Crítica The Witcher │ A despedida de Henry Cavill em uma temporada inconsistente
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Querendo ou não, todas as atenções para a terceira temporada de The Witcher estão voltadas para Henry Cavill. Mais do que a própria história de seu herói Geralt, é a saída do ator da série e como a trama vai lidar com isso o que mais intriga nos episódios que encerram o novo ano da adaptação. Contudo, qual a surpresa quando a Netflix decide simplesmente esconder Cavill e seu protagonista em prol de um fechamento inconsistente e insosso.
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Não que a história devesse parar para que a gente pudesse nos despedir do ator. No entanto, é frustrante ver como o seriado parece fazer questão de deixar de lado o personagem que dá nome à atração para se concentrar em tramas paralelas que não levam a lugar nenhum. São soluções repetitivas e decisões altamente questionáveis que nos fazem perguntar o que diabos está sendo contado.
Sem dar um adeus decente para o ator e muito menos fazer com que a trama geral avance, a impressão que fica é que a Netflix não sabe o que fazer com a série. Você vê aonde o roteiro quer chegar, mas fica claro que ninguém à frente da produção sabe como fazer isso — ou estão claramente nos fazendo de trouxa.
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Andando em círculos
Verdade seja dita, esta segunda metade da terceira temporada funciona bem mais do que os primeiros cinco episódios lançados em junho. Com Geralt, Ciri (Greya Allan) e Yennefer (Anya Chalotra) devidamente construídos como uma família, as motivações do herói nesses capítulos finais se tornam bem mais palpáveis. Não por acaso, acompanhar a luta do bruxo para ir atrás da filha é o ponto alto dessa narrativa mambembe.
Só que isso também destaca aquilo que esse Volume 2 tem de pior: a fragilidade de seu roteiro. De um lado, a gente tem um Geralt derrotado e fragilizado que passa a maior parte do tempo escondido na floresta se recuperando. É interessante vê-lo juntando os próprios cacos nesse ímpeto de encontrar Ciri, mas é uma pena que isso sejam migalhas em meio a muito conteúdo inútil.
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Ao mesmo tempo, isso faz co mque tenhamos mais cenas intermináveis de Ciri correndo e fugindo de tudo e todos enquanto enfrenta seus próprios demônios — exatamente o que ela vem fazendo ao longo de três temporadas. Sinceramente, eu já não aguento mais vê-la correndo e passando perrengue a ponto de torcer para que qualquer um a capture de uma vez na esperança de a história avançar.
Quando você acha que ela vai finalmente evoluir e deixar de ser essa donzela em perigo, a garota é novamente colocada nessa situação, obrigando Geralt e mover o mundo para protegê-la. É nesse ponto que os novos episódios se tornam cansativos e com a sensação de que estão andando em círculos — principalmente quando um terço dos novos episódios são dedicados apenas a isso.
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É irritante e incômodo essa falta de evolução não só da personagem em si, mas da narrativa à sua volta. Quando você acha que ela vai finalmente avançar e se tornar independente, seja com espada, magia ou mesmo por um óbvio amadurecimento, The Witcher faz questão de colocá-la de volta no mesmo lugar de sempre. A diferença aqui é que nem mesmo o “Geralt salvador” é aproveitado.
O primeiro soco
O episódio que abre o Volume 2 da terceira temporada de The Witcher traz um nome bastante propício: “Todo Mundo tem um Plano Até Tomar o Primeiro Soco”. E a impressão é que a temporada inteira levou uma surra a ponto de todo seu planejamento ter ido para o buraco.
Pode ser que o tabefe tenha sido mesmo a saída de Henry Cavill ou problemas nos bastidores, mas o fato é que todo o cenário que a primeira parte desenhou não serviu para absolutamente nada. A segunda metade da temporada começa muito bem ao finalmente fazer as peças desse tabuleiro andar, mas isso é logo deixado de lado a troco de nada.
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Além desse vai e vem repetitivo de Ciri, os episódios finais que deveriam marcar o clímax da temporada e trazer tanto a despedida de Cavill como o próprio gancho para o futuro são desperdiçados com coisas irrelevantes. O pau comendo, o Continente em frangalhos e a série para para fazer fazer velório de personagens que nunca foram mostradas em tela.
E esse é só um exemplo de como os roteiristas parecem perdidos em como conduzir a trama. É a analogia com o título: eles têm um plano, mas ele está bem longe de ser consistente e parece estar apanhando e se desfazendo a todo instante.
Você percebe para onde a história quer caminhar, mas o modo como isso é feito é o mais fuleiro possível. Ao invés de criar um desenvolvimento decente para Ciri, por exemplo, eles preferem repetir à exaustão a fórmula do corre e foge e, então, a colocam diante de uma lenda e de uma figura que surgem do mais absoluto nada e que desaparece na mesma velocidade. Uma solução porca para remediar a terrível escrita até aqui.
Pérolas aos porcos
Não dá para dizer que o fim da terceira temporada de The Witcher é um desastre, já que há alguns pontos altos que seguram a clara falta de rumo da série. A própria dinâmica de Geralt com Ciri e Yennefer se apresenta como o maior acerto até aqui e faz as coisas valerem a pena, ainda que não por muito tempo.
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A primeira metade mostrou como eles se aproximaram e se tornaram essa família, algo que é bastante sentido por aqui. Mesmo escondido ao longo desses três novos episódios, o pouco que Geralt aparece é para mostrar o quanto seu bruxo é um pai dedicado a salvar quem ama.
A própria Anya Chalotra faz isso muito bem. A atriz evoluiu bastante ao longo desses últimos anos e entrega uma Yen com bem mais presença do que no início da série, embora o roteiro aqui não ajude muito e a coloque sempre em situações que esse crescimento não seja aproveitado.
Outro destaque é o núcleo de Redânia, que já tinha chamado a atenção na primeira parte da temporada, mas brilha por aqui. A maga Philippa (Cassie Clare) e Dijkstra (Graham McTavish) estão ótimos no papel dessas figuras dúbias em meio à trama palaciana e são os responsáveis por fazer com que a história realmente avance nesse núcleo e de forma interessante.
Colocando nos eixos
Depois de um começo decepcionante, os episódios finais da terceira temporada de The Witcher pareciam ter encontrado o caminho para entregar um fechamento digno da popularidade da saga, mas apenas escancaram o quanto a produção parece estar perdida. Ainda que a trama geral finalmente tenha sinalizado para onde deve ir, tudo o que acontece nesse meio parece vazio, repetitivo e cansativo.
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Seja pelos roteiros que insistem em não sair do lugar ou mesmo ou mesmo pela direção sem foco, é muito triste ver como uma das sagas mais interessantes da atualidade está à deriva e se apoiando apenas no carisma de seus protagonistas — e que nem isso consegue aproveitar ao máximo.
Ainda que os motivos para a saída de Cavill sejam nebulosos e a sua falta nas próximas temporadas vai ser muito sentida, essa saída parece cada vez mais um livramento para o ator do que algo a ser lamentado. Ao mesmo tempo, a esperança é que esse chacoalhão dado pela troca de protagonista acorde a Netflix sobre a necessidade de melhorar as coisas.
Leia a matéria no Canaltech.
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