Eu sei que só de ler o título e a linha fina, você está me xingando mentalmente e preparando todos os seus argumentos pra me detonar nas redes sociais ou aqui mesmo nos comentários. Tá tudo bem, pode fazer isso sem problema algum! Mas eu te convido a continuar a leitura pra tentar compreender como eu cheguei na minha conclusão.
Quando “Deadpool” (2016) foi lançado, o objetivo era provar uma série de coisas pra audiência, pra própria Fox e, claro, pro Ryan Reynolds. Afinal de contas, ele carregou o sentimento (e a gente também) desde X-Men Origens: Wolverine (2009), que cagaram no personagem e não souberam aproveitá-lo da forma que ele merecia. Acredito que isso era uma percepção comuns entre os fãs da Marvel e de filmes de boneco.
Isolando isso, tem a questão da redenção, de fazer algo sério, de poder usar todos os recursos que uma classificação + 18 (NC-17 nos EUA) poderia proporcionar, mostrar que Deadpool é o personagem mais engraçado do universo Marvel, que a Fox conseguiria produzir um filme bom dos “X-Men”, que o Wade Wilson é o personagem mais zoeira, mais doido, mais improvável e que ele pode circular entre o multiverso fazendo o que bem entender e a gente nem vai ligar se vai ser canônico ou não. O primeiro filme conseguiu provar tudo isso, exceto pela parte do multiverso, que nos foi apresentado anos depois.
Em “Deadpool 2” (2018) tudo que eu disse acima foi ampliado. Chegaram novos personagens, teve a “X-Force”, teve o cara do táxi novamente, o Peter, o Cable e todas as milhares de piadas, referências pra melhorar as piadas e tudo aquilo que a gente já tinha visto. É um filme bom? Sim, mas não melhor que o primeiro. E o entendimento aqui é muito simples: você precisa surpreender a audiência quando apresenta a continuação de um produto. Esperamos melhorias, uma trama envolvente, novas motivações de vilões e heróis, mas o mais importante é apresentar o mesmo nível. Não só de forma técnica, mas de inovação em todas as linguagens de cinema que foram apresentados no primeiro filme.
Mas Bruno você não acha que está exagerando e esperando muito de um filme que é feito pra ser divertido?
Não, eu não estou exagerando! O cinema está repleto de filmes divertidos, mas que conseguem dentro da sua proposta, apresentar um enredo cativante, uma trama envolvente e uma narrativa que te prende do inicio ao fim. E é nisso que os filmes do Deadpool sempre se perdem. Apesar do segundo ser um ótimo filme pra maioria dos fãs do mercenário tagarela, eu disse lá em 2018 que ele era bom, mas somente até a página 2 (a crítica tá linkada no nome do filme parágrafo anterior).
Dito isso, chegamos no ponto em que eu queria chegar, mas não poderia sem trazer esse retrospecto. “Deadpool & Wolverine” (2024) é um bom amontoado de nada, cheio de cenas gráficas de ação, com sangue espirrando pra tudo que é lado, garra no saco, espada no cu, uma piada a cada 30 segundos, uma musiquinha pop dos anos 2000 e um monte de participação especial pra ajudar a subir o nível do negócio. TUDO ISSO A GENTE JÁ VIU!
Bruno você está muito louco, o filme é um barato, eu ri do começo ao fim, as cenas de ação são as melhores, o Wolverine tava foda, a sala do cinema em que eu estava, todo mundo dava risada alto, a galera até cuspia a pipoca que estava comendo na pessoa que estava sentada na poltrona da frente, esqueceram até de ficar mexendo no celular de tanto que o filme tava divertido. É o melhor filme da Marvel nos últimos anos. Eu vou parar de ler porque esse cara não sabe do que tá falando. Você queria que fosse o quê? Senhor Dos Anéis? É Deadpool caralho!
É isso que veio na minha cabeça todas as vezes em que eu pensei em escrever sobre esse filme. Eu sei de tudo isso, sei mesmo! Eu sabia exatamente o que esperar, mas eu carregava uma pontinha de esperança que fosse dar uma esboçada em alguma piada ou que fosse me surpreender com algo. Eu até fiquei contente com UMA e tem a ver com as participações especiais especificamente de um mutante que eu gosto muito. Só isso!
Lista completa das animações da Marvel
Você não vai ler uma sinopse de “Deadpool & Wolverine” (2024) aqui. Não precisa! O que importa nesse filme é que tem os dois personagens aprontando altas confusões, e que eles estão tirando sarro de tudo e todos o tempo todo. Sem qualquer respiro. Sentido? Não precisa também! Desde que as cenas de ação consiga prender sua atenção está ótimo demais.
E tudo bem se é só disso que você precisa num filme de um personagem que tem muito mais pra entregar e pra contribuir ao MCU (já que agora ele faz parte dele).
Eu sei, você sabe, mas aqui faltou muita coisa. Eu sei também que era mais uma forma de ver se a Disney ia aprovar uma produção desse cunho, era mais pra saber se o Reynolds teria a mesma liberdade de sempre pra brincar como quisesse, eu sei também que ninguém leva o personagem a sério.
Mas o cinema não pode nem deve se resumir a isso! Se você pegar, por exemplo, as paródias como “Todo Mundo em Pânico” (2000) e “Inatividade Paranormal” (2013), há um propósito claro do que se trata. É explícito, evidente, não deixa dúvidas pra ninguém. Você não se frustra!
Já “Deadpool & Wolverine” (2024) não faz isso. Você não sabe o que esperar de fato! Vai ser um filme com o primeiro? Vai ser um misto do primeiro com o segundo? O Wolverine? Qual motivo da volta? O vilão? Quais suas motivações? Ou foda-se tudo isso e bora só fazer a gente rir de graça sem o minimo de contexto possível que está bom? Pra isso já existe “Os Trapalhões”, uma atração de humor nacional que poderia servir muito bem como uma ótima inspiração. Você não espera nada além de palhaçada o tempo todo. É isso!
Cinema precisa de história, de começo, meio e fim. De motivações, de quebra de expectativa, de reviravoltas, de muito mas muito elemento pra fazer valer o preço do ingresso que você pagou e que não é barato. Não adianta vomitar um monte de coisa dentro de um universo que tem sido construído desde 2008 e esperar que um filme assim vair servir como “respiro” ou “alívio cômico”.
Só mostra mais uma vez que a tampa do caixão da Marvel Studios já pode ser colocada. Tudo de novo que a Marvel poderia nos apresentar como ápice, foi entregue em “Vingadores: Ultimato” (2019). Depois disso, são filmes trazendo Homem-Aranhas de volta, uma bagunça infinita com a AVT de Loki, a série da Wandinha fazendo surgir a série de uma bruxa que ninguém pediu e por aí vai.
Ou você acha aqui que ainda tem como tirar mais leite da vaca magra de “Deadpool” ou de qualquer outra atração e esperar que você vai ver algo diferente? Tem?
Fonte: www.proibidoler.com