Passados 12 anos do desastre nuclear em Fukushima, no Japão, as águas residuais da usina poderão ser despejadas no Oceano Pacífico, após autorização de agência da Nações Unidos (ONU). A decisão foi tomada após uma extensa revisão científica que levou dois anos para ser concluída.
Embora a água seja considerada inicialmente radioativa, as autoridades japonesas conseguiram tratar toda a radioatividade, exceto o trítio — um isótopo radioativo do hidrogênio. Para evitar qualquer problema inesperado, as águas serão mais uma vez diluídas antes do despejo final, como estipula a Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA), da ONU.
Aqui, também vale ressaltar que não há risco significativo de contaminação ambiental envolvendo césio-137 e estrôncio-90, mas todos os trabalhadores serão regularmente testados para estes outros isótopos radioativos.
Oficialmente, o governo do Japão ainda não anunciou o cronograma que prevê o despejo das águas residuais da usina nuclear de Fukushima Daiichi no oceano. Mesmo assim, os planos não são consenso entre alguns grupos ambientalistas e a comunidade internacional, incluindo os vizinhos China e Coreia do Sul.
Japão vai despejar água “radioativa” de Fukushima
Após revisar os dados envolvendo a operação, a agência da ONU classifica como segura estratégia de jogar a água radioativa, desde que tratada, no mar. “A AIEA concluiu que a abordagem e as atividades para o descarte de água tratada pelo ALPS [Sistema Avançado de Processamento de Líquidos] adotadas pelo Japão são consistentes com os padrões internacionais de segurança”, afirma Rafael Mariano Grossi, diretor-geral da AIEA, no relatório.
“Além disso, a AIEA observa que as descargas controladas e graduais da água tratada no mar, conforme planejado e avaliado pela TEPCO, teriam um impacto radiológico insignificante nas pessoas e no meio ambiente”, acrescenta o especialista sobre os potenciais desdobramentos da operação.
Entenda o problema após o acidente nuclear de Fukushima
Há mais de 10 anos do acidente na usina nuclear, iniciado com um terremoto de magnitude 9,0 na escala Richter e seguido por tsunami e um incêndio, alguma medida era necessária em relação a essa água radioativa. Isso porque, hoje, o espaço de armazenamento japonês está próximo do limite.
Após o episódio, foram construídos cerca de mil tanques para armazenar a água usada para resfriar os reatores da usina nuclear. Somando o volume dos tanques, são mais de 1,3 milhão de toneladas de águas residuais já tratadas.
Como a IAEA aponta, “quase toda a radioatividade [já foi removida], exceto o trítio”. Por isso, o volume total de água ainda precisará ser diluído antes que as águas residuais sejam despejadas no oceano. Com isso, o líquido despejado estará dentro dos padrões de segurança em relação ao trítio, conforme indicam os estudos. Aqui, vale ressaltar que não há risco da liberação do césio-137 no ambiente.
Fonte: IAEA