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Jurassic Park | O filme ainda é bom depois de 30 anos?

Jurassic Park  | O filme ainda é bom depois de 30 anos?
Jurassic Park | O filme ainda é bom depois de
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Um dos maiores clássicos do cinema completou 30 anos no último mês de junho. Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros chegou em 1993 e revolucionou não só traumatizando uma geração com um tiranossauro assassino e velociraptors stalkers, mas foi o responsável por consolidar o imagem dos dinossauros no imaginário popular ao mesmo tempo em que o diretor Steven Spielberg entregou uma experiência única ao público de todo o mundo. Afinal, era como se as criaturas realmente tivessem voltado à vida.

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Jurassic Park foi um longa que quebrou as barreiras dos efeitos visuais na hora de recriar as feras jurássicas. Além de inovar na questão do CGI — que era uma das grandes novidades da época — o uso de animatrônicos para criar efeitos práticos e a própria técnica sempre inventiva de Spielberg ajudaram a tornar toda aquela história o mais crível possível. Mais do que isso, entregou a visualização mais próxima possível do que entendíamos sobre os dinossauros na época.

30 anos depois, os velociraptors stalkers de Jurassic Park ainda são uma das coisas mais assustadoras do cinema (Imagem: Reprodução/Universal Pictures)

Tudo isso ajudou a consolidar o filme como um dos mais emblemáticos de toda a década de 1990 e da própria história do cinema, sendo um clássico inquestionável. Além disso, foi um sucesso comercial tão grande que não demorou a virar franquia, quee já chega a seis longas e mais algumas histórias derivadas e muitos produtos licenciados. Quem não se lembra do álbum com figurinhas do chocolate, não é mesmo? De repente, a franquia se tornou muito maior do que apenas uma adaptação dos livros de Michael Crichton.


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Só que, 30 anos depois, a tecnologia evoluiu na mesma medida que o nosso conhecimento de dinossauros. Mais que isso, a própria experiência cinematográfica mudou, assim como nossa percepção sobre efeitos visuais e suas histórias. Assim, levando isso em conta, Jurassic Park ainda pode ser considerado um filme bom?

A importância de Jurassic Park

Steven Spielberg explorou tudo o que o CGI tinha a oferecer na época, mesmo com a tecnologia ainda sendo bastante incipiente no início dos anos 1990. Era um período de experimentações e, embora tudo fosse considerado inovador, um olhar menos entusiasta veria como as coisas ainda pareciam artificiais. Por isso mesmo, o diretor decidiu não depender apenas das animações computadorizadas, mas utilizá-las para complementar seu estilo mais artesanal de fazer cinema.

Ao ver os atores interagindo com os dinossauros, você realmente acredita que as criaturas estavam lá. E estavam (Imagem: Reprodução/Universal Pictures)

O cineasta dispensa apresentações, mas é importante lembrar que ele construiu seu nome em Hollywood justamente pelo cuidado na hora de construir suas grandes histórias — e o uso de efeitos práticos foi fundamental nisso. Em Tubarão, por exemplo, ele conseguiu fazer com que um robô com defeito se transformasse em um dos monstros mais icônicos da cultura pop apenas com seu domínio da técnica e da narrativa. E é esse expertise que ele aplicou em Jurassic Park.

Todo mundo fala sobre como os dinossauros do filme são realistas. E esse é mesmo um fato inquestionável, basta ver o quanto a primeira aparição das criaturas jurássicas é impactante até hoje. E isso tudo graças ao modo como Spielberg mescla animatrônicos e o CGI de forma revolucionária para tornar cada take o mais verossímil possível.

 

Boa parte dos dinossauros que a gente vê em cena estavam realmente presentes durante as gravação. Não as criaturas revividas por engenharia genética, é claro, mas bonecos animatrônicos criados pela equipe de produção. Assim como no caso de Tubarão, são robôs, próteses ou mesmo pedaços de bonecos que são usados tanto para os atores tivessem com o que interagir como para fazer com que a sua presença em cena fosse crível.

A pré-produção de O Parque dos Dinossauros estudou e consultou especialistas para recriar os animais pré-históricos (ou o que se sabia deles até então) em seus mínimos detalhes, da textura da pele à movimentação. É um cuidado cujo resultado fica nítido na tela quando a gente realmente acredita que os dinossauros estão ali.

O mais exemplo disso é na clássica cena em que Alan Grant (Sam Neil) e Ellie Sattler (Laura Dern) interagem com o triceratops doente, logo no começo do filme. Além de o bicho estar muito bem detalhado, ele tem volume e peso à medida que os personagens interagem com ele.

O uso do CGI é perceptível em alguns momentos do filme (Imagem: Reprodução/Universal Pictures)

Ao mesmo tempo, o CGI foi aplicado para complementar toda essa construção. Spielberg contratou a Industrial Light and Magic, empresa especializada em efeitos visuais criada por George Lucas e responsável pelos efeitos de Star Wars, da saga Indiana Jones e da trilogia De Volta para o Futuro. Seja para ajustar a própria movimentação dos animatrônicos ou mesmo para dar retoques na iluminação ou criar a tempestade caótico no qual o clímax da ação se passada. É uma aplicação muito mais pontual e que ajudou a fazer com que Jurassic Park envelhecesse muito bem ao longo dos anos.

É claro que o uso da tecnologia não se limitou a isso e há momentos do filme original que foram feitos via computação gráfica — e isso é perceptível no filme. Há dinossauros que foram recriados digitalmente, sobretudo em takes mais abertos e à distância. Isso porque, já naquela época, Spielberg sabia que o resultado não era comparado a ter o bicho ao alcance das mãos. Não por acaso, são esses os momentos mais datados do longa.

É fácil entender por que o T-Rex se tornou uma das criaturas mais marcantes do cinema (Imagem: Reprodução/Universal Pictures)

Ainda assim, são momentos pontuais ao longo das pouco mais de duas horas de filme. Tanto que aquilo que ficou na memória do público e da própria história do cinema é a presença imponente do T-Rex, do impacto de suas pisadas e do terror de seu berro. Assim como o tubarão de 1975, o dinossauro se tornou um ícone eterno da cultura pop. Aliás, toda a cena do dinossauro cego perseguindo os heróis ou mesmo devorando o banheiro marcaram toda uma geração e, ao mesmo tempo que criou uma infinidade de aficionados no mundo jurássico, traumatizou outros tantos.

Toque de Spielberg

Toda a parte técnica é essencial para entender por que Jurassic Park se transformou neste fenômeno cultural, mas não é a única. Nada disso teria o mesmo impacto se não tivéssemos uma história realmente boa, com excelentes personagens e tudo isso conduzido de forma magistral por um dos maiores nomes da história do cinema.

O diretor é conhecido por criar filmes intensos e com histórias cativantes — e o já citado Indiana Jones é só um exemplo disso. Toda a ideia da dinossauros recriados geneticamente em laboratório e soltos em um parque é algo que veio do livro de Michael Crichton, mas que encontrou no cineasta o tom ideal para conquistar o público. As personalidades cativantes dos protagonistas — Jeff Goldblum está incrível como Dr. Ian Malcolm — e o próprio carisma do elenco mirim funciona muito bem em contraste à tensão constante que ronda a ameaça dos dinossauros. Em paralelo a tudo isso, uma trama de espionagem industrial para tornar tudo ainda mais interessante.

Spielberg sabe contar uma história como ninguém e faz até o nascimento de um dinossauro ser algo fofo (Imagem: Divulgação/Universal Pictures)

Spielberg cria tramas que passam pelo gêneros ação, terror, drama e aventura, criando produções para toda a família. Não é por acaso que Jurassic Park conquistou vários públicos, entre adultos, crianças, jovens, idosos, homens e mulheres. Não se trata apenas de criatividade, mas de um domínio único de técnica e narrativa para fazer tudo isso funcionar. É quase como um maestro comandando uma orquestra.

O filme também teve importância para além do cinema. O sucesso do filme reacendeu o interesse das pessoas por dinossauros, pelas descobertas de paleontólogos e pela própria ciência em si. E, ainda que as recentes descobertas sobre o assunto tenham mostrado que muito do que Jurassic Park apresentou não esteja mais tão correto quanto se acreditava, não há como negar que O Parque dos Dinossauros atraiu a atenção do mundo para o tema e pelas pesquisas sobre o assunto. De uma forma ou de outra, ajudou na divulgação científica.

Franquia de sucesso

Em Hollywood, não existe sucesso sem obras derivadas. E, com Jurassic Park, não foi diferente. O longa arrecadou impressionantes US$ 978 milhões em uma época em que os monetantes de bilheteria não chegavam tão facilmente à marca do bilhão. Só para ter uma ideia, esse valor é mais do que o dobro obtido pelo segundo maior sucesso de 1993, Uma Babá Quase Perfeita. A clássica comédia com Robin Williams faturou “apenas” US$ 441 milhões).

Por isso mesmo, a ideia do Parque dos Dinossauros se estendeu para duas sequências diretas. O Mundo Perdido veio em 1997 ainda com direção de Spielberg. Quatro anos depois, foi a vez de Jurassic Park 3 ganhar as telas, mas já sob o comando de Joe Johnston (Capitão América: O Primeiro Vingador). E, por mais que as continuações não tivessem o mesmo brilho do original, sufaram bem no sucesso e na dino-mania criada lá atrás.

O fato de Jurassic World ter que trazer o elenco original e referenciar uma cena clássica mostra o quanto o primeiro Jurassic Park ainda é perfeito (Imagem: Divulgação/Universal Pictures)

Outro grande medidor do sucesso do filme de 1993 e da sua relevância cultural é a nostalgia. Por isso mesmo, a trilogia Jurassic World é o atestado final de que O Parque dos Dinossauros segue sendo um filme incrível mesmo três décadas depois. O fato dessa continuação ser uma espécie de soft-remake escancara a importância do início de tudo e como a gente sempre acaba voltando e reverenciando a primeira visita à Ilha Nublar.

De quebra, há outros produtos derivados e um universo do produtos licenciados. Para além dos brinquedos, parques e haburguerias que só reforçam o quanto Jurassic Park se tornou uma coisa atemporal, a Universal Pictures lançou uma animação voltada para o público mais jovem, o que serve de uma ótimo porta de entrada para os pequenos ao mundo dino sem precisar passar pelo terror de fugir de um velociraptor que abre portas. Além disso, há uma infinidade de jogos lançados para os mais diferentes consoles que mantém o legado da franquia vivo.

Jurassic Park continua bom?

Depois de entender a importância do filme para o cinema, a pergunta que não quer calar é se Jurassic Park ainda é bom. São diversos os pontos que podem ser analisados para chegar a uma resposta, e a questão pessoal a deixa mais relativa ainda. Porém, quando se fala na franquia de Steven Spielberg, não há como responder de forma diferente.

Quem negar a qualidade de Jurassic Park só pode estar maluco (Imagem: Reprodução/Universal Pictures)

Jurassic Park venceu o Oscar de melhores efeitos especiais, som e edição de som, entre outras premiações nestas mesmas categorias, e até em melhor filme nas subcategorias geral, familiar, estrangeiro, ação e aventura. Os dados, portanto, não negam.

Ao contrário de muitos filmes antigos, que na época de seus lançamentos foram exaltados e hoje têm todas suas falhas apontadas, pode-se dizer que Jurassic Park continua sendo um filme bom. Mesmo que pudesse ser feito de forma diferente nos tempos atuais, o longa ainda tem potência suficiente para conquistar novos públicos e fazer mais pessoas se apaixonarem pelos dinossauros.

Steven Spielberg inovou no uso da tecnologia disponível, na popularização da paleontologia e inspirou a entrada de muitas pessoas em diversas profissões relacionadas não somente ao cinema, como à ciência. Independente de gostos pessoais, Jurassic Park fez uma boa contribuição para a história.

Leia a matéria no Canaltech.

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