De acordo com um estudo inédito realizado pela Fundação do Câncer, mulheres negras, mulheres com baixa escolaridade e mulheres da Região Norte são as mais acometidas pelo câncer do colo do útero, tumor maligno que pode ser prevenido a partir de exames de Papanicolau e por uma vacina contra o HPV.
Conforme a pesquisa, entre os casos analisados, mais de 60% eram em mulheres negras e cerca da metade em mulheres com baixa escolaridade; considerando apenas a forma mais grave do câncer, 62% dos casos foram registrados em mulheres com baixa escolaridade. O boletim usa dados populacionais e registros de mais de 300 hospitais do país de 2005 a 2019.
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O documento, divulgado na info.oncollect, apontou ainda que no geral a forma grave acomete 49 a cada 100 mil mulheres no Brasil. Quando considerada apenas a Região Norte, a incidência foi ainda maior, 79 a cada 100 mil mulheres, a maior taxa do país. A Região Sudeste registra a menor incidência: 36 a cada 100 mil mulheres.
Em todo país, oito a cada 100 mil mulheres morrem em decorrência desse câncer, segundo dados de 2015 a 2020. Na Região Norte, o número é maior, 15 a cada 100 mil mulheres, enquanto na Região Sudeste cai para aproximadamente 6 mulheres a cada 100 mil.
De acordo com os pesquisadores, o levantamento revela a vulnerabilidade dessas populações e gargalos nos serviços de saúde. Os dados buscam alertar para isso e para a incidência da doença que, embora seja silenciosa, pode ser evitável a partir do acompanhamento médico de rotina, além de ser curável quando diagnosticada precocemente.
“Os dados trouxeram informações que mostram o quanto é desigual o atendimento ao câncer no Brasil”, diz o epidemiologista e consultor médico da Fundação do Câncer Alfredo Scaff. “O câncer é uma doença tempo dependente. Quanto antes fizermos o diagnóstico, melhor. Quanto mais precocemente conseguirmos fazer o diagnóstico, mais rápido é o tratamento, menos doloroso e maior a sobrevida das pacientes.”
Prevenção câncer do colo do útero
A principal causa do câncer do colo do útero, segundo o Ministério da Saúde, é a infecção por alguns tipos de vírus chamados Papiloma Vírus Humano (HPV). Trata-se de um tipo de câncer que demora muitos anos para se desenvolver. As alterações das células que dão origem a este câncer são, no entanto, facilmente descobertas no exame preventivo. Conforme a doença avança, os principais sintomas são sangramento vaginal, corrimento e dor.
As lesões que precedem o tipo de câncer não têm sintomas, mas podem ser descobertas por meio do Papanicolau. Quando o câncer é diagnosticado na fase inicial, as chances de cura são de 100%. A recomendação é, para evitar a doença, para todas as mulheres que já tiveram relação sexual, especialmente as que têm entre 25 e 59 anos, fazer o exame considerado preventivo.
Além dos exames, a vacinação também é uma forma de combate. A vacina contra o HPV é ofertada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nos postos de saúde. Ela é voltada para meninos e meninas de 9 a 14 anos. Podem também se vacinar homens e mulheres imunossuprimidos, de 9 a 45 anos, que vivem com HIV/aids, transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea e pacientes oncológicos.
“A gente ainda considera um câncer negligenciado. Sabemos a causa, tem como evitar, tem vacina nos postos de saúde e, ainda assim, temos incidência alta em algumas regiões. A gente precisa dar uma resposta para isso”, disse o diretor-executivo da Fundação do Câncer, Luiz Augusto Maltoni.
“Câncer é uma doença que tem cura. Câncer do colo do útero no estágio inicial é curável. É um tratamento muito mais fácil de ser feito, muito mais acessível, menos doloroso para a paciente e sua família. O que a gente quer com isso é eliminar o câncer do colo do útero, e isso é possível fazer com uma geração”, pontuou Scaff.
Via Agência Brasil
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Fonte: Olhar Digital