O oceano pode ser encarado como um sinônimo de mistério, já que essas vastas extensões de águas ainda são relativamente pouco exploradas. Nem os satélites conseguem captar o que esconde. Para desvendar parte desses segredos, cientistas da Woods Hole Oceanographic Institution (WHOI) usam robôs para navegar pela zona crepuscular e revelar os animais que nela habitam.
Na última expedição, que saiu de uma ilha do Havaí, nos Estados Unidos, o robô oceânico Mesobot observou quais espécies, raras ou não, frequentavam a zona crepuscular, ameaçada pelas mudanças climáticas. No total, ao menos oito tipos de criaturas foram observadas, sendo que algumas parecem literalmente de outro planeta.
O que é zona crepuscular do oceano?
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Antes de embarcar na expedição, vale mencionar que a zona crepuscular do oceano é, oficialmente, conhecida como zona mesopelágica. E está situada a uma profundidade que varia de 200 a mil metros abaixo da superfície, local em que a luz solar é tão fraca quanto o crepúsculo.
Na contramão, alguns animais exibem a sua bioluminescência — a luz produzida por organismos vivos — própria. Só que este é apenas um dos grupos que marca presença nesta fervilhante zona oceânica. Muitas espécies só estão em busca de um “lanchinho” e depois voltam para pontos ainda mais profundos do oceano.
Os 8 animais da zona crepuscular
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Entre os animais mais curiosos descobertos pela expedição norte-americana pela zona crepuscular do oceano, estão os sifonóforos, as salpas, as larvas de enguia, o peixe-machadinha, o tubarão-galha-branca-oceânico, o peixe-peróla, o espadarte e ainda as lulas.
1. Sifonóforos
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Individualmente, o sifonóforo (Siphonophore spp.) é uma criatura pequena, com cerca de 30 cm e capacidade de bioluminescência. A questão é que, nos oceanos, eles (as zooides) se juntam, criando um “megazord”, totalmente interconectado, capaz de se estender por dezenas de metros. O curioso é que cada parte tem uma função própria.
Além disso, o complexo organismo vivo pode habitar locais ainda mais profundos que a zona crepuscular — é encontrado a 2 mil metros de profundidade. A subida é feita na hora das refeições, quando deixa finos tentáculos semelhantes a uma linha de pesca, esperando o momento certo para o bote.
2. Salpas
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No mesmo caminho, as salpas (salps, em inglês) têm no máximo cerca de 20 cm, mas a união delas pode formar longas correntes (cadeias) medindo vários metros de comprimento. Além da bioluminescência, o corpo da Salpa Forskal lembra uma bolha gelatinosa, podendo ser confundida, na pior das hipóteses, com uma sacola plástica flutuando. Em oportunidades raras, já foram observadas próximas da superfície, como na costa da Califórnia.
3. Larvas de enguia
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Conhecida como leptocéfalo, a larva de enguia (eel larvae, em inglês) mais se parece com um fantasma do oceano no estágio larval do que outra coisa, totalmente transparente, exceto pelos olhos, medindo centímetros. Por conta dessa estranheza, a criatura foi classificada como uma nova espécie nos anos 1850, erro que só foi corrigido quando se confirmou que era uma das fases de desenvolvimento das enguias (Anguilla spp.).
4.Peixe-machadinha
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O peixe-machadinha (hatchetfish, em inglês) é uma pequena espécie, com menos de 10 cm. O Argyropelecus hemigymnus poderia passar despercebido nas profundezas, se não tivesse órgãos produtores de luz chamados fotóforos bioluminescentes na sua barriga.
5. Tubarão-galha-branca-oceânico
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O tubarão-galha-branca-oceânico (ocean whitetip shark, em inglês) é uma espécie solitária, só formando grupos quando há abundância de alimentos, que mede em média 3 m. O Carcharhinus longimanus costuma desbravar lentamente os oceanos, sabendo do seu poderio de guerra e da sua mordida fatal para a maioria das espécies.
6. Peixe-pérola
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Medindo no máximo 8 cm, o peixe-pérola (pearlside fish, em inglês) emite luz própria através de fotóforos, concentrados em seu ventre. O interessante é que a espécie Maurolicus muelleri costuma viver a maior parte do tempo na zona crepuscular do oceano, mas costuma subir para mais próximo da superfície no período da noite, onde aproveita para se alimentar.
7. Espadarte
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O espadarte (broadbill swordfish, em inglês) pode receber diferentes nomes, incluindo meca, mas não deve ser confundido com o peixe-espada. Embora tenham semelhanças físicas, o Xiphias gladius vive apenas em águas salgadas (no oceano), enquanto isso a outra espécie, a Lepidopus caudatus, é de água doce. O animal pode atingir até 4,5 m e pesar cerca de 450 kg.
8. Lula
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Nas imagens da zona crepuscular do oceano, ainda aparecem as lulas (squids, em inglês). Há inúmeras espécies de cefalópodes que habitam essa região, como a lula-morango (Histioteuthis heteropsis), de aproximadamente 20 cm. O nome é uma referência aos seus fotóforos, espalhados pela pele, que emitem uma luz entre o vermelho e o roxo. Eventualmente, é possível observar também as lulas-colossais (Mesonychoteuthis hamiltoni), com mais de 18 m.
Após conhecer melhor cada uma das espécies identificadas durante a última expedição na zona crepuscular, assista aos registros feitos pelo robô Mesobot, em outubro deste ano: