Entrevista: a computação em nuvem está mudando sua vida sem que você perceba

As nuvens são plataformas online que disponibilizam um espaço de armazenamento para hospedar diferentes tipos de arquivos, como fotos, vídeos, documentos e muito mais. Esses sites são quase sempre gratuitos e funcionam como “pen drives virtuais”: o usuário realiza o login para acessar uma conta e já pode enviar os arquivos para deixá-los salvos. 

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Google Cloud Summit
Google Cloud Summit 2023 (Imagem: divulgação)

Hoje, a nuvem vem sendo muito utilizada por uma questão de praticidade, economia e até segurança. E muita gente usa o serviço e nem percebe! Você sabia, por exemplo, que o YouTube funciona em nuvem? Streamings em que você assiste séries e filmes também! Até o seu e-mail, parando para pensar, é uma forma mais simples de armazenamento em nuvem. A nuvem está em nossas vidas há algum tempo e vem evoluindo com o passar dos anos.

Na semana passada, o Olhar Digital acompanhou o Google Cloud Summit 2023. Durante o evento, conversamos com exclusividade com o diretor do Google Cloud para o setor público, Milton Burgese. Durante a entrevista, entendemos melhor essa tecnologia e as iniciativas da empresa. ]

Olhar Digital: Como o Google vem atuando junto ao setor público? O foco está na desburocratização?

Primeiro, eu acho que é uma oportunidade muito interessante para o Google. Tem tudo a ver com valores da empresa trabalhar com transformação, impacto, melhoria de situação econômica e empregabilidade. É um conjunto de coisas que a gente consegue impactar fazendo esse trabalho dentro de Google Cloud para setor público. Eu tenho também sobre minha responsabilidade a área de educação. Então, os clientes de educação pública e privada também fazem parte do meu trabalho. E o nosso dia a dia é pautado em ajudar as entidades governamentais a resolver problemas práticos que elas têm. Hoje, a maioria dos serviços do governo já está disponível através de meios digitais, mas tem muita coisa ainda que precisa ser feita do governo para dentro e do governo para fora visando melhorar essa experiência.

Olhar Digital: um case que vocês têm como sucesso é o da Prefeitura de Recife. Poderia dar exemplos de como a nuvem ajudou o cidadão?

A Prefeitura de Recife já tinha um nível de informatização dentro dos sistemas deles, mas as informações estavam em diversas fontes. Então, existiam informações da prefeitura, informações do governo do estado, informações do governo federal, etc. E como a prefeitura trabalha com essas diferentes fontes de dados para prestar um serviço melhor para os cidadãos? E é aí que a gente entra. O nosso trabalho é baseado num cenário de um problema prático, em que o cliente tem a gente para traduzir isso através do que a gente tem de oferta tecnológica para levar valor. O que eu acho mais interessante é que eles começaram a entregar benefício para o cidadão sem que o cidadão ou cidadã tivesse que pedir aquele serviço. Por exemplo: o cartão de estacionamento para idosos. A prefeitura tem a informação e sabe que a pessoa faz aniversário. No dia do aniversário, ela passa a ser elegível ao cartão de estacionamento de idoso. A prefeitura, então, manda o cartão para pessoa sem ela nem pedir. São coisas que parecem básicas, mas não é uma realidade hoje, né? E a gente está transformando isso em realidade, melhorando a percepção da entidade governamental, com relação ao cidadão. E a gente também facilita o trabalho do governo para dentro.

Olhar Digital: tecnicamente, estamos falando de uma tecnologia complexa?

O complexo é você fazer essa integração de bases de dados do governo federal, do governo estadual e do governo municipal. Então, a gente alavanca as tecnologias de computação em nuvem para fazer isso. Os funcionários da administração pública podem acessar essas ferramentas em vários ambientes, em vários locais de trabalho. E a ideia é que, baseado em um serviço inicial, você comece a agregar outras camadas de serviço para que tudo aquilo que você desenvolveu para o serviço X sirva de base para o serviço Y, e assim sucessivamente.

Olhar Digital: diferentes big techs estão investindo e aperfeiçoando seus sistemas de nuvem. Se a minha empresa tem uma nuvem e a sua tem outra, mas a gente precisa se conectar, é possível?

A nossa nuvem é aberta e interoperável. Por isso, a gente tem uma facilidade muito grande de se conectar com as nuvens de outros provedores. E essa também é uma das riquezas que a computação em nuvem tem para entregar ao mercado. E a gente obviamente consegue trabalhar e navegar muito bem em qualquer ambiente que a entidade governamental ou educacional tem, independentemente da nuvem.

Olhar Digital: pensando que muita gente não é familiarizada com o serviço de nuvem, gostaria que você falasse da praticidade dessa tecnologia. Afinal, ela está em nossa rotina e muitas vezes nem percebemos.

Eu acho que a computação em nuvem é a ferramenta mais democrática. Você consegue ofertar o mesmo poder computacional para qualquer tipo de negócio: uma grande empresa, uma microempresa, uma empresa individual, um único usuário ou uma entidade governamental. Então, acho que esse é um dos grandes objetivos da computação. A gente democratiza ferramentas super avançadas que as pessoas podem fazer uso no dia a dia sem muitas vezes fazer a correlação que uma grande multinacional usa essa mesma ferramenta. A nuvem é um conjunto de serviços disponíveis para que as pessoas possam acessar de qualquer lugar, de qualquer dispositivo conectado à internet, para entregar ou construir um serviço. Vou dar um exemplo para facilitar: as pessoas geralmente estão muito familiarizadas com e-mail, né? Então, os servidores de e-mail ou serviços de e-mail mais antigos, eles são os embriões do que hoje você tem de computação em nuvem. Quando você pegava seu computador, o seu celular, e você se logava num e-mail, você não sabia onde estava aquele servidor de e-mail. O conceito da nuvem é esse. Extrapolando para outros serviços e uma capacidade computacional enorme.

Olhar Digital: o mesmo vale para o streaming e games, né? Você não precisa de um DVD físico ou de um jogo físico.

Exato. O serviço de streaming está armazenado em nuvem e você não sabe nem quantos filmes, séries, novelas ou músicas existem lá. Todo o YouTube está na nuvem, por exemplo.

Olhar Digital: e com relação à segurança dessa tecnologia? No Olhar Digital, por exemplo, recebemos muitas dúvidas sobre isso. Parece que, por você não conseguir “pegar” na nuvem, algumas pessoas desconfiam.

Esse é um dos pilares básicos de como a gente desenvolve os produtos, de como a gente oferece a tecnologia. Cada vez mais, você tem os dois movimentos: as empresas tentando se proteger e hackers tentando invadir. Quanto mais usuários, você tem mais interesse das pessoas. Desde o princípio, o google.com é um dos sites mais acessados no mundo e com mais tentativas de invasão. E a gente leva toda essa tecnologia para qualquer usuário que está acessando os serviços do Google Cloud. Esse paradigma de segurança, de que o servidor está aqui, que ele está na minha rede, de que estou vendo ele, ficou muito para trás. Aquele equipamento necessita de atualizações periódicas, políticas de uso, trocas de senha, etc. E se a pessoa ou empresa não tiver toda disciplina vai ficar vulnerável. No caso da computação em nuvem isso é feito de forma proativa. Exemplo: os administradores do sistema se logam e, de tempos em tempos, recebem uma mensagem “oh, está na hora de você trocar a sua senha”. Hoje, a segurança na computação em nuvem é, sem dúvida nenhuma, um pilar básico. Ela está muito mais avançada do que simplesmente guardar a máquina ou guardar o servidor.

Fonte: Olhar Digital

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