Há décadas a Aids é considerada um problema de saúde pública de difícil resolução. Segundo dados oficiais, 85,6 milhões de pessoas foram infectadas pela doença e 40,4 milhões morreram desde 1981. Um relatório divulgado pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) aponta caminhos para acabar com a epidemia até 2030.
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Chamado O Caminho que põe fim à Aids, o estudo aponta que o objetivo é alcançar a marca de zero novas infecções por HIV, zero discriminação e zero mortes relacionadas à Aids. Segundo a entidade ligada à ONU, esses esforços também fariam que a humanidade estivesse bem preparado para enfrentar futuras pandemias.
Exemplos africanos
- Países como Botsuana, Essuatíni, Ruanda, Tanzânia e Zimbábue, todos na África, já alcançaram as chamadas metas 95-95-95.
- Nesses países, 95% das pessoas que vivem com HIV conhecem seu status sorológico; 95% das pessoas que sabem que vivem com HIV estão em tratamento antirretroviral que salva vidas; e 95% das pessoas em tratamento estão com a carga viral suprimida.
- Outras 16 nações, sendo oito delas localizadas na África subsaariana, região que representa 65% de todas as pessoas vivendo com HIV no mundo, também estão perto de alcançar essas metas.
Brasil
- No Brasil, as metas estão na casa de 88-83-95.
- Mas o país ainda enfrenta obstáculos, causados especialmente pelas desigualdades, que impedem que pessoas e grupos em situação de vulnerabilidade tenham pleno acesso aos recursos de prevenção e tratamento do HIV que salvam vidas.
- Na visão da Oficial de Igualdades e Direitos do Unaids Brasil, Ariadne Ribeiro Ferreira, movimentos políticos que apresentam legislações criminalizadoras e punitivas que afetam diretamente a comunidade LGBTQIA+, especialmente pessoas trans, podem aumentar o estigma sobre a doença.
- “Este movimento soma-se às desigualdades, aumentando o estigma e discriminação de determinadas populações e pode contribuir para impedir o Brasil de alcançar as metas de acabar com a Aids até 2030”, afirma.
Investimentos e resultados
- O relatório destaca que as respostas ao HIV têm sucesso quando baseadas em uma forte liderança política com ações como respeitar a ciência, dados e evidências; enfrentar as desigualdades que impedem o progresso na resposta ao HIV e outras pandemias; fortalecer as comunidades e as organizações da sociedade civil em seu papel vital na resposta; e garantir financiamento suficiente e sustentável.
- Os dados apontam que progresso rumo ao fim da Aids tem sido mais forte nos países e regiões com maior investimento financeiro.
- Na África Oriental e Austral, por exemplo, as novas infecções por HIV foram reduzidas em 57% desde 2010 e o número de pessoas em tratamento antirretroviral triplicou, passando de 7,7 milhões em 2010 para 29,8 milhões em 2022.
- O investimento no combate à Aids em crianças também proporcionou que 82% das mulheres grávidas e lactantes vivendo com o HIV em todo o mundo tivessem acesso ao tratamento antirretroviral em 2022, em comparação com 46% em 2010, o que levou a uma redução de 58% nas novas infecções por HIV em crianças de 2010 a 2022, o número mais baixo desde a década de 1980.
- Mas o financiamento para o HIV diminuiu em 2022, tanto de fontes internacionais quanto domésticas, retornando ao mesmo nível de 2013.
- Os recursos totalizaram US$ 20,8 bilhões em 2022, muito aquém dos US$ 29,3 bilhões necessários até 2025, afirma o documento.
Com informações de Agência Brasil.
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Fonte: Olhar Digital