Os medicamentos anticoagulantes têm como finalidade tornar o sangue mais “fino” e evitar a formação de coágulos. Embora sejam eficazes no tratamento de doenças como ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral, podem gerar hemorragias em casos de traumas ou mesmo durante cirurgias.
Um novo material, criado por pesquisadores do Brigham and Women’s Hospital, pode ser a solução para esse problema. A gaze, quando aplicado no local do sangramento, leva, em média, cinco minutos para estancar o sangue em pessoas que fazem uso de anticoagulantes e medicamentos similares.
Rapidez no controle do sangramento
- A pinça hemostática desenvolvida pelos cientistas interrompeu o sangramento em uma média de cinco minutos em pessoas que tomam anticoagulante.
- Métodos tradicionais podem levar mais de duas horas para alcançar o mesmo resultado.
- A eficácia foi demonstrada em 70 pacientes submetidos a procedimentos de cateterismo cardiovascular e que estavam sob o uso de heparina, um anticoagulante.
- Observou-se uma diferença no tempo de ação conforme a dosagem de heparina: cinco minutos em doses baixas e menos de nove minutos em doses elevadas.
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Material inspirado nos pulmões
Os cientistas utilizaram conhecimentos em engenharia, ciência dos materiais e biologia molecular para criar a pinça hemostática, inspirando-se no formato dos pulmões humanos, que possuem pequenas esferas chamadas alvéolos. Esses alvéolos proporcionam uma grande superfície que facilita a interação rápida com o sangue.
A pinça foi projetada de maneira semelhante à estrutura dos alvéolos, utilizando um material chamado quitosana, obtido de mariscos. Essa substância já é usada em alguns produtos para interromper sangramentos. Durante os experimentos, descobriu-se que ela ativa diretamente a coagulação sanguínea, mesmo em pessoas que tomam anticoagulantes.
Isso permitiu que o novo material não apenas absorvesse o sangue rapidamente, mas também auxiliasse na formação de coágulos, tornando-o eficaz mesmo em pacientes sob tratamento anticoagulante.
Facilidade de aplicação
O material hemostático é fácil de aplicar e remover. Isso ocorre porque a quitosana elimina a necessidade de aplicar pressão forte e prolongada, o que costuma demandar muitas horas e cuidados intensivos.
Ao contrário das gazes tradicionais, cuja remoção pode causar dor intensa e resultar em recorrência de sangramento, a pinça é retirada sem deixar resíduos ou reabrir feridas. Além disso, recebeu avaliações positivas de conforto por parte dos pacientes.
Vivian K. Lee, autora do estudo, explicou ao Medical Xpress que o material pode salvar vidas:
Esta pinça hemostática pode economizar um tempo valioso em emergências […] Se uma pinça hemostática puder contornar os mecanismos anticoagulantes de um medicamento, ela poderá ser usada em uma ampla gama de pacientes, economizando tempo e potencialmente salvando vidas”, esclareceu ela.
Vivian K. Lee
Investigação sobre cicatrização
Os próximos passos da pesquisa incluem compreender o processo de cicatrização de feridas após o uso da pinça hemostática de quitosana. Além disso, os cientistas pretendem explorar novos curativos que possam administrar medicamentos ou aprimorar a limpeza de feridas.
O estudo foi publicado na revista PNAS, onde também é possível conferir vídeos da aplicação.
Fonte: Olhar Digital