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Tudo o que sabemos sobre o surto do vírus Nipah na Índia

Tudo o que sabemos sobre o surto do vírus Nipah na Índia
Tudo o que sabemos sobre o surto do vírus Nipah
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Nesta semana, a Índia anunciou o fechamento de escolas e escritórios, além da suspensão de alguns serviços de transporte públicos, em uma região que enfrenta surto do vírus mortal Nipah no estado de Kerala. Até o momento, foram confirmados cinco casos, sendo duas mortes em decorrência da encefalite viral — um tipo de inflamação no cérebro.

Para impedir que o surto de Nipah se alastre para além do distrito de Kozhikode, já foram declaradas zonas de contenção em pelo menos oito vilarejos e aldeias da região. Nestes locais, as autoridades recomendam que reuniões sejam suspensas por pelo menos 10 dias, máscaras sejam usadas em casos de risco de transmissão e a ida a hospitais só ocorra em circunstâncias de emergência.

Em paralelo, o estado indiano vizinho de Kerala, Tamil Nadu, anunciou que os viajantes devem passar por exames médicos a fim de verificar uma possível infecção pelo vírus Nipah. Em caso de suspeita ou de sintomas gripais, estes indivíduos serão colocados em quarentena.

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As atuais medidas para conter o surto do vírus Nipah parecem bastante enérgicas, mas a explicação está no fato da doença na possibilidade de transmissão da doença pelo contato próximo com alguém contaminado.

Qual o tamanho do surto de Nipah na Índia?

No atual surto, a primeira vítima fatal foi um agricultor que plantava bananas e nozes na aldeia de Maruthonkara, em Kozhikode. Morando na mesma casa, a filha e o cunhado dele também foram infectados pelo vírus Nipah — os dois estão vivos e recebem cuidados intensivos em um hospital.

Além desses casos, o quarto paciente foi infectado no hospital em que estava internado a primeira vítima, sem nenhuma relação de parentesco, e esta veio a falecer. No momento, ainda há uma criança hospitalizada com a doença que provoca encefalite.

Como identificar casos suspeitos da infecção?

O problema da identificação de possíveis casos da doença mortal, é que alguns indivíduos podem ser assintomáticos, enquanto outros podem incubar o vírus por cerca de 14 dias. Quando os sintomas aparecem, eles tendem a ser caracterizados inicialmente como inespecíficos, já que são “comuns” — febre, dor de cabeça, vômito e dificuldade respiratória. As complicações neurológicas só aparecem depois.

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Neste contexto, a melhor aposta é investir no rastreamento de contatos próximos, como têm feito as autoridades indianas. “Estamos nos concentrando em rastrear precocemente os contatos de pessoas infectadas e isolar qualquer pessoa com sintomas”, afirmou a ministra da Saúde do estado, Veena George, segundo a agência de notícias Reuters.

Hoje, mais de 700 testes já foram feitos na região do surto de Nipah. Entre os testados, estão cerca de 150 profissionais de saúde. Até o momento, a maioria dos resultados ainda não foi divulgada.

Segundo o ministro-chefe do estado de Kerala, Pinarayi Vijayan, mais pessoas serão testadas. Além disso, serão fornecidas instalações para o isolamento dos casos suspeitos.

De onde vem o vírus que provoca o surto mortal?

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Os dados preliminares sobre o surto indicam que a cepa detectada em Kerala é a mesma encontrada este ano em Bangladesh, classificada por sua alta taxa de mortalidade. No entanto, ainda não se sabe como o primeiro paciente foi infectado. É possível que a transmissão tenha ocorrido pelo contato com morcegos infectados, animais de criação (porcos) ou mesmo por alimentos contaminados (frutas).

O que causa o surto de Nipah na Índia?

Desde a primeira infecção pelo vírus identificada em 2018, este é o quarto surto da doença — com a taxa de letalidade estimada entre 40% a 75%. Em comum, todos ocorreram no mesmo estado da Índia, o que pode estar associado com o desmatamento das florestas da região, a rápida urbanização e o maior contato entre a população e animais selvagens, como os morcegos, que são um dos principais vetores da doença.

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Para o cientista do Instituto Nacional de Virologia da Índia, Pragya Yadav, a expansão do assentamento humano em Kerala provoca a perda do habitat natural de animais selvagens e implica na migração desses animais para mais perto das pessoas, “o que eventualmente ajuda o vírus a saltar de morcegos a humanos”.

Cabe destacar que um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) já identificou, em algumas regiões do Brasil, que o desmatamento excessivo pode aumentar os riscos de transmissão de zoonoses. Em tese, isso torna o país “uma potencial incubadora da próxima pandemia”.

Qual o tratamento contra o vírus Nipah?

Entre as dificuldades de controle do atual surto de Nipah, está o fato de não existirem tratamentos específicos contra a infecção, como remédios e nem vacinas preventivas. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), existem apenas anticorpos monoclonais, mas que ainda são considerados em desenvolvimento.

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Nestas circunstâncias, para impedir o agravamento dos casos, é necessário oferecer suporte médico intensivo para os doentes e, quando possível, medicamentos devem ser fornecidos para tratar dores ou complicações pontuais, como as respiratórias e neurológicas.

Fonte: OMS e Reuters (1) e (2)

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