Em estudo publicado na revista científica Food Research International, cientistas ressaltaram a influência da alimentação dos pais na obesidade dos filhos. Segundo a equipe, essa interação acontece por conta do eixo intestino-cérebro, sistema que conecta os dois órgãos e tem relação direta com problemas metabólicos.
Para chegar a essa descoberta, a equipe analisou proteínas e outros fatores relacionados a doenças metabólicas em roedores, em busca de alterações que pudessem resultar na suscetibilidade a doenças. O experimento consistiu em induzir a alimentação hipercalórica aos roedores, e então fazer um exame de sangue e uma análise dos tecidos dos filhotes.
Na prática, os pesquisadores analisaram a expressão de genes codificadores de proteínas envolvidas na ativação da resposta imune inata, na permeabilidade intestinal e nos estimulantes do apetite, além da homeostase energética — que pode ser definida como um estado de energia constante que o corpo humano procura manter para um desempenho ideal.
Através da análise, os pesquisadores puderam ver que, quando o pai se alimentava com uma quantidade exagerada de gorduras e açúcares, isso impactava a prole com alterações com o aumento de ativação de vias inflamatórias no hipotálamo, uma região cerebral envolvida no controle do apetite.
No estudo, os autores também revelam alterações em fatores associados à homeostase energética, o que leva ao aumento do processo inflamatório e de ganho de peso. Com 90 dias de idade, os ratinhos também mostraram alterações nos parâmetros de controle de fome e saciedade.
A conclusão do estudo é que a alimentação tanto do pai quanto da mãe pode modular as bactérias na microbiota intestinal da prole e programar sua suscetibilidade a doenças metabólicas. Segundo os pesquisadores, isso serve de alerta para o planejamento de uma gestação, por exemplo, que deve vir acompanhado de mudanças no estilo de vida, para diminuir os riscos de obesidade no filho.
Fonte: Food Research International via Agência Fapesp