Estudo mostra que crianças autistas enxergam ilusões de ótica de modo diferente

Ilusões de ótica ajudaram cientistas a notar uma diferença no cérebro das crianças com autismo em relação aos neurotípicos, segundo relata o novo estudo publicado no periódico científico The Journal of Neuroscience. Os enganadores artifícios visuais quebram o padrão comum com o qual vemos o mundo, reconfigurando o processo, análise e predição dos estímulos visuais, e, por isso, envolve comunicação e respostas complexas entre várias regiões cerebrais.

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O processamento visual de crianças com autismo, então, mostrou ser um pouco diferente nos experimentos. Quando olhamos para figuras ou objetos, nosso cérebro considera nossas experiências e informações contextuais do momento, antecipando entradas sensoriais, trabalhando com ambiguidades e preenchendo lacunas. Em pessoas com trastorno do especto autista (TEA), especialmente crianças, isso acontece de maneira atípica, aparentemente mais lenta do que a média.

Processamento cerebral e o autismo

Diferenças no processamento visual do cérebro de crianças autistas foi vista em experimento com ilusões de ótica (Imagem: Caleb Woods/Unsplash)
Diferenças no processamento visual do cérebro de crianças autistas foi vista em experimento com ilusões de ótica (Imagem: Caleb Woods/Unsplash)

Outros estudos já notaram que essas crianças não processam a linguagem corporal humana da mesma forma que as que não têm TEA, um indício de que há um atraso no processamento inconsciente. Isso levou pesquisadores a suspeitarem que a resposta entre regiões de ordem maior no cérebro e regiões sensoriais primárias também poderiam estar sendo afetadas nos autistas, o que gerou o estudo do qual falamos.


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Ilusões de ótica são a ferramenta perfeita para testar o acontecimento, e foram escolhidas as figuras de Kanizsa para isso. Elas são o trabalho do psicólogo italiano Gaetano Kanizsa, que produziu ilusões com base em desenhos que, quando arranjados de uma determinada forma, produzem contornos de outro objeto, como um par de rostos se encarando cuja silhueta se monta no formato de um cálice.

Os voluntários do experimento foram 60 crianças, 29 delas com TEA, que deveriam focar em um ponto no centro de uma tela. No fundo, figuras de Kanizsa eram mostradas — já que os infantes não focavam diretamente nelas, elas eram vistas com um olhar passivo, tornando possível estudar a resposta cerebral automática às enigmáticas imagens.

Resultados e auxílios

Na ilusão de ótica de Kanizsa mais à direita, nota-se a forma utilizada no estudo, e que foi processada mais lentamente pelas crianças autistas (Imagem: Eu, Yong/q-bio.NC)
Na ilusão de ótica de Kanizsa mais à direita, nota-se a forma utilizada no estudo, e que foi processada mais lentamente pelas crianças autistas (Imagem: Eu, Yong/q-bio.NC)

Com eletroencefalografia, então, a atividade cerebral das crianças foi registrada, o que mostrou um processamento mais lento das formas de Kanizsa pelos indivíduos com transtorno do espectro autista. Isso quer dizer que elas provavelmente não conseguem prever e preencher lacunas visuais da mesma forma que os colegas sem TEA, o que pode explicar algumas das diferenças na forma de ver o mundo que muitos autistas apresentam.

De forma mais técnica, os cientistas definiram as crianças autistas como apresentando um déficit no processamento de respostas visuais, o que significa que a comunicação entre as regiões de recepção sensorial e as envolvidas na análise de tais sinais pode ser menos eficientes nessas pessoas. Com esse entendimento, os pesquisadores esperam entender melhor como os autistas veem o mundo e buscar maneiras de dar suporte a crianças e adultos com TEA, diminuindo eventuais dificuldades pelas quais podem passar.

Leia a matéria no Canaltech.

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