Bebê fica internado na UTI por 17 dias após picada de jararaca

No Brasil, os acidentes ofídicos, também conhecidos como casos de envenenamento por serpentes, são relativamente comuns. No entanto, há um relato raro de um bebê, no interior de São Paulo, que ficou 17 dias internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), após ser picado por uma jararaca.

Sem cogitar a possibilidade do filho de 1 ano e 10 meses ter sido picado por uma jararaca, os pais levaram a criança para um pronto-socorro localizado na cidade de Santana de Parnaíba. Naquele momento, o bebê estava com o braço bastante roxo, e eles acreditavam que era um machucado provocado por uma queda desconhecida.

Sem respostas, a criança foi transferida para um hospital na capital do estado. No novo centro médico, a equipe levantou a suspeita de que se tratava de uma picada de aranha. Novamente, a hipótese estava errada, e a criança só foi diagnosticada corretamente com o apoio da equipe do Instituto Butantan, segundo o relato.

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A seguir, veja imagens de uma espécie de jararacas comuns no estado:

Picada de jararaca em bebê

Em consequência do veneno da serpente e do processo que foi chegar ao diagnóstico, o bebê passou 17 dias na UTI. Inclusive, as toxinas provocaram necrose — a morte dos tecidos — em uma parte do braço, mas, após cirurgia e 17 pontos, a criança se recuperou bem. Ela também manteve os movimentos das mãos preservados. 

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Vale destacar que um dos pontos centrais para o diagnóstico da picada de cobra ocorre pela análise da “lesão” e dos sintomas descritos. Por exemplo, o veneno da jararaca costuma causar:

  • Inchaço local;
  • Manchas roxas; 
  • Sangramento no local do ferimento;
  • Sangramento em mucosas, como as gengivas e o nariz;
  • Necrose;
  • Insuficiência renal.

Com o diagnóstico correto de picada de jararaca, foi possível receitar para a criança o soro antibotrópico. Este é um tipo de medicamento feito especificamente para neutralizar o veneno das jararacas, produzido integralmente pelo Butantan.

Em paralelo, a família da criança identificada apenas como Heitor realizou uma vistoria na casa, buscando possíveis serpentes. A jararaca estava escondida atrás do sofá, reforçando as conclusões da equipe médica. Todo o caso ocorreu em maio de 2022, mas só foi relatado agora.

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Reconhecendo a jararaca

A espécie Bothrops jararaca é a mais comum do sudeste do Brasil e, muito provavelmente, está relacionada com o relato de caso, mas há outras espécies de jararacas pertencentes ao gênero Bothrops, da família Viperidae.

Serpentes deste gênero podem ser encontradas em regiões que vão da Bahia até o Rio Grande do Sul, com forte presença em áreas de Mata Atlântica. Geralmente, as fêmeas são maiores que os machos e podem medir cerca de 1,5 m de comprimento.Há relatos muito raros de espécimes que nasceram com duas cabeças.

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Para identificar as jararacas, existem dois principais pontos de atenção:

  • O padrão geométrico, que é na forma de ferraduras bastante visíveis na lateral do corpo. Estes desenhos tendem a ser mais escuros;
  • Por ter policromatismo, não há um padrão único de cores. Estes podem variar em tons marrons escuros ou claros, verdes, acinzentados ou amarelos. 

Acidentes ofídicos no Brasil

Independente da serpente, a gravidade do acidente ofídico vai depender da quantidade de veneno inoculado e do tempo entre a picada e a aplicação do soro, como o soro antibotrópico. Se a aplicação do remédio levar mais de 6 horas a partir da picada, o risco de complicações aumenta.

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Considerando os dados brasileiros, o Ministério da Saúde informa que, em 2021, foram 31,3 mil acidentes ofídicos no país, com 139 mortes. Do total, 70,8% foram causados por jararacas dos gêneros Bothrops e Bothrocophias (22,2 mil), com 92 óbitos. Entre bebês e crianças, o número de casos — independente da espécie — foi de 2,4 mil, sendo apenas 11 mortes.

A maioria dos incidentes ocorrem na zona rural (77,5%), e a parte do corpo mais picada são os pés, seguidos por pernas e mãos, segundo o Boletim Epidemiológico. Além disso, os acidentes com cobras tendem a ser mais comuns nos meses mais quentes do ano, o que coincide com a temporada de chuvas e o verão.

Fonte: Instituto Butantan (1) e (2), Boletim Epidemiológico e Flickr    

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