GPS biológico: pássaros podem ligar e desligar sua orientação geomagnética

Pesquisadores descobriram que os pássaros migratórios conseguem desligar seu GPS biológico quando estão descansando — o equivalente a fechar o aplicativo de trânsito quando você está chegando em casa de uma longa viagem e não precisa mais de direcionamento para navegar pelas ruas do seu bairro.

Não sabemos se os pássaros se sentem incomodados pelo constante direcionamento do campo magnético da terra, mas o que sabemos graças aos cientistas da Universidade do Oeste de Ontário, no Canadá, e da Universidade Estadual Bowling Green, dos Estados Unidos, é que as aves conseguem desligar a navegação neurológica quando não precisam dela.

Desligando a orientação magnética em pássaros

A espécie estudada foi o pardal-de-garganta-branca (Zonotrichia albicollis), que consegue ativar uma parte específica do cérebro quando há a necessidade de migrar, a deixando “dormente” quando descansa em lugares de parada durante a jornada.

A região responsável pelo mecanismo de GPS aviário é o agrupamento N, já conhecida pela ciência por cuidar da navegação. O que não se sabia era como se dava o seu uso entre as espécies, ou se ela seria ativada ou desativada baseada em ciclos noturnos ou sazonais ou não.

O agrupamento N é importante para a bússola geomagnética especialmente nos pássaros canoros, mais ainda quando migram durante a noite. Quase todos os trabalhos relacionados a essa região cerebral dos pássaros foram feitos na Europa, e os cientistas ressaltam a importância de estudar uma ave americana para diversificar seu estudo.

Em laboratório, os pardais-de-garganta-branca foram divididos em 3 grupos — um em vigília diurna, o segundo em descanso noturno e um terceiro em vigília noturna migratória. O estado de vigília foi determinado por uma maior atividade dos espécimes, como inquietação das asas e pulos frequentes nos poleiros.

Ao examinar o cérebro as aves nos diferentes grupo, a ativação do agrupamento N pôde ser associada à vigília migratória, independente de ser dia ou noite. Quanto mais ativo (ou seja, em vígilia) estava o animal, mais ativos os neurônios do agrupamento N pareceram estar. Isso quer dizer que os pássaros não têm essa parte do cérebro desligada ou ligada automaticamente durante a estação migratória, ou mesmo à noite — é quase como se os pássaros conseguissem controlar a bússola geomagnética à vontade.

Migração e poluição visual

A descoberta nos ajuda a entender como os animais utilizam o campo magnético da Terra para se guiar em suas movimentações, que pode ser um simples puxão em partículas magnéticas ou um algo complexo como um sinal gerado por química quântica, ambos já notados nos animais. Para nós, humanos, campos magnéticos são invisíveis, mas a maioria dos animais consegue percebê-los de alguma maneira.

Aos pássaros, há uma vantagem óbvia em saber se estão indo em direção a um pólo ou ao equador, ajudando a se orientar durante as migrações. Esse não é o único recurso utilizado por eles para orientação geográfica, no entanto — também há o uso da luz do sol e das estrelas, o que é potencialmente atrapalhado pela poluição visual das cidades. Saber como os animais funcionam nos ajuda a saber como não perturbar suas migrações e demais atividades, evitando todas as formas de poluição possíveis, como ondas de rádio.

Fonte: European Journal of Neuroscience via Science Alert

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