Por falta de vaga, juiz manda transferir três policiais presos na fronteira

João Batista Olmedo Júnior, Adriana Jarcem da Silva e Valdenei Peromalle serão levados para a Capital

A 2ª DP de Ponta Porã, onde crimes eram cometidos por policiais, segundo o MP (Foto: Ponta Porã Informa)

Três dos oito policiais civis presos segunda-feira (25) no âmbito da Operação Codicia (ganância, em espanhol), serão transferidos de Ponta Porã para presídio em Campo Grande. A decisão é do juiz Olivar Augusto Roberti Coneglian, da 2ª Vara Criminal de Campo Grande, onde tramita a ação penal.

João Batista Olmedo Júnior, Adriana Jarcem da Silva e Valdenei Peromalle ficarão presos na Capital por falta de vaga no presídio de Ponta Porã, cidade a 313 km de Campo Grande, na fronteira com o Paraguai. Peromalle é apontado pelo Ministério Público como o operador do esquema, com a função de receber e distribuir as propinas para liberar veículos apreendidos nas delegacias de Ponta Porã.

A decisão, publicada hoje (28) no Diário da Justiça, não cita os demais investigados. Além dos três, estão presos Marcio André Molina Azevedo, Marcos Alberto Alcântara, Mauro Ranzi, Rogério Insfran Ocampos (perito criminal) e Ricardo Alexandre Olmedo.

Marcos Alberto está preso temporariamente, com validade por 30 dias. Já os demais investigados foram presos preventivamente e neste caso não há prazo definido para a o fim da custódia.

O escrivão de polícia Jonatas Pontes Gusmão, o “Jhow”, que também teve a prisão preventiva decretada pela Justiça no âmbito da operação, não foi encontrado em Ponta Porã na segunda-feira. De férias, ele estava no interior de Goiás, onde foi preso, segundo apurou o Campo Grande News. Ele deve ser transferido para Mato Grosso do Sul em breve.

Afastados – Nesta quarta-feira, o corregedor-geral da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul determinou o afastamento de mais três policiais investigados – os investigadores Márcio André Molina Azevedo e Mauro Ranzi e o perito criminal Rogério Insfran Ocampos.

O corregedor Márcio Rogério Faria Custódio também dispensou o investigador de polícia classe especial Marcio André Molina Azevedo do cargo de chefe de Seção símbolo DAPC-7 na Delegacia-Geral da Polícia Civil. A função é de confiança na Secretaria de Justiça e Segurança Pública. As portarias foram publicadas no Diário Oficial do Estado.

Ontem, a Corregedoria-Geral já tinha determinado o afastamento do delegado Patrick Linares da Costa, que chefiava a 2ª Delegacia de Polícia de Ponta Porã. Ele também é investigado na operação. O MP também pediu a prisão preventiva dele, mas o pedido foi negado pelo juiz da Capital, que determinou apenas o afastamento e proibição de frequentar repartições públicas.

O magistrado também negou a prisão preventiva da escrivã aposentada Doelza Lopes Ferreira e a prisão temporária de Elisandro Ostergerg e Ronaldo Medina. Os três, no entanto, foram alvos dos mandados de busca e apreensão cumpridos na segunda-feira e continuam na lista de investigados.

A operação – Deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) com apoio do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assalto e Sequestro), a Operação Codicia investiga crimes de concussão (usar o cargo público para obter vantagem indevida), peculato (se apropriar ou desviar bem público) e tráfico de drogas.

A investigação começou em 2021 após policiais civis da 2ª DP cobrarem propina para devolver às vítimas uma carreta tomada em assalto e recuperada na fronteira. O casal dono do veículo pagou R$ 5 mil para reaver o bem.

Durante dez meses de investigação, o Gaeco identificou que a associação criminosa formada por policiais civis (aposentados e da ativa) se utilizava das delegacias de Polícia Civil de Ponta Porã para obter vantagens patrimoniais indevidas, especialmente relacionadas à gestão de veículos apreendidos e sob a responsabilidade das unidades policiais.

A operação investiga também o envolvimento dos policiais com o tráfico de drogas. Entorpecentes apreendidos estariam sendo desviados do depósito da polícia e vendido a traficantes da fronteira.

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