Insetos elétricos podem soar como algum tipo de Pokémon, mas a realidade é que isso não está muito longe do que pode acontecer com certos enxames destes animais. Um novo estudo revelou que o bater de asas dos insetos pode eletrificar o ar da mesma forma que acontece com a água e o ar em uma tempestade.
Quando uma nuvem está carregada em uma tempestade, pequenas partículas de gelo dentro dela estão sendo constantemente levadas para cima pelo movimento do ar. Ao mesmo tempo, partículas a partir de um certo peso acabam caindo. O atrito entre as partículas que sobem e as que descem acaba por eletrificá-las.
As partículas que sobem se tornam positivas e as que descem negativas, criando um gradiente ao longo da nuvem. O efeito pode culminar na formação de um relâmpago, mas, mesmo que isso não aconteça, o gradiente elétrico já afeta partículas suspensas no ar, como poeira e gases poulentes.
E os insetos, movimentando suas asas rapidamente, podem gerar um efeito parecido. Isso não significa que nuvens de gafanhotos vão começar a, além de destruir plantações, soltar raios por aí, mas a descoberta tem um grande valor interdisciplinar para a ciência.
O biólogo Ellard Hunting, da Universidade de Bristol, diz que “nós sempre observamos como a física influencia a biologia, mas em algum momento, percebemos que a biologia também pode estar influenciando a física.”
A descoberta foi feita a partir do monitoramento de um enxame de abelhas, no qual os cientistas mapearam a formação de um gradiente elétrico local em três minutos de deslocamento dos insetos. Foram observadas mudanças de até 100 volts por metro.
Aplicando o mesmo raciocínio com as devidas adaptações para outros insetos, os cientistas calcularam que, em uma nuvem de gafanhotos, a densidade de carga elétrica pode ser similar a de uma tempestade.
Os resultados completos da pesquisa foram publicados no periódico científico iScience.
Fonte: iScience Via: Science Alert