Conhecido por filmes de ação como 300, Invasão à Londres e Alerta Máximo, Gerard Butler já tem experiência no gênero, e em 2023 encarou mais um desafio: protagonizar Missão de Sobrevivência, um filme de Ric Roman Waugh, que chega aos cinemas no dia 27 de julho, entregando um bom enredo, porém genérico demais.
Na trama, Butler dá vida a Tom Harris, um agente secreto da CIA que, em meio a uma missão no Afeganistão, tem sua identidade revelada e precisa fugir dos inimigos para salvar sua vida. Para isso, ele conta apenas com a ajuda de Mo (Navid Negahban, de Homeland), um tradutor afegão que voltou ao país para tentar encontrar sua cunhada e caiu de paraquedas nessa aventura.
Apesar de ser baseado em histórias reais vividas pelo roteirista Mitchell Lafortune no período em que serviu em missões no país como oficial da Inteligência de Defesa, Missão de Sobrevivência não tem um diferencial que faça com que ele se destaque em meio a tantos outros longas do gênero.
Não é um filme ruim, tem excelentes tomadas de explosão e perseguições, corridas de carro e moto e uma tensão constante para saber se o mocinho vai sobreviver, além de efeitos especiais caprichados. Só que ele claramente foi pensado para agradar quem já está acostumado com esse estilo e isso fica nítido para o espectador. No fim, essa inspiração não faz muita diferença.
Sem ter um chamariz a mais, Missão de Sobrevivência é apenas mais do mesmo, ao contrário de O Pacto, de Guy Ritchie, que além da ação constrói uma boa relação dramática entre seus protagonistas em uma proposta bem semelhante do soldado americano e seu tradutor. Diferente da história de Gerard Butler, o longa de Jake Gyllenhaal faz com que o público tenha empatia, se comova e, consequentemente, se envolva com o que está sendo apresentado. Aqui, infelizmente a relação do herói Tom e do seu intérprete Mo não engaja.
Missão de Sobrevivência acerta no elenco
Se o enredo é básico e sem grandes novidades, a escolha dos atores foi acertada. Veterano no cinema, Butler deu vida a um ótimo herói de ação, daqueles que têm todo tipo de truque na manga para se dar bem no final. O ator já tinha trabalhado com o diretor Ric Roman em Invasão ao Serviço Secreto (2019) e a sintonia entre eles ficou clara em cena.
Quem também agradou muito foi Negahban, outro ator experiente e com passagens em filmes como 12 Heróis e Missão Síria. Ele ficou responsável pela maior parte da carga dramática do filme e se destaca nas cenas em que fala do seu filho que foi morto pelos Talibãs.
Já Nina Toussaint-White deu vida à jornalista Luna, e apesar de ter aparecido pouco em cena, deixou um gostinho de quero mais com sua atuação primorosa. A atriz tem mais experiências em séries, mas não fez feio na telona e mostrou que tem potencial.
Travis Fimmel é outro que agradou com o seu poderoso Roman. O ator já apareceu na série Vikings, em Criado por Lobos e no filme Os Fora da Lei, e conseguiu imprimir no personagem uma espécie de malandragem que agradou e o diferenciou dos demais.
Deixando os atores de lado e falando em cenografia, está aí mais um acerto do filme. Gravado em Jeddah e Al-Ula, cidades da região de Hejaz, na Arábia Saudita, o longa conseguiu retratar bem os cenários regionais, sem estereotipar a ambientação e mostrando a realidade local. Vale falar que a produção é uma das primeiras obras estadunidenses a ser filmada no país.
O respeito ao Afeganistão e a crítica aos Estados Unidos
Em entrevista à imprensa, Lafortune disse que queria escrever um filme que fosse respeitoso com o Afeganistão e, de fato, ele parece ter conseguido. O que não se pode esquecer, no entanto, é que estamos falando de uma produção estadunidense feita por um estadunidense e, desse modo, é inevitável encontrar um olhar enviesado para a história.
Apesar disso, é até possível curtir as poucas críticas ao gigante da América. Uma delas acontece quando Tom comenta com Mo como os EUA invadem os países da Ásia Central e do Oriente Médio, os destroem e depois ditam como eles devem viver. Apesar de breve, o diálogo entre os dois retrata um pouco do problemático imperialismo estadunidense e crava um acerto de Lafortune.
Por fim, o que se pode dizer de Missão de Sobrevivência é que ele é um filme clichê e mediano, daqueles que agradam os mais apaixonados pelo gênero, mas não conquistam o restante do público. Vale a pena assisti-lo no streaming, especialmente pela atuação dos dois protagonistas, porém o ingresso do cinema ainda é caro demais para uma trama tão comum.
Ainda assim, quem quiser dar uma chance à produção, poderá assisti-lo nos cinemas nacionais a partir do dia 27 de julho.