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Há 16 anos Steve Jobs lançava o primeiro iPhone enquanto lutava contra o câncer

Há 16 anos Steve Jobs lançava o primeiro iPhone enquanto lutava contra o câncer
Ha 16 anos Steve Jobs lancava o primeiro iPhone enquanto
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“Hoje a Apple irá reinventar o celular”, disse Steve Jobs para uma multidão de jornalistas na manhã de 9 de janeiro de 2007 durante a conferência Macworld Expo. Poucos minutos antes ele havia sintetizado o que seria o novo produto: “um iPod widescreen com controles sensíveis ao toque, um revolucionário telefone celular e um inovador dispositivo de comunicação pela internet”.

Jobs deixa a plateia absorver a longa frase e então resume, enquanto três ícones alternam no telão atrás dele: “Um iPod. Um celular. E um comunicador de internet.” Há um murmuro, mas a plateia ainda está quieta. “Um iPod”, recomeça, e risos e aplausos rompem o silêncio. “Um celular”, mais aplausos. “Vocês estão entendendo?”, a plateia vibra por vários segundos e volta a ficar em silêncio quando Jobs retoma com um sorriso no rosto: “Estes não são três dispositivos separados. Este é um dispositivo”, e entre aplausos ele finalmente anuncia: “Nós o chamamos de iPhone. Hoje a Apple irá reinventar o celular”.

Um lançamento cercado de criticismo

Muitos analistas acreditavam que consumidores não iriam abandonar a satisfatória resposta tátil do teclado físico por uma única tela e seu teclado virtual, e mesmo um ano depois havia muita expectativa de que a Apple não fosse atingir a meta de vendas prevista originalmente.

No anúncio do primeiro iPhone, Steve Jobs revelou que a Apple esperava conquistar 1% do mercado de telefonia móvel no ano seguinte. Assim, se 1 bilhão de aparelhos fossem vendidas em todo o mundo durante 2008, os iPhones representariam a marca de 10 milhões de unidades.

No ano de 2007 foram vendidos 1,15 bilhão de celulares — e Jobs foi inteligente em ampliar a previsão para o fim do ano seguinte, já que o primeiro iPhone foi anunciado em janeiro, mas lançado apenas em junho de 2007.

A meta era ambiciosa, mas apesar da visão pessimista de jornalistas e analistas do mercado a Apple foi capaz de ultrapassar a marca dos 10 milhões de iPhones vendidos em outubro de 2008.

A Era Jobs e o avanço do câncer de pâncreas

Durante três anos Steve Jobs subiu ao palco para apresentar pessoalmente as novas versões do revolucionário celular da Apple.

O primeiro iPhone era impressionante para a época, mas em retrospectiva notamos como também era limitado. O modelo era equipado com uma única câmera de baixíssima resolução que apenas capturava fotos, não suportava recursos simples como copiar e colar ou troca de mensagens por MMS para envio de fotos e vídeos e possuía apenas 15 aplicativos (Ajustes, Bolsa/Finanças, Calendário, Câmera, Clima, Contatos, Fotos, Gravador, iPod, Mapas, Mensagens, Notas, Relógio, Telefone e Safari).

O iPhone 3G, sua segunda geração, foi apresentado em 2008 e se destacou pela conectividade móvel da última geração da época (o 3G, que dá nome ao produto, além da estreia do GPS), estreia da App Store para aplicativos de terceiros, maior disponibilidade ao redor do mundo e preço inferior nos Estados Unidos (quando comprado em contrato com operadora, algo comum na época).

Este foi o primeiro iPhone lançado oficialmente no Brasil, sendo vendido por R$ 1.199 em sua versão com 8 GB de armazenamento e R$ 1.499 com 16 GB. Corrigindo pela inflação, o valor atual seria de R$ 3.545 e R$ 4.432 pelos respectivos modelos.

Dada a notável perda de peso de Steve Jobs durante o ano de 2008, a Bloomberg publicou erroneamente um obituário afirmando que o CEO da Apple havia falecido. Poucos meses depois a CNN publicou uma notícia falsa dizendo que o executivo fora internado após sofrer um ataque do coração.

Em setembro daquele ano a Apple realizou um evento especial dedicado aos iPods com a presenta de Steve Jobs. No início o executivo destacou no telão às suas costas a frase “os relatos da minha morte são muito exagerados” do escritor Mark Twain.

Jobs não voltou às apresentações no ano seguinte e ficou a cargo de Phil Schiller comandar a WWDC 2009 e apresentar o iPhone 3GS.

Em janeiro daquele ano o próprio Jobs disse em carta aos seus funcionários que “durante a última semana descobri que meus problemas relacionados à saúde são mais complexos do que eu pensava originalmente”, e precisaria se afastar por alguns meses para tratar do problema até então desconhecido pelo público.

Muitos imaginavam que Jobs retornaria para a WWDC 2009 em junho, mas não foi o que aconteceu. Pouco antes de anunciar seu afastamento em janeiro o executivo enviou outra carta aos funcionários destacando que, “como muitos de vocês sabem, eu tenho perdido peso durante 2008”, e cita uma “falta de equilíbrio hormonal” que estaria “roubando proteínas” que seu corpo precisaria para se manter saudável, mas cientistas ouvidos pela Wired na época disseram que a declaração fazia pouco sentido.

Sob este contexto foi anunciado o iPhone 3GS, um modelo essencialmente idêntico à geração anterior, mas com centenas de novos recursos de software graças ao iPhone OS 3.0, incluindo o mecanismo de pesquisa Spotlight que permite buscar por contatos, sites, aplicativos, músicas, notas e arquivos em uma única interface e que perdura até o iOS 16, e uma crescente App Store.

Quando Steve Jobs voltou aos palcos da WWDC em 2010 foi ovacionado de pé pelo público durante quase 40 segundos. As palmas só pararam após vários “obrigados” de Jobs entre sorriso e gestos para que o público pudesse se sentar. “É ótimo estar aqui” foi a primeira frase do CEO na conferência.

Durante a apresentação do novo design do iPhone 4 o executivo soltou uma frase que ninguém esperava: “me parem se vocês já tiverem visto isso”, brincando com o fato de um protótipo iPhone 4 ter sido esquecido no balcão de um bar por um funcionário da Apple. Um jovem encontrou o dispositivo e entrou em contato com o site Gizmodo, que revelou em abril de 2010 todos os detalhes de design do futuro celular da Apple meses antes do seu lançamento.

O iPhone 4 então foi apresentado como “o maior salto desde o iPhone original”, agora equipado com câmera frontal, câmera traseira de 5 MP, tela Retina de maior nitidez e novo chip A4 desenvolvido pela própria Apple.

Além do visual renovado com traseira plana e laterais retas, o modelo trouxe o novo iPhone OS 4 agora como iOS 4, oferecendo novos recursos de design e funcionalidade, incluindo multitarefa com duplo clique no botão Home, estreia do FaceTime para chamada de vídeos e um pouco mais de customização, como papéis de parede e organização de ícones e criação de pastas na tela de início.

Ovacionado em sua última WWDC

Após meses afastado mais uma vez das apresentações da Apple pela sua condição de saúde, Jobs retornou aos palcos na WWDC de junho de 2011. Mais uma vez o CEO foi ovacionado pela plateia durante quase 40 segundos. Aquela que seria a sua última conferência.

Notavelmente mais magro que no ano anterior, Jobs anunciou as principais atualizações dos próximos sistemas operacionais para Mac e iPhone, o OS X Lion e o iOS 5, além do novo iCloud para sincronizar todos os dados de sua conta Apple na nuvem.

O novo iPhone 4S foi apresentado meses depois na primeira conferência de Tim Cook como CEO e, como esperado, o celular teve poucas mudanças em relação ao iPhone 4, incluindo agora a nova assistente virtual Siri (inédita e muito avançada para seu tempo), iMessage, câmera traseira de 8 MP, chip Apple A5 e bateria de maior duração.

Tudo aconteceu rápido em 2011: em junho Steve Jobs apresenta as novidades na WWDC, em agosto Tim Cook vira o CEO da Apple, em 4 de outubro o iPhone 4S é anunciado e em 5 de outubro morre Steve Jobs por parada respiratória causada por metástase do tumor neuroendócrino de pâncreas.

A Era de Tim Cook e o foco em serviços

A partir de então temos lançamentos sem a grande presença de palco de Steve Jobs e o início de uma nova era para a Apple sob o comando de Tim Cook. Em setembro de 2012 é anunciado o iPhone 5, o primeiro modelo totalmente desenvolvido por Tim Cook e o último modelo supervisionado por Steve Jobs.

O celular ganha um visual aprimorado com traseira e laterais de metal, tela widescreen de proporção 16:9, chip A6 menor, mais rápido e mais eficiente, modo Panorama em fotos, vídeos Full HD com estabilização melhorada e mais.

O iPhone 5 representa também o fim do conector de 30 pinos utilizado em iPods e iPhones desde 2003 e a chegada do compacto conector Lightning reversível, sem lado certo para plugar no smartphone.

A partir de então vemos avanços significativos sendo feitos pela Apple a cada ano, talvez não tão impressionantes quanto nos primeiros quatro anos do iPhone, mas suficientes para representar mudanças importantes ano após ano.

Vimos a Apple se esforçar para criar alternativas mais baratas aos seus celulares mais caros, como a chegada desastrosa do iPhone 5c — basicamente um iPhone 5 feito de plástico, mas cujo preço facilitava a recomendação do iPhone 5 do ano anterior ou do mais poderoso e premium iPhone 5S.

Dado o fracasso deste lançamento, a empresa esperou mais alguns anos para então apresentar o iPhone SE de primeira geração, representando um sucesso de vendas, e estruturando o caminho que vemos a empresa seguindo atualmente.

A Apple também testou um novo modelo de lançamento com o iPhone XR e Novo iPhone sendo oferecidos como alternativas mais baratas ao iPhone XS e ao iPhone 11 Pro. Tudo isso delimitou o caminho para a contemporaneidade dos celulares da Apple, com quatro modelos principais sendo anunciados nos últimos três lançamentos de fim de ano.

Como sucessor de Steve Jobs, Tim Cook consolidou plataformas de assinatura e streaming em sua era, como a chegada do Apple Music em 2015, do Apple TV+, News+ e Arcade em 2019 e do Fitness+ em 2020, além de estrear o Apple One, pacote que reúne todas as assinaturas a preço mais barato.

O futuro é sempre incerto, mas podemos esperar que a Apple siga refinando seus dispositivos eletrônicos e mire cada vez mais em avanços seguros em vez de inovações incertas pelo único título de ser a primeira empresa a estrear uma nova tecnologia que obviamente precisa de mais tempo de maturação.

É assim que Tim Cook tem liderado a Apple e é assim que ele continuará o legado de Steve Jobs.

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