Nesta quinta-feira (22), ocorreu a primeira audiência de Sam Bankman-Fried em solo norte-americano. Um juiz federal decidiu que o empresário poderá ser liberado sob o pagamento de uma fiança no valor de US$ 250 milhões (US$ 1,29 bilhão), mas será obrigado a entregar o seu passaporte e ficar com seus pais antes do julgamento federal sobre o escândalo da FTX.
O juiz Gabriel W. Gorenstein ordenou que agentes federais colocassem uma tornozeleira eletrônica de monitoramento antes mesmo de deixar o Tribunal Federal em Manhattan. Durante a audiência da fiança, o procurador-assistente, Nicholas Roos, descreveu o que seria “a maior fiança pré-julgamento” de todas. O próximo encontro está marcado para 3 de janeiro, quando o ex-CEO da FTX deve entrar com um pedido.
O primeiro pedido de fiança foi negado por um juiz das Bahamas, onde Bankman-Fried morava e a FTX era registrada, que assinou a extradição para os EUA. Antes da sessão desta quinta ser iniciada, Damien Williams, procurador do Distrito Sul de Nova York, revelou que dois associados do empresário, Caroline Ellison e Gary Wang, se declararam culpados das acusações de fraude sobre a FTX e concordaram em cooperar com os procuradores.
Segundo os promotores, o empresário de 30 anos é responsabilizado por “orquestrar uma fraude de anos” para esconder dos investidores os fundos da corretora de criptomoedas, que ele desviou para a Alameda Research, outra empresa controlada por ele.
Em um processo civil paralelo da Comissão de Valores Mobiliários (SEC) dos Estados Unidos e da Comissão de Negociação de Contratos Futuros de Commodities, documentos revelaram que Ellison manipulou o preço do FTT, token interno usado pela FTX, inflando a avaliação da Alameda Research, enganando os clientes.
Os documentos também evidenciam que Wang criou um software para ajudar a desviar os fundos dos investidores da FTX para a Alameda, que Ellison se apropriou indevidamente para aplicar em atividades comerciais da Alameda. Os registros alegam que ambos os executivos estavam cientes de que as declarações públicas de Bankman-Fried sobre o caso eram “falsas e enganosas”.
Juiz concedeu fiança devido à cooperação de SBF
Durante a audiência, o procurador-assistente Roos disse que o julgamento contra o empresário contará com “múltiplas testemunhas cooperantes”, dezenas de funcionários da FTX e dezenas de milhares de páginas de documentos da empresa. No entanto, Bankman-Fried apresentava baixo risco de fuga, visto que consentiu voluntariamente com a extradição das Bahamas e devido aos laços familiares nos Estados Unidos.
Para o juiz responsável pela decisão, a falta de histórico violento, mas principalmente a perda de credibilidade e fama de Sam, pesaram a favor das condições da fiança. Segundo Gorenstein, é improvável que alguém queira fazer novos acordos comerciais com ele — que também está proibido de iniciar novos negócios ou abrir novas contas financeiras.
“Não acho que haja qualquer preocupação com segurança ou crimes adicionais”, disse Gorenstein. “O réu alcançou notoriedade significativa.”
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