Procurador escolheu produtor rural como primeiro suplente, e disputará em coligação de Rose Modesto
O procurador Sérgio Harfouche pediu aposentadoria do MPMS (Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul) para poder disputar o Senado Federal neste ano. Nas duas últimas eleições, ele enfrentou questionamentos na Justiça Eleitoral mesmo licenciado do cargo.
Harfouche disse ao Campo Grande News que pediu para deixar o órgão no fim de 2021. “Sacrifiquei minha carreira, não queria. Tinha mais 15 anos pela frente, mas não vou deixar o eleitor ser enganado”, explicou, lembrando do impasse de 2020, quando concorreu à prefeitura de Campo Grande e teve os votos anulados.
Ele disputará o cargo pelo Avante, legenda pela qual também concorreu à prefeitura. O primeiro suplente já foi escolhido, trata-se do produtor rural Alberto Schlatter, filiado ao Podemos.
Há uma semana, Schlatter participou de um almoço com o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), e a ex-ministra e pré-candidata ao Senado pelo PP, Tereza Cristina, para produtores rurais, em Brasília (DF). O produtor presenteou o presidente com um exemplar da Bíblia Sagrada.
Harfouche, portanto, é o pré-candidato da chapa de Rose Modesto, que concorrerá ao governo do Estado pelo União Brasil. “A Rose e a [senadora] Soraya [Thronicke] me convidou e vamos coligar”, destacou.
Apoiador de Bolsonaro, o agora ex-procurador disse que disputará apostando na reeleição do chefe do Executivo federal, mas não espera o mesmo dele. “Vou apoiar o Bolsonaro. Nunca pedi o apoio dele e não vou pedir. Fiz parte da equipe de transição e ele tem o direito de se reeleger como os outros”, comentou.
Pelo União, o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, pretendia disputar a cadeira senatorial. Em abril, a coluna Jogo Aberto revelou que a presidente estadual do União, senadora Soraya Thronicke preferia que Mandetta voltasse a concorrer a deputado federal. “Nas pesquisas internas que temos feito, ele está muito bem para deputado federal e a minha vontade é que ele venha mesmo para deputado federal”, disse.
Entenda – Quando disputou a primeira eleição, em 2018, Harfouche enfrentou um pedido de impugnação da candidatura, mas o TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral) decidiu mantê-la até o fim do pleito. Ele obteve 292,3 mil votos, sendo o mais votado na Capital.
Dois anos depois, ele concorreu à prefeitura de Campo Grande e teve novamente a candidatura questionada. Desta vez, a Justiça Eleitoral decidiu pelo indeferimento. O procurador recorreu até o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que não julgou o caso após a eleição para prefeito terminar no primeiro turno.
A Constituição Federal veda que membros do Ministério Público participem de eleições. A Emenda 45 é de 2004, mas Harfouche ingressou no MP em 1992. “A Emenda 45 não retroage. Mas são águas passadas”, concluiu.