Queimadas elevam nível de gás carbônico em mais de 1.000% na Grande São Paulo

As queimadas na Floresta Amazônica e no Pantanal, bem como a queima de cana-de-açúcar no Estado, estão afetando a qualidade do ar na Grande São Paulo. Nos chamados “eventos de fumaça” — quando há ocorrência de queimadas —, o nível de dióxido de carbono (CO2) presente no ar pode aumentar em até 1.178%.

Os dados são de um estudo realizado por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), publicado pela Science of the Total Environment. A pesquisa faz parte do projeto Metroclima, que visa monitorar os gases de efeito estufa na cidade.

Destalhes da pesquisa:

  • A pesquisa realizou uma análise de como as plumas de fumaça dos incêndios florestais no Pantanal, Amazônia e das queimas de cana-de-açúcar chegam à atmosfera da Região Metropolitana de São Paulo.
  • Alguns dos pontos de observação do estudo estão nas regiões do Pico do Jaraguá, Tatuapé, Pinheiros e Água Funda.
  • Segundo o estudo, nos dias em que ocorrem queimadas e há presença de fumaça, os níveis de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera podem ser de 100% a 1.178% maiores em comparação com dias sem fumaça.
  • Durante os eventos, os níveis de fumaça excederam os padrões estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 99% das estações de monitoramento da qualidade do ar.
  • A pesquisa reforça que o contexto é um desafio, considerando também as ameaças à saúde pública associadas à qualidade do ar.

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A coordenadora do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP (IAG), onde fica o projeto Metroclima, Maria de Fátima Andrade, conta ao portal da universidade que as emissões de gases do efeito estufa (GEE) desempenham uma função crucial nas cidades:

Antes, os dados de GEE estavam concentrados em locais remotos, mas com o tempo foi percebido que as cidades têm um papel central nas emissões e, conforme o tipo de superfície, no balanço do carbono. A meta é poder analisar a evolução das concentrações dos GEE e de suas fontes, inclusive as cidades.

Maria de Fátima Andrade para o Jornal da USP

Quais são os impactos do GEE?

  • Partículas finas de poluição do ar, chamadas PM2,5, causam cerca de 6,4 milhões de mortes anualmente.
  •  95% delas acontecem em países em desenvolvimentos, onde a concentração dos poluentes é muito maior do que os padrões da OMS.
  • A poluição tem um alto custo para a saúde, estimado em US$ 8,1 trilhões por ano, equivalente a 6,1% do PIB global. Os dados são do Banco Mundial.
  • Além disso, diminui a biodiversidade e afeta ecossistemas.

Esse é um contexto que pode mudar com esforços como o da pesquisa. Maria de Fátima Andrade explica que compreender de onde vem a poluição é fundamental:

A identificação e quantificação das fontes são essenciais para o conhecimento do inventário das emissões e para possibilitar as estratégias de controle.

Maria de Fátima Andrade em entrevista para o Jornal da USP

Fonte: Olhar Digital

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