Pan 2023 começa nesta sexta, com predomínio de marcas chilenas e fora da TV aberta no Brasil

Principal competição multiesportiva das Américas, os Jogos Pan-Americanos de 2023 começarão oficialmente nesta sexta-feira (20). A edição deste ano é a 19ª do evento, que é realizado desde 1951. E será a primeira vez, em 28 anos, que os brasileiros não terão a chance de acompanhar as disputas nas TVs aberta e por assinatura.

E se o assunto é ineditismo, esta também será a primeira vez que Santiago, capital do Chile, sediará o evento. E não foi por falta de oportunidade, embora o destino não tenha colaborado para que o intento se concretizasse.

A cidade havia sido escolhida para sediar o Pan de 1975. Porém, dois anos antes o país havia sofrido um golpe militar, que derrubou o presidente eleito Salvador Allende e entronizou o ditador Augusto Pinochet no poder. O Estádio Nacional, mesmo que receberá a cerimônia de abertura dos jogos em 2023, chegou a ser usado, 50 anos atrás, como um gigantesco centro de tortura de dissidentes do regime autoritário.

Já em 1987, na etapa final do governo Pinochet, Santiago voltou a ser eleita para sediar o Pan. Desta vez, o Chile enfrentava uma forte crise econômica e política, que culminaria no plebiscito realizado no ano seguinte e que impediu o ditador de permanecer por mais um mandato à frente da presidência. Os jogos acabariam sendo transferidos para Indianápolis, nos Estados Unidos.

O Chile que sediará o Pan 2023 adota um regime democrático e busca enfatizar, na organização do evento, sua herança multiétnica. Exemplo disso é a tocha, um dos principais símbolos da competição, que foi inspirada em elementos da cultura mapuche, um dos povos indígenas que integram o país.

Patrocinadores e apoiadores

O Pan 2023 é organizado pela Organização Desportiva Pan-Americana (Odepa, também conhecida como Panam Sports) e conta com 31 marcas parceiras, entre patrocinadores, fornecedores oficiais e demais apoiadores. Uma característica que chama a atenção é o grande predomínio de empresas chilenas.

Casos de Latam Airlines (cujo capital acionário é majoritariamente do Chile), Banco Estado e Antofagasta Minerals, que figuram como patrocinadores ao lado da suíça Bornan, da alemã Ottobock e da japonesa Mitsubishi (que participa do evento por meio de sua representante chilena, a Astara).

Entre os fornecedores oficiais da competição estão a emissora ADN 91.7, a água mineral Cachantun, a empresa de energia Colbun, Gatorade (única marca internacional nessa categoria) e a PF Alimentos.

Os demais parceiros estão divididos entre as categorias “apoiadores oficiais” – que reúne a petrolífera chilena Copec, a Xtrem Chile e Red Bull – e “apoiadores orgulhosos”, como: Astara Chile, Budweiser, Grupo Carozzi, Casillero del Diablo, Entel (telecomunicações), LifeStyles (marca de preservativos), Milo (subsidiária da Nestlé), Molten, Parque Arauco, Ripley.com, Salmón de Chile, Sparta, Red de Salud UC Christus, Universidad Andrés Bello e Virutex (produtos de limpeza).

Será que empolga?

As Américas são marcadas por enormes diferenças econômicas, sociais e culturais, resultado dos complexos processos históricos que culminaram na formação dos países que hoje compõem o continente. Essas disparidades acabam por se refletir no Pan, competição que reúne 40 nações, mas apresenta um predomínio esportivo gritante por parte dos Estados Unidos, principal potência econômica do planeta.

De 18 edições do evento realizadas até hoje, apenas em duas ocasiões os Estados Unidos não lideraram o quadro de medalhas. Uma delas foi em 1951, no Pan de Buenos Aires (o primeiro da história), que teve a Argentina liderando a disputa. A outra foi em 1991, nos jogos de Havana, quando Cuba obteve dez ouros a mais que seus poderosos vizinhos, embora, na soma geral, os estadunidenses tenham superado a anfitriã em 87 medalhas.

Ao longo da história, os Estados Unidos já ganharam 4.713 medalhas no Pan, mais do que o dobro da segunda colocada, Cuba, que faturou 2.124. Quando consideramos apenas os ouros, a disparidade fica ainda maior: a potência esportiva e econômica acumula 2.064, que equivale praticamente à soma do que foi obtido por cubanos (908), canadenses (491), brasileiros (382) e argentinos (326).

Tamanho abismo de forças faz com que a competição se torne muito previsível, o que certamente afeta seu apelo junto ao grande público, em especial no Brasil, onde as atenções da maioria da população tendem a estar voltada ao futebol.

Por falar na modalidade mais popular do país, neste ano a seleção feminina novamente não jogará o Pan (ela já está classificada para os Jogos de Paris 2024), ao passo que a masculina mandará o time sub-20 a Santiago.

Ainda assim, a partir do fim dos anos 1990, quando o Brasil iniciou seu projeto para sediar os Jogos Olímpicos, o Pan passou a receber mais atenção por parte da mídia, com direito a transmissões de disputas de diversas modalidades nas TVs aberta e por assinatura.

Em 2007, a repercussão seria ainda maior, já que o Rio de Janeiro foi escolhido como sede do evento, fato considerado como etapa crucial para a candidatura da cidade como sede dos Jogos de 2016, objetivo que acabou se concretizando.

Nos últimos anos, muita coisa mudou. Hoje, o principal atrativo do Pan de Santiago para os brasileiros, além da tradição do evento em si, está no fato de que, das 58 modalidades em disputa, 21 delas garantem vaga direta para os Jogos Olímpicos de Paris 2024.

A venda de ingressos para o evento começou em julho deste ano. Em poucas horas, mais de 100 mil entradas haviam sido comercializadas, com direito a bilheterias esgotadas para as finais das categorias masculinas de tênis, vôlei de praia e basquete.

Os preços dos ingressos são bem populares para os padrões brasileiros. Os mais baratos são vendidos pelo equivalente a R$ 25. Já os mais caros, para esportes de massa como futebol, vôlei e basquete, estão na casa dos R$ 50.

Streaming

As recentes transformações tecnológicas, com o avanço das redes sociais e a popularização das plataformas de streaming, impactaram as empresas de mídia, com reflexos também na transmissão esportiva.

Embora não tenha ameaçado de fato a audiência da TV aberta no Brasil, a transmissão da última Copa do Mundo masculina, realizada no Catar em 2022, demonstrou a força do streaming junto ao público, com sucessivos recordes alcançados pela Cazé TV.

Em um evento como o Pan, repleto de modalidades que atingem públicos muito segmentados (e com disputas distintas ocorrendo nos mesmos horários), as plataformas da internet parecem ter se convertido no terreno ideal para esse tipo de transmissão.

Neste ano, brasileiros que quiserem acompanhar o Pan de Santiago terão de recorrer ao streaming. O Canal Olímpico do Brasil (do COB) realizará cerca de 700 horas de transmissão no YouTube do Time Brasil e em sua plataforma própria. A iniciativa será parceria com a NSports.

Já a Cazé TV trará 450 horas de transmissão ao vivo do evento, até o próximo dia 5 de novembro, com direito a lives simultâneas das diferentes modalidades, além de uma principal, denominada “Multiverso Pan”. A cobertura tem patrocínios de Medley, Pixbet, XP, Havaianas, CSN, Smart Fit, Netshoes e Unicesumar. A cerimônia de abertura dos Jogos de Santiago 2023 será às 20h (horário de Brasília).

Fonte: Máquina do Esporte

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