Com a ascensão das empresas de streaming, a TV fechada – ou TV paga, ou, ainda, TV por assinatura – vem precisando se reinventar, pois vem passando por muitas perdas de assinantes.
Tais empresas, como Claro, Vivo e Sky estão atrás de remodelar-se, seja com parcerias com streamings, venda de pacotes transmitidos online, ou, ainda, coproduzindo filmes. Enquanto isso, as empresas de tecnologia se aproximam do modelo das antigas telecoms.
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Decaída das TVs por assinatura
Segundo o UOL, além da forte concorrência dos streamings, a venda de pacotes por altos preços e longa crise financeira também afetam as TVs pagas.
Mesmo com o ápice da pandemia de Covid-19, a situação não mudou.
- Em 2015 – auge do mercado -, eram 19,8 milhões de assinantes, em março deste ano, o número caiu para 13,4 milhões – redução de 32,8%;
- A líder desse setor é a Claro, mas ela está ainda pio: 42,46% de perdas entre 2015 e 2023;
- Na audiência, segundo o Kantar Ibope Media, houve retrocesso de 20% – um a cada dez TVs não tem mais canais pagos sintonizados.
Apesar do cenário desanimador, o setor analisa não até onde pode ir, mas até quando é viável nos moldes atuais.
“Nosso principal negócio não é a TV por assinatura, é banda larga, móvel”, atesta Fernando Magalhães, diretor de Programação e Conteúdo da Claro.
No ranking de participação no mercado as três principais são:
- Claro, com 43,8%;
- Sky, com 28,7%;
- Oi (em recuperação judicial), com 17,7%;
- A Vivo nem aparece no Top 3.
A gente não está mais na estratégia do ‘ah, acabou o mundo, a TV por assinatura acabou’. O que estamos fazendo é nos adaptar.
Fernando Magalhães, diretor de Programação e Conteúdo da Claro
“Reinventando a roda”
Como dito, as operadoras estão trabalhando em formas de se reinventar para seguirem como forte opção aos consumidores de conteúdos pagos.
IPTV – a TV paga pela internet
Uma das formas de recuperar o terreno que as TVs por assinatura encontraram foi a comercialização de seus produtos pela internet, a famosa IPTV.
O exemplo mais famoso é a DGO, da Vrio (que também é dona da Sky). Nela, o assinante assiste à mesma programação tradicional da TV fechada, mas pela internet, sem o uso de cabos ou aparelhos externos. Ela custa a partir de R$ 69,90 por mês.
A Vivo também oferta serviço similar, mas de forma mais “acanhada”. O Vivo Play está custando R$ 40 mensais em seu pacote básico. Já a Claro oferta a Claro TV+, acessada pelo navegador em um PC, app em SmarTVs e smartphones/tablets, ou por aparelho próprio que conecta a TV à internet. Sai a partir de R$ 69,90 mensais.
Mas como esse segmento não tem a regulamentação da TV paga e não há divulgação constante de seus números por parte da Anatel, não é possível medir se está crescendo ou não.
TV por assinatura como central de conteúdo
Para seguirem relevantes no mercado, as operadoras também resolveram se unir ao inimigo. Por meio de Sky, Vivo, Claro, etc., pode-se assinar Globoplay, HBO Max, Star+, Paramount+, Disney+, Netflix, Prime Video, entre tantas outras.
É claro que não é necessário ter uma assinatura de TV fechada para ser usuário de streamings, mas, segundo as operadoras, há comodidades em assinar tudo junto, como possíveis descontos e a “comodidade” de tudo ser cobrado em uma só fatura.
Ainda assim, não é o suficiente para reconquistar o público debandado. Por isso, segundo Magalhães, a Claro tem outra carta na manga. “A gente chama de metadados”, afirma.
Isso nada mais é do que a famosa central multimídia – similar ao Roku, por exemplo, todas as informações dos streamings ficam centralizadas no aparelho inteligente da operadora, facilitando a busca de conteúdos, independente da plataforma na qual esteja hospedado.
Produtores de filmes
A Claro vem se dando bem como produtora de filmes; de 2015 para cá, a empresa de um prejuízo bilionário para lucro operacional. Parte do dinheiro, via incentivos fiscais, é reinvestido em coproduções de filmes no Brasil, como a Netflix.
Atualmente, são 33 filmes com recursos Claro, chegando a R$ 100 milhões, havendo, especialmente, cinebiografias, como Rita Lee, Mamonas Assassinas, Silvio Santos e Ayrton Senna.
Essa é a forma que as operadoras podem apoiar filmes, pois, a Lei do Acesso Condicionado, de 2011, impede o financiamento de conteúdo exclusivo para suas plataformas. Logo, a Netflix poderá ter novos assinantes (mesmo após perder clientes graças a nova taxa) com a nova série de Ayrton Senna, mas a Claro não deverá ter o mesmo resultado, pois mesmo sendo coprodutora de longa do tricampeão de Fórmula 1, a lei de 2011 a desabona.
Houve demora na “virada de chave”?
Como dito anteriormente, Roku, Amazon, Google e Apple são exemplos de empresas que já estão atuando com esses produtos há tempos. Todas elas são verdadeiras portas de entrada dos streamings, oferecendo os conteúdos das streamers e podendo até assinar tudo em um só lugar.
Hoje, podemos dizer que as plataformas são canais e as empresas têm as funções das antigas operadoras, só que, hoje, as telecoms disputam espaço com as grandes do Vale do Silício.
É óbvio que, se você voltar dez anos 15 anos atrás, a TV por assinatura tinha o monopólio de entrega de conteúdo. Não tem mais, porque, agora, você têm essas plataformas.
Fernando Magalhães, diretor de Programação e Conteúdo da Claro
Com informações de UOL
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Fonte: Olhar Digital