Sementes de chia confirmam padrão da natureza sugerido por Alan Turing
O matemático Alan Turing é conhecido como o pai da computação e da inteligência artificial, pois criou um ‘computador’ e um modelo teórico de aspectos lógicos — a máquina foi utilizada para compreender mensagens criptografadas enviadas por inimigos durante a Segunda Guerra Mundial. Agora, um experimento realizado com sementes de chia germinadas mostram que a ideia sobre padrões sugerida por Turing também estava correta.
Em meados de 1952, o matemático publicou o estudo “A Base Química da Morfogênese”, em que apresentou os chamados Padrões de Turing. Segundo o cientista, os padrões da natureza podem surgir de forma natural a partir de um estado homogêneo, como é o caso da vegetação do deserto, das listras de uma zebra ou das manchas de um leopardo.
De acordo com o físico Flavio Fenton, associado do Instituto de Tecnologia da Geórgia, nos Estados Unidos, os modelos ainda não haviam comprovado que o Padrão de Turing estava correto, principalmente, em relação aos padrões em vegetações da natureza. Felizmente, em uma investigação apresentada durante uma reunião da organização American Physical Society, um estudante do laboratório de Fenton conseguiu confirmar o funcionamento do padrão de Turing em vegetações plantadas com sementes de chia.
As sementes de chia germinadas apresentaram os padrões da natureza sugeridos pelo pai da computação Alan Turing.Fonte: Brendan D’aquino/Abouzar Kaboudian
“Em estudos anteriores, as pessoas meio que ajustavam modelos retroativamente para observar padrões Turing que encontravam no mundo. Mas aqui nós conseguimos realmente mostrar que alterar os parâmetros relevantes no modelo gera os resultados experimentais que esperaríamos”, disse o estudante de graduação em ciência da computação na Northeastern University, Brendan D’Aquino, ao descrever a experiência.
Sementes de chia e Alan Turing
Para realizar o experimento, D’Aquino e Fenton distribuíram as sementes em pequenos recipientes e utilizaram técnicas de plantio diferentes para cada uma delas — foram utilizados quatro tipos de substratos, como a fibra de coco. Após uma semana, ambos perceberam que os padrões das sementes de Chia são semelhantes aos padrões em ambientes naturais, como em campos de vegetação ou no ‘design’ dos animais.
A equipe explica que a quantidade de água da irrigação e o clima do ambiente pode afetar diretamente na criação destes padrões. Por isso, os pesquisadores afirmam que pretendem compreender mais sobre o assunto para publicar um futuro estudo envolvendo os padrões de Turing.
“Os padrões de Turing são vistos na vegetação de todo o mundo. É fantástico vê-los sendo recriados em laboratório. Os cientistas estão apenas encontrando produtos químicos e sinais específicos em sistemas biológicos que explicam esses padrões visuais e, variando a quantidade de produtos químicos em ambientes de laboratório e na matemática correspondente, somos capazes de mostrar que há alguma verdade na teoria de Turing. O trabalho de Fenton sobre padrões de sementes de chia é um ótimo exemplo para mostrar que Alan Turing realmente tinha um gênio notável para explicar o mundo natural”, disse a ecologista, matemática e estudante de pós-doutorado na Universidade Estadual do Mississippi, Natasha Ellison.
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