Morfina não melhora casos crônicos de falta de ar, aponta estudo

Para alívio da falta de ar crônica, alguns pacientes são tratados com morfina, um tipo de opioide com efeitos analgésicos e sedativos potentes. No entanto, um estudo feito por pesquisadores suecos e australianos revela que este tipo de remédio não melhora o quadro respiratório do paciente.

Publicado na revista científica JAMA, o estudo sobre os impactos da morfina em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) foi liderado por membros da Universidade de Lund, na Suécia, e da Universidade de Tecnologia de Sydney, na Austrália.

“Muitas pessoas convivem com a falta de ar. É angustiante que não exista um tratamento melhor, mas com base nos resultados que vimos, não devemos recomendar a administração de morfina a pessoas com falta de ar crônica”, pontua Magnus Ekström, pesquisador sueco e um dos autores do estudo, em comunicado.

O que sente a pessoa com falta de ar crônica?

Vale explicar que pessoas com DPOC sofrem, de forma constante e contínua, com a falta de ar, o que pode impedir a prática de atividade física e até mesmo de alguns movimentos mais intensos. Isso porque a condição danifica os pulmões e as vias áreas, dificultando a recuperação.

Este tipo de quadro é mais comum em pessoas com doenças graves, como indivíduos com câncer de pulmão em estágio avançado, ou em quem está no final da vida.

Como foi feito o estudo sobre morfina e a falta de ar?

No estudo randomizado e duplo-cego de Fase 3, os cientistas recrutaram 156 pacientes com DPOC diagnosticada, com idades entre 67 e 78 anos, e os dividiram em três grupos:

  • Primeiro grupo: recebeu 8 miligramas por dia de morfina, por via oral, durante três semanas — com doses adicionais ou não do opioide;
  • Segundo grupo: foi medicado com 16 miligramas diários de morfina, por via oral, durante três semanas — com doses adicionais ou não do opioide;
  • Grupo controle: não recebeu a morfina, apenas um placebo em formato de comprimido durante o estudo.

A ideia do experimento era entender o quão eficaz a morfina seria para pacientes com falta de ar crônica. No entanto, não foi possível identificar diferenças entre os pacientes, quando se observava o comportamento do sistema respiratório. Inclusive, nenhum dos voluntários se sentiu mais ativo fisicamente.

Morfina pode ser prescrita para pacientes graves?

Apesar da descoberta relacionada com o problema da falta de ar, existem outras indicações para a morfina que não foram analisadas. “O estudo não deve ser interpretado como se a morfina não proporcionasse nenhum alívio para pacientes com falta de ar grave em repouso, ou em cuidados paliativos no final da vida. Não investigamos isso”, destaca Ekström.

Inclusive, “a experiência clínica mostra que no final da vida e em crises [de falta de ar], o tratamento com morfina pode ajudar” a recuperação dos pacientes, completa Ekström.

Fonte: JAMA e Universidade de Lund  

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