Betelgeuse, uma das estrelas mais brilhantes do céu noturno, localizada na constelação de Órion, a cerca de 650 anos-luz daqui, pode não estar sozinha. Um estudo recente sugere que ela possui uma companheira semelhante ao Sol, o que pode explicar as variações regulares em seu brilho.
Conhecida por passar por ciclos de escurecimento e clareamento que se repetem a cada 400 dias, Betelgeuse apresentou uma anomalia em 2020, quando seu brilho diminuiu de forma incomum. Além desse ciclo mais curto, há também uma variação mais lenta, com intervalos de aproximadamente seis anos, chamada longo período secundário (LSP).
Meridith Joyce, professora da Universidade de Wyoming e coautora do estudo, destaca que muitas estrelas possuem LSPs, mas Betelgeuse se destaca por ser mais massiva que as demais. Junto com os pesquisadores Jared Goldberg, do Instituto Flatiron, e László Molnár, do Centro de Pesquisa de Astronomia e Ciências da Terra, Joyce explorou possíveis explicações para essas variações de brilho.
De acordo com a pesquisa, que ainda não foi revisada por pares e está disponível em versão de pré-impressão no servidor arXiv, as flutuações de 400 dias são causadas por um processo natural no qual o gás no interior da estrela aquece, sobe à superfície e se expande, antes de esfriar e fazer com que ela encolha.
No entanto, a causa do LSP de Betelgeuse permaneceu um mistério. Entre as hipóteses analisadas pela equipe estavam a presença de nuvens gigantes de poeira e diferenças na rotação do núcleo e da superfície da estrela.
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Existência de companheira da estrela Betelgeuse precisa de confirmação
Após investigações, os cientistas propuseram que uma estrela companheira, chamada de “Betelbuddy”, estaria atravessando as nuvens de poeira ao redor de Betelgeuse. Isso dispersaria temporariamente a poeira e permitiria que a luz da estrela ficasse mais visível da Terra. Os cálculos sugerem que o objeto secundário poderia ter até o dobro da massa do Sol.
Apesar da plausibilidade da teoria, ainda não há confirmação de que Betelgeuse tenha realmente uma estrela companheira. Joyce apontou que o Betelbuddy pode até ser uma estrela de nêutrons, o núcleo denso de uma estrela colapsada, mas a ausência de emissões de raios-X não corrobora essa ideia. Ainda assim, a maioria das estrelas tem companheiros, o que reforça a possibilidade.
Visualizar diretamente a hipotética Betelbuddy é um desafio com a tecnologia atual, mas novas observações estão sendo planejadas. A próxima oportunidade será em dezembro, segundo Joyce.
Fonte: Olhar Digital