Sentir "cheiro de perigo" ajuda verme a viver mais

A habilidade de sentir um “cheiro de perigo” é responsável por fazer o verme da espécie Caenorhabditis elegans viver mais. A informação foi publicada na revista Nature Aging na última quinta-feira (27). Segundo o artigo, um composto exalado por bactérias gera não apenas a aversão desse verme, que se afasta para evitar o perigo, mas também desperta um circuito neural que induz resposta em outros tecidos.

Os pesquisadores afirmam que essa resposta permite o processamento mais eficiente de proteínas tóxicas, além de um controle do acúmulo de determinadas proteínas. Esse é o principal ponto do estudo uma vez que um acúmulo de proteínas leva ao Alzheimer. Assim, se a linha de raciocínio for levada aos humanos, talvez seja responsável por descobertas importantes ao combate de doenças neurodegenerativas.

Em comunicado, os pesquisadores revelam que, ao usar o olfato para detectar perigos no ambiente, o verme “eleva as respostas de estresse antes mesmo de encontrar a bactéria patogênica. Dessa forma, a percepção do cheiro aumenta a longevidade”.

Essa descoberta acontece porque os pesquisadores notaram que os nematoides expostos ao odorante 1-undeceno tiveram maior tempo de vida, em comparação com os outros. As respostas ao estímulo puderam ser visualizadas no intestino, mostrando a existência de um circuito ligando o olfato ao resto do corpo.

Verme pode ajudar a combater Alzheimer

“O estudo sugere que manipular a percepção de substâncias químicas pode, um dia, ser uma rota para intervir em doenças neurodegenerativas e relacionadas à idade. No entanto, mais trabalhos precisam ser feitos para estabelecer se vias de sinalização celular e mecanismos similares operam em humanos”, afirma a equipe.

Os pesquisadores ressaltam que outros estudos já demonstraram que camundongos possuem um circuito neural que liga o cérebro ao fígado quando sentem o cheiro de certos alimentos. Com isso, a teoria dos especialistas é que o sistema nervoso de mamíferos, quando estimulado, também pode gerar respostas em outros órgãos, da mesma maneira que os nematoides.

O grupo reflete que, se encontrar uma molécula que faça a mediação desse circuito que vai da percepção do odor até a resposta do organismo, será possível ter um caminho promissor na busca por novos tratamentos.

“Cheiro de perigo” ajuda a viver mais

Mas por que o “cheiro de perigo”? Basicamente, os odorantes usados no estudo são exalados por bactérias como Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus aureus, que são prejudiciais ao verme em questão.

Com isso, o intestino ativou uma resposta que funciona uma defesa do organismo, desencadeando mecanismos de reparo ou de eliminação de proteínas defeituosas.

Em 2021, cientistas conseguiram estudar cérebro de vermes pela primeira vez, e desde então isso tem sido explorado pelos novos estudos.

Fonte: Nature Aging, Agência Fapesp

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