Como todos sabem, a Marvel Comics é lar de super-heróis, e, embora a editora também publique histórias de outras propriedades do grupo Disney, os protetores da Terra sempre foram o carro-chefe. E, no início dos anos 1990, quando a Casa das Ideias passava por uma fase que exalava muito mais testosterona, era quase impensável achar que uma revista sobre uma boneca, mirando o público de meninas adolescentes, fosse vingar. Mas foi o que aconteceu com Barbie.
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Antes de falar sobre as publicações em si, só vamos pintar melhor o cenário para contextualizar melhor a “estranheza” de Barbie ter dado certo naquela época. Na virada dos anos 1980 para o 1990, os quadrinhos de super-heróis demonstravam desgaste e crise criativa, levando as editoras a apelar para histórias mais violentas e personagens caracterizados de maneira mais sexualizada — principalmente as heroínas.
A percepção geral era de que somente meninos liam as HQs da Marvel, e histórias, nessa época, mostravam um claro direcionamento para esse público-alvo. As tramas vinham cada vez com menos texto e mais páginas de ação, com bastante pancadaria entre superseres bombados — além de um mar de coxas, bundas e poses sugestivas.
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Não à toa, os anos 1990 foram considerados como a queda dos super-heróis, o que decretou até mesmo a falência da Marvel Comics. Foi por conta de histórias sem alma, nessa linha, é que a Casa das Ideias teve que vender os direitos autorais de personagens como Homem-Aranha e os X-Men — algo que, como sabemos, até hoje custa caro para a empresa ter de volta.
Eis que Barbie entra em cena em plena queda dos super-heróis
Observe na história e você vai ver que, em todos os mercados, sempre há um momento de grande alta e euforia antes das maiores crises. Nos quadrinhos de super-heróis foi a mesma coisa. Depois de as vendas subirem muito em em meados dos anos 1980, tanto a DC quanto a Marvel investiram mais, atirando para tudo quanto é lado, alimentando uma bolha que não demoraria a estourar.
E aí é que as HQs da Barbie publicadas pela Marvel Comics entram na história. A Casa das Ideias têm um histórico de aposta em diversidade de público, e, nessa época, havia um setor da empresa preocupado em explorar melhor o nicho de interesse do público feminino. E como o mercado de brinquedos costumava realizar mais projetos em parceria com as editoras, a iniciativa da Mattel tornou possível o nascimento dos quadrinhos da boneca.
Barbie teve uma HQ nos anos 1960, mas havia deixado as bancas há tempos. A Marvel chegou a publicar um gibi “para meninas” chamado de Millie, A Modelo, e, nos anos 1980, chegou a distribuir Misty, personagem da feminista Trina Robbins, a primeira desenhista a ilustrar uma história da Mulher-Maravilha.
E foi justamente Trina Robbins quem comandou os dois novos gibis mensais da Barbie, lançados pela Marvel Comics, foram lançados em 1991, e chegaram às prateleiras no Brasil em 1992.
Como eram os gibis da Barbie e quanto tempo eles duraram?
Embora as tramas dos gibis das Barbie fossem bem simplórios, já dava para notar ali uma orientação rumo ao empoderamento feminino. Na época, já haviam HQs como as de Tank Girl, de Jamie Hewlett (que atualmente desenha os personagens da banda cartunesca Gorillaz), que aproveitavam movimentos feministas, como as bandas “riot grrrls”, para unir as mulheres.
Trina Robbins não chegou a publicar nada rebelde ou revolucionário demais nos títulos da Barbie. Mas o simples fato de a revista buscar o protagonismo das meninas em histórias mais suaves e aventuras leves, em um contexto de violência e sexualização dos super-heróis nos gibis da Marvel, era como se a HQ “nadasse contra a corrente”.
A Marvel publicou dois títulos da Barbie, ambos a partir de 1991: o título principal apresentava tramas as quais Barbie e seus muitos amigos – geralmente a irmã Skipper e o namorado Ken – se envolvem em várias aventuras. O título complementar Barbie Fashion era quase a mesma coisa, mas com um leve foco no estilo e na aparência dos personagens.
Barbie teve 63 edições, enquanto Barbie Fashion chegou a 53 — no Brasil, a publicação também seguiu longeva, com mais de 50 edições. A boneca ganhou também vários álbuns de figurinha e alguns especiais efêmeros. Uma nova revista mensal da Barbie foi lançada pela Kennedy Publishing em 2018, com algumas histórias, mas é mais focada em quebra-cabeças, jogos e presentes montados na capa.
Agora, com o hype todo do filme que chega aos cinemas, é bem possível que Barbie volte à bancas.
Leia a matéria no Canaltech.
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