Regras de multipropriedade da Uefa ameaçam Manchester City e Manchester United em torneios europeus

O Manchester United iniciou o ano com grandes esperanças, motivadas pela chegada de seu novo benfeitor, o multibilionário britânico Jim Ratcliffe, dono da Ineos e considerado a quinta pessoa mais rica do Reino Unido, com uma fortuna estimada em US$ 15,7 bilhões (cerca de R$ 80 bilhões, pela cotação atual).

Mas as novas regras de multipropriedade anunciadas pela União das Associações Europeias de Futebol (Uefa) podem tornar um pouco mais tortuosa a jornada do clube, que busca reencontrar seus dias de glória.

O regulamento entrará em vigor em maio, passando a valer, de fato, a partir da temporada 2024/2025. Clubes que pertençam a um mesmo dono ou integrem o mesmo grupo econômico serão impedidos de disputar, juntos, a mesma competição continental.

Além do Manchester United, Ratcliffe também é proprietário do Nice, da França, que ocupa a quinta colocação na Ligue 1. Com essa posição na tabela, Les Aiglons garantiriam uma vaga na Europa League.

O problema é que o Manchester United também disputa uma vaga na competição, que é a segunda principal do continente. O clube inglês está em sexto na tabela da Premier League.

O regulamento da Uefa prevê que, quando dois times do mesmo dono se classificarem para um torneio, o mais bem colocado ficará com a vaga. Já o que está em uma posição pior na tabela precisará ceder seu lugar para a próxima equipe de sua competição doméstica.

Nesse caso, por exemplo, o Nice é que iria para a Europa League, enquanto ao Manchester United restaria a opção de disputar a Conference League.

Girona ameaça City

Mas as novas regras da Uefa poderão causar uma dor de cabeça ainda maior ao Manchester City, arquirrival dos Red Devils.

Considerado uma das grandes surpresas da temporada 2023/2024 da LaLiga, o Girona ocupa atualmente a terceira colocação na tabela. Esta é exatamente a mesma posição do Manchester City na Premier League.

Em tese, as duas equipes estariam garantidas na Champions League 2024/2025. Porém, ambas possuem vínculos poderosos.

Formalmente, o City Football Group (CFG) possui 47% do capital do Girona.

Na prática, porém, a relação é muito mais intensa.

Girona, Manchester City e os demais clubes que recebem investimentos do CFG agem como se fossem partes de uma mesma organização econômica.

Um exemplo disso é que, no início deste ano, a comissão técnica e o elenco do Bahia, cuja Sociedade Anônima do Futebol (SAF) foi adquirida pelo CFG em maio do ano passado, fizeram um tour pela Europa, visitando as sedes de Girona e Manchester City. Houve grande repercussão nas redes sociais da equipe nordestina e do técnico Rogério Ceni.

Hoje, o Manchester City está a apenas um ponto da liderança da Premier League, ao passo que o Girona tem dois a menos que o Barcelona, segundo colocado na LaLiga.

Atual campeão da Champions League, o City está classificado para as quartas de final do torneio deste ano. Um dado curioso é que, se conquistar o bicampeonato continental, mas terminar em terceiro na Premier League, e, ao mesmo tempo, o Girona ficar em segundo na LaLiga, a equipe inglesa estará fora da mais badalada competição de clubes do planeta.

A vaga dos Citizens iria para o quinto colocado na classificação geral, que hoje é o Tottenham. Isso porque as regras da Uefa se atêm ao desempenho do time na liga doméstica e não dão precedência para o campeão.

Em contrapartida, se o desempenho do Girona for inferior ao do City, quem levaria a melhor no momento seria o Atlético de Madrid, que hoje está na quinta posição e normalmente iria apenas para a Europa League.

Integridade esportiva

Com essas novas regras, o objetivo declarado da Uefa é garantir a integridade esportiva de suas competições.

Situações como a do Manchester City e do Girona, que certamente alcançarão pontos suficientes para se classificarem para a Champions League, serão analisadas pelo Órgão de Controle Financeiro dos Clubes (CFCB, na sigla em inglês).

Com as novas regras sobre multipropriedade, a Uefa tenta tornar mais clara essa questão, que se arrasta desde a década de 1990, quando AEK Atenas, Slavia Praga e Vicenza, clubes que tinham investimentos da empresa britânica Enic, chegaram às quartas de final da antiga Recopa Europeia.

Desde então, a solução encontrada pelos investidores tem sido reduzir sua participação acionária para menos de 30% do capital de um dos clubes (em geral, o menor).

Em um caso célebre mais recente, Red Bull Leipzig, da Alemanha, e Red Bull Salzburg, da Áustria, tiveram que anunciar “mudanças radicais” em suas estruturas administrativas, com o intuito de comprovar que seriam entidades separadas, de modo a poderem disputar, ao mesmo tempo, a Champions League 2017/2018.

À época, a Uefa entendeu que as mudanças feitas pelos dois clubes da Red Bull teriam sido “substanciais e significativas” e que “nenhuma pessoa física ou jurídica tinha mais influência decisiva” em ambas as equipes.

Fonte: Máquina do Esporte

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