Vacina contra malária é promissora em testes com humanos

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, anualmente, ocorram 247 milhões de casos de malária, doença causada por protozoários do gênero Plasmodium. Desse total, são mais de 600 mil mortes. Para enfrentar o problema, um dos desafios é a falta de vacinas amplamente eficazes, mas isso pode mudar em breve. É o que aponta uma nova pesquisa liderada por pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

Nesta semana, os cientistas publicaram na revista Med os resultados preliminares — e altamente positivos — da primeira fase de um estudo clínico, envolvendo a vacina ChAd63-MVA RH5 e 63 voluntários da Tanzânia. O alvo do novo imunizante é a proteína RH5, usada pelo protozoário para invadir os glóbulos vermelhos saudáveis e desencadear a piora do quadro.

Boa resposta imunológica contra a malária

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Durante a Fase 1 do estudo, os pesquisadores descobriram que a vacina contra a malária gera uma boa resposta imune tanto em bebês quanto em adultos. Só que, curiosamente, a resposta foi significativamente maior em bebês de até 11 meses, mas ainda não se sabe o porquê.

Em testes de laboratório com o plasma das pessoas vacinadas, os pesquisadores observaram que os anticorpos contra a malária eram capazes de inibir o crescimento do parasita. O mesmo efeito deve ser esperado dentro do organismo, como as fases futuras do estudo podem (ou não) demonstrar.

Em paralelo, os pesquisadores descobriram que a vacina é segura para o organismo, já que não registraram efeitos adversos graves após as duas doses do imunizante. As reações mais comuns foram dor no local e febre.

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Após os resultados positivos no pequeno experimento na Tanzânia, os pesquisadores devem desenvolver outra etapa da pesquisa ainda de Fase 1 este ano na Gâmbia. A diferença é que, neste segundo país, o efeito será estudado de forma combinada com a outra vacina já existente contra a malária, a vacina RTS,S.

Vale observar que, o RTS,S foi o primeiro imunizante a ser aprovado pela OMS, na história, para proteger crianças contra a doença, em 2021. Embora o seu potencial protetor seja limitado, a OMS estima que o composto salve uma vida a cada 200 crianças vacinadas.

Por que desenvolver uma nova vacina contra malária?

Para médicos, epidemiologistas e autoridades de saúde, ter um vasto leque de opções que podem prevenir uma doença é o melhor dos cenários, já que as soluções podem ser complementares. No caso das vacinas contra a malária, os dois imunizantes funcionam de formas diferentes, mas possivelmente se completam — os estudos ainda estão em andamento. Ter remédios disponíveis, como o tafenoquina, é outro tópico fundamental no combate.

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Para entender, a vacina em desenvolvimento pelos pesquisadores de Oxford gera imunidade contra um fragmento usado pelo protozoário, a proteína RH5, para invadir os glóbulos vermelhos. Isso só ocorre quando eles estão há um tempo no organismo. Com outra proposta de proteção, a vacina RTS,S induz a proteção contra o protozoário em uma fase muito específica: durante o começo do seu desenvolvimento, quando ainda é um esporozoíto.

Basicamente, o esporozoíto é uma célula alongada, que é transmitida do mosquito-prego (Anopheles) para o novo hospedeiro, através da picada. Se a imunidade gerada pela vacina não alcançar o protozoário neste estágio, ele vai chegar até o fígado, amadurecer, começar a se multiplicar e atacar os glóbulos vermelhos, sem encontrar maiores barreiras. Com a junção das duas vacinas, o organismo, em tese, tem duas oportunidades de conter a doença.

Vale lembrar que, no Brasil, o Instituto Leônidas & Maria Deane (Fiocruz Amazônia) e a Fundação de Medicina Tropical (FMT) desenvolvem um imunizante específico contra a malária. A pesquisa ainda está no estágio pré-clínico, mas busca conter o parasita na fase sanguínea, como propõe o estudo de Oxford.

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Fonte: Med e OMS

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