnicas para fazer o zoom sem perda de qualidade e sem exigir tanto espaço dentro do celular.
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Os próprios Galaxy S Ultra já aproveitam o sensor principal de 200 MP para fazer recorte e trazer zoom digital. E, em muitos casos, com qualidade até superior ao que o próprio aparelho consegue com a lente periscópio. Esse tipo de tecnologia ainda está no começo de seu desenvolvimento, o que mostra grande potencial.
Enquanto isso, a lente periscópio está aí há cinco anos, sem grandes avanços. Ocupando espaço que poderia ser aproveitado para outros componentes, talvez até um aumento de bateria. Um bom sistema que aproveite sensores de imagem maiores com câmera teleobjetivas com zoom óptico de 3x já parece estar de bom tamanho.
Quantas vezes a gente precisa de um zoom maior do que três vezes, afinal de contas? Acima de cinco vezes, então, é ainda mais raro. E, com a qualidade oferecida por essas câmeras com lente periscópio, especialmente com pouca luz, o zoom digital costuma dar conta do recado.