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Immortals of Aveum confunde ambição com qualidade – Análise

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Immortals of Aveum confunde ambição com qualidade Análise
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Em um mercado dominado por franquias que já têm seu renome há tempos, é sempre interessante quando uma nova propriedade intelectual tenta se estabelecer entre os gigantes. Esse é o objetivo de Immortals of Aveum, um novo jogo de tiro em primeira pessoa centrado em magias e que é o primeiro lançamento da desenvolvedora independente Ascendant Studios, através do selo EA Originals — o mesmo que trouxe títulos como It Takes Two e, mais recentemente, Wild Hearts.

Previsto apenas para a nova geração de consoles e PC, Immortals of Aveum pode ser descrito como um “indie de luxo” e tenta fazer jus aos gigantes da indústria, tanto no que diz respeito ao seu escopo como também ao preço, já que é vendido a partir de R$ 320 nas lojas digitais. Mas será que toda essa ambição é justificável ou o game dá um passo maior do que a perna? Veja detalhes nas linhas a seguir, no review completo do Voxel.

Um pouco de contexto

A história do jogo se passa em Aveum, um mundo de fantasia cujos reinos vivem uma guerra há milênios pelo controle da magia. Os conflitos se resumem a duas superpotências: Lucium, que é a sede da Ordem dos Imortais e seus magos de elite; e Rasharn, que é o reino do tirano Sandrakk e que está muito próximo de atestar sua dominância e vencer a guerra.

Os jogadores assumem o controle de Jak, um jovem da periferia que, junto da sua melhor amiga Luna, vive de pequenos furtos para sustentar sua família. Certo dia, o exército de Sandrakk invade seu lar e deixa um imenso rastro de destruição, mudando para sempre a vida de Jak. Esse evento traumático acaba por manifestar seus poderes mágicos pela primeira vez, revelando que Jak é aquilo que chamam de triarca: um tipo de mago extremamente raro e capaz de manipular os três elementos mágicos.

Esse tipo de manifestação é bastante perigosa, pois deixa o usuário completamente descontrolado. No entanto, Jak é acolhido por Kirkan, que é a líder da Ordem dos Imortais e que enxerga potencial no jovem. Embora ele nunca tivesse interesse na guerra, Jak se vê obrigado a aceitar a proposta de Kirkan e passa por cinco anos de treinamento, virando posteriormente um Imortal e desempenhando um papel decisivo para impedir as investidas de Sandrakk.

A princípio, o enredo demora um pouquinho para clicar, mas ele fica mais interessante a partir da metade do jogo. Também pesa o fato de que há muitas expressões específicas do universo criado pela Ascendant Studios que dificultam bastante seu entendimento. Por sorte, há uma série de notas contextuais que o jogador pode ler para se inteirar com o apertar de um botão, através de um Diário, mas não são todos que estarão dispostos a quebrar o ritmo da jogatina para isso.

A trama também tem uma boa duração e é possível terminar a campanha principal com cerca de 14 horas de gameplay. O único porém é que a história aposta em um humor sarcástico do início ao fim, e isso acaba por tirar o foco de momentos que, em tese, seriam mais sérios. Em especial, o protagonista é um personagem que dificilmente sabemos a intenção do que está dizendo, já que ele sempre banca o despojado e não passa credibilidade. Muitos eventos também acontecem por pura conveniência do roteiro, fazendo com que as relações entre os personagens sejam muito forçadas e nem um pouco convincentes.

Gameplay

Agora, falando um pouquinho sobre o gameplay. Logo na primeira hora, o jogador é introduzido aos três tipos de magias: azul, verde e vermelha. Desse jeito mesmo, sem muita cerimônia. É possível intercalar entre elas livremente em combate e há inimigos que tomam mais dano de uma cor específica. Além dos disparos básicos, há um escudo, uma esquiva e alguns poucos feitiços desbloqueáveis, que são mais extravagantes e servem para causar mais dano. É natural se perder um pouco nos comandos de início, mas não demora muito até se acostumar.

O jogador também conta com alguns itens de apoio, que servem para deixar o combate mais dinâmico. Entre eles está um chicote, que serve para puxar inimigos distantes ou até mesmo navegar pelo cenário em pontos específicos. Há outros desbloqueáveis que são essenciais para quebra-cabeças, como um raio laser para acionar dispositivos e um artefato que permite reduzir a velocidade de objetos, especialmente útil para atravessar obstáculos. Por fim, também existe uma esquiva, mas que incomoda porque o personagem perde momentum e o deixa exposto.

Embora seja interessante ter acesso a tudo isso logo nas primeiras horas de gameplay, o Immortals of Aveum não vai muito além caso o jogador não tenha curtido nenhuma das técnicas. É basicamente o mesmo arsenal o tempo inteiro, então há grandes chances do sistema de combate cair na mesmice. Na minha experiência, os combates foram aceitáveis de um modo geral, mas há algumas decisões de design bastante questionáveis e que deixam bem claro que este é o primeiro jogo da desenvolvedora.

Para começar, o jogo não distribui nada bem os seus recursos de vida e regeneração de mana. Quando o jogador menos precisa deles, os cenários têm em abundância. Já quando precisa, pode ser difícil encontrá-los. É possível carregar até três de cada, mas a distribuição é tão desbalanceada que há cinco ou até mais itens de regeneração em um mesmo ambiente. O resultado é que isso banaliza bastante os combates, pois o jogador raramente corre perigo de verdade.

Outro problema é que o jogo peca bastante na repetição de inimigos e quebra-cabeças. Algumas criaturas são introduzidas ao longo da jogatina na tentativa de dar um ar fresco, mas logo elas entram no ciclo e passam a ser utilizadas à exaustão, até o fim do jogo. É ainda pior quando surgem inimigos maiores, que tendem a ser mais “esponjosos” e deixam os confrontos mais demorados.

O jogo também traz alguns elementos de RPG com seu sistema de equipamentos e árvore de habilidades. No caso dos equipamentos, eles podem ser fabricados ou encontrados pelos cenários, que são muito bem construídos no geral. As peças trazem alguns atributos secundários que podem beneficiar o personagem, então vale equipar os que forem condizentes com seu estilo de jogo.

As missões de história são bastante lineares e há constantemente um marcador na tela que indica o caminho a ser seguido, algo que subestima a inteligência do jogador. Apesar disso, é possível revisitar os cenários através de portais e descobrir segredos com os feitiços. A exploração é bastante recompensadora, então esse definitivamente é um ponto positivo para quem quiser mergulhar fundo no jogo.

Por sua vez, a árvore de habilidades não traz novas técnicas, mas sim melhorias para as já existentes. Entre elas estão bônus para o escudo do jogador, aumento de dano, redução de tempo de recarga, entre outras. Caso o jogador invista um pouco de atenção, o personagem pode ficar tão resistente a ponto de não precisar se importar muito com os combates. Da metade para o fim do jogo, eu nem precisava mais desviar dos ataques, pois bastava erguer um escudo, utilizar os feitiços mais fortes e regenerar a mana com o estoque quase infinito que o game oferece.

Visuais e desempenho

Graficamente falando, Immortals of Aveum traz visuais aceitáveis com o poder da Unreal Engine 5.1, mas definitivamente não é nada divisor de águas como tem sido propagandeado. Algo que chama a atenção, no entanto, são as expressões faciais dos personagens. Os nossos testes rodaram na versão de PlayStation 5 e foi possível notar vários momentos em que texturas e malhas apresentavam baixa resolução, causando um certo estranhamento. Também foi possível experienciar soft locks, pois portas que deveriam ser abertas simplesmente não funcionavam e travavam o progresso.

Também existem bugs visuais e de iluminação, além de graves quedas na taxa de quadros por segundo em momentos de muita ação na tela. Também houve situações em que o game travava por completo, obrigando a reinicialização. Isso mostra como Immortals of Aveum peca em otimização, e o cenário é bem preocupante ao observar os requisitos mínimos para rodar no PC, que são extremamente elevados. Segundo a desenvolvedora, um patch será lançado no dia do lançamento para melhorar o desempenho e aplicar outras correções.

Vale a pena?

A impressão que fica é que Immortals of Aveum é um jogo que utiliza suas tecnologias de última geração como uma muleta para viralizar e justificar seu preço praticado. Há muitos problemas de otimização e más decisões de game design que são inerentes a qualquer estúdio principiante, mas que pesam na balança quando o jogo busca ser “ambicioso” e bater de frente com outros triplo-A do mercado.

Na prática, Immortals of Aveum não traz grandes novidades e não deve tardar até aparecer em algum serviço de assinatura, como EA Play ou Xbox Game Pass. Por isso, vale esperar ou pegar em alguma promoção. Houve um esforço claro para construir um universo rico, mas o tom sarcástico do roteiro torna difícil a tarefa de levá-lo a sério e pode incomodar jogadores que estiverem minimamente interessados.

Já o gameplay pode ser divertido a partir do momento que o jogador domina suas técnicas, mas não introduz grandes novidades passadas as primeiras horas. Se somado ao excesso de combates com os mesmos tipos de inimigos, isso pode tornar a experiência bastante repetitiva.

Esse tipo de lançamento é uma clara mudança de foco do EA Originals, lembrando que o selo da Eletronic Arts pode ser mais. O mercado está com a péssima tendência de vender ambição como um sinônimo de qualidade, e alguns fundamentos básicos acabam ficando para trás. É possível enxergar o potencial da Ascendant Studios, mas a produtora está, sim, dando um passo maior do que a perna neste primeiro lançamento.

Pontos positivos:

  • Cenários muito bem construídos;
  • Sistema de combate é divertido após ser dominado;
  • Expressões faciais dos personagens;
  • Boa duração com margem para rejogabilidade.

Pontos negativos:

  • Decisões questionáveis de game design;
  • Inimigos muito repetitivos;
  • Problemas graves de otimização, bugs e travadas;
  • Roteiro cheio de conveniências e muito difícil de se levar a sério;
  • Tom irônico dos personagens é um humor forçado e que enche a paciência.

Nota do Voxel: 55

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