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LK-99 | O que sabemos sobre o suposto supercondutor até agora?

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A comunidade científica parou para se envolver na polêmica do LK-99, um novo material supostamente supercondutor que poderia revolucionar o mundo. Em menos de três semanas, mais de 20 artigos foram publicados sobre o tema e testes independentes fracassaram em replicar. Eis o que sabemos até agora sobre o material.

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No dia 22 de julho, pesquisadores da Coreia do Sul publicaram dois artigos científicos descrevendo o novo supercondutor, um material capaz de conduzir energia elétrica sem nenhuma perda. Todos os materiais usados em componentes elétricos perdem um pouco da energia ao dissipar calor.

Embora existam alguns supercondutores descobertos ao longo das últimas décadas, todos exigem temperaturas muito baixas. Até mesmo os chamados supercondutores de alta temperatura precisam estar em ambientes abaixo do ponto de congelamento ou sob alta pressão.


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Por isso, a revindicação da equipe sul-coreana foi alvo de grande especulação, em um misto de entusiasmo e ceticismo. Muitos outros cientistas já fizeram alegações semelhantes e falharam em provar que seus materiais realmente funcionaram. Será que o LK-99 seria apenas mais uma adição ao histórico de falsas expectativas?

Material supercondutor apresenta propriedades de levitação sobre campos magnéticos em temperaturas muito baixas (Imagem: Reprodução/Wikimedia Commons)

Ainda é cedo para encerrar o assunto, seja qual for a conclusão, e cada vez mais os cientistas estão céticos por várias razões. Na verdade, o assunto se tornou um verdadeiro caos, dividindo opiniões de especialistas de todo o mundo junto de algumas controvérsias.

Um dos primeiros problemas que surgiu foi de natureza ética: logo após a divulgação dos dois artigos sobre o LK-99, os pesquisadores envolvidos no estudo revelaram que eles foram publicados sem consentimento. “O professor [Young-Wan] Kwon publicou arbitrariamente [os artigos] sem a permissão de outros autores”, disse Sukbae Lee, um dos cientistas que deu nome ao suposto supercondutor.

Outro membro da equipe, o Dr. Hyun-Tak Kim, teria dito que os dois artigos têm muitas falhas, e reforçou a afirmação de que foram publicados sem permissão. Esse foi apenas o primeiro problema que o KL-99 iria enfrentar.

Nos artigos descrevendo o material, os autores afirmam que o efeito supercondutor poderia ser observado em temperaturas acima de 100 ºC e pressão ambiente, e forneceram a “receita” para quem quisesse replicar o experimento. Eles também compartilharam um vídeo de um efeito exigido para qualquer material supercondutor: o diamagnetismo, ou seja, levitação sobre campos magnéticos.

 

De fato, o diamagnetismo foi visto em vários vídeos que replicaram o teste, embora outro artigo afirme que o material é, na verdade, ferromagnetismo. O problema é que muitos outros materiais são diamagnéticos e nem por isso são supercondutores. É apenas uma propriedade prevista para um supercondutor, mas não exclusiva.

Nadya Mason, física de matéria condensada da Universidade de Illinois Urbana-Champaign, comentou ter apreciado “que os autores pegaram os dados apropriados e foram claros sobre suas técnicas de fabricação”. Por outro lado, “os dados parecem um pouco desleixados”, como os gráficos principais de tensão versus corrente sem mostrar a queda indicadora diretamente para zero.

O teórico Michael Norman, do Argonne National Laboratory, foi mais rígido, dizendo que os autores sul-coreanos “parecem verdadeiros amadores”. Para ele, os pesquisadores “não sabem muito sobre supercondutividade e a forma como apresentaram alguns dos dados é duvidosa”.

Pablo D. Esquinazi, chefe da Divisão de Magnetismo Quântico e Supercondutividade da Universidade de Leipzig, disse que “É realmente frustrante! Com tal título [referindo-se aos dois artigos sul coreanos] pensei que deveria ser algo sério, mas não parece”. Ainda assim, outros grupos que reproduziram o trabalho forneceram um apoio modesto, afirmando que, apesar de terem encontrado problemas, há algum potencial no material.

Abaixo, você confere o primeiro vídeo de experimentos posteriores que fabricaram o material e observaram um certo magnetismo. Ainda assim, não prova que a peça esteja “levitando” graças às propriedades supercondutoras.

De qualquer forma, o consenso geral é de que ainda vai ser preciso aguardar mais algum tempo para se afirmar com certeza se o LK-99 é promissor ou apenas mais uma decepção, até porque os dois artigos da equipe sul-coreana ainda aguardam revisão de pares.

Leia a matéria no Canaltech.

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