Em junho deste ano, o chefe do Instagram, Adam Mosseri, anunciou que a rede social não seria mais um aplicativo apenas de compartilhamento de fotos e deixou claro que a plataforma iria se concentrar cada vez mais nos conteúdos em vídeo. Ainda se referiu ao TikTok e ao YouTube como concorrentes diretos.
Vários discussões sobre esta mudança foram abertas entre os usuários, desde mega-influenciadores, como Kylie Jenner e Kim Kardashian, até fotógrafos profissionais que dependem do Instagram para divulgar seu trabalho online no formato de fotos.
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Usuários com deficiência visual e doentes crônicos também se pronunciaram. Ativistas da causa alegam que a comunidade tem sido negligenciada no processo desta mudança. Essas pessoas, na maioria das vezes, lutam muito para produzir conteúdo em vídeo e também para consumi-los neste mesmo formato.
O Instagram hospeda diversas comunidades de influenciadores, criadores de conteúdos e seguidores que se apoiam no que diz respeito a viver com suas deficiências nos dias de hoje. Mesmo assim, a plataforma parece não ter levado tanto em consideração a mudança concentrada nos vídeos.
Pensamento da comunidade de deficientes
Jameisha Prescod, uma jornalista e criadora digital deficiente que administra a conta @youlookokaytome no Instagram, disse que tudo isso é uma questão complicada.
“As comunidades com deficiência não são todas iguais e indivisíveis, algumas podem considerar o conteúdo em vídeo mais acessível e outras podem simplesmente não achar nada acessível”, afirmou. A própria Jameisha prefere criar conteúdo de vídeo, pois, consegue expressar “com mais nuance” o que desejar.
A situação da jornalista não se aplica a todos, por isso é importante ressaltar que a criação de vídeos no Instagram tende a consumir muito mais tempo do que a criação de fotos, e demanda uma edição mais demorada, assim como o tempo gasto para a gravação. Esses pontos já são um problema para os usuários com doenças crônicas, que lutam com a fadiga extrema.
Claudia Walder, fundadora e editora-chefe do Able Zine, considera inacessível a criação e o consumo de conteúdo de vídeo. Ela vive com Encefalomielite Miálgica ou Síndrome de Fadiga Crônica (ME/CFS), uma condição complexa que é caracterizada por fadiga extrema e uma variedade de sintomas incapacitantes.
Claudia explica que criar qualquer conteúdo nas redes sociais, inclusive no Instagram, causa fadiga à ela, mas precisando exercer muitas habilidades e manter uma atenção extra para criar vídeos, agora se tornou praticamente impossível para ela manter-se consistente nas mídias. “Tive que sofrer para tornar meu conteúdo mais compartilhável por causa do algoritmo”, diz ela.
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Fonte: Olhar Digital