Se você tivesse de adivinhar qual método de fazer café é o que menos afeta o meio ambiente, qual escolheria entre cafeteira, prensa francesa e cápsula descartável? A resposta é bem contra-intuitiva, já que o método que envolve uma parte difícil de reciclar — a cápsula — é o que menos impacta a natureza entre essas possibilidades.
Cientistas da Universidade de Quebec desvendaram os segredos da poluição causada pelos diferentes preparos da bebida favorita do café da manhã humano, com 2 bilhões de xícaras bebidas todos os dias pelo mundo, e determinaram quais métodos são mais sustentáveis. A cápsula de café, maneira mais moderna de consumir o líquido, foi inventada há cerca de 40 anos, ganhando muito espaço nas casas desde então.
Maneiras de beber café e a poluição
As cápsulas são feitas de plástico ou alumínio, e a preocupação com o desperdício chegou até a fazer com que a cidade alemã de Hamburgo banisse seu consumo em edifícios do estado em 2016. Como é possível, então, que o item seja o menos poluente? O segredo não está no consumidor final, mas sim nos primeiros estágios de colheita e preparo.
Compilando estudos sobre a planta e seu consumo, os cientistas mediram as emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE) envolvidas no preparo de 280 ml de café, indo da produção dos grãos até o depósito dos resíduos em aterros sanitários. A maior diferença, que, na verdade, foi pouca, surgiu na forma de preparo da bebida em casa. O estágio que libera mais GEE é o de produção de grãos.
A parte mais importante da análise, para os consumidores e para a natureza, é que também foi observado quando é utilizado mais café do que o necessário no preparo caseiro: a maioria das pessoas não mede a quantidade na hora de fazer uma dose da bebida, desperdiçando e gerando mais emissões. Para completar a pesquisa, foram comparadas as emissões de diferenças províncias canadenses, especificamente de Alberta, segunda maior emissora do país, e Quebec, a que menos emite GEE.
Os resultados mostraram que o café filtrado tradicional, via cafeteira, é o que mais produz gases do efeito estufa, já que a quantidade de pó de café utilizada para fazer uma xícara é maior. Também entra na conta a energia usada no aquecimento da água e para manter a bebida quente. O segundo colocado é a prensa francesa, que também utiliza mais pó na produção de uma xícara, deixando o terceiro lugar para a cápsula.
Como a quantidade de café presente em uma única cápsula é controlada, não há como consumir mais do que o necessário, economizando de 11 a 13 gramas do pó, segundo os cientistas. Curiosamente, há um quarto colocado, que desponta como vencedor em economia de GEE — é o café solúvel, ou instantâneo, que utiliza menos café e menos energia, já que apenas esquentar a água na chaleira economiza, ao menos comparando com uma cafeteira.
Há como beber ecologicamente?
No final das contas, a parte mais poluente fica fora do controle dos consumidores, já que fica na frase agrícola, durante a produção do grão. Entre colheita e preparo, já estão de 40% a 80% das emissões, já que o pé de café precisa ser cultivado com irrigação intensiva, fertilização e pesticidas.
Mesmo assim, podemos economizar um pouco no consumo caseiro. Uma dica é preferir expressos de 50 ml a 100 ml, ou medindo a quantidade exata necessária para o preparo. Vale também lembrar que, apesar de serem mais econômicas, não convém abusar das cápsulas — podemos acabar bebendo mais, já que pensamos estar emitindo menos GEE, e nesse caso, a vantagem some.
Fonte: The Conversation