Ajuda nas crises é tão mais forte quanto é coletiva

Por Roberta Knijnik.

Inicialmente minha ideia para a coluna de maio era bastante diferente, mas seria impossível ignorar toda a tragédia que estamos vivendo no Rio Grande do Sul. E digo ‘estamos’ não figurativamente, mas literalmente porque, de fato, estou na região, em Porto Alegre, com minha família, amigos e conterrâneos, vivendo isso tudo e agindo de perto e para auxiliar o máximo de pessoas possível.

Ver o estado que nasci, e que amo, totalmente destruído é muito complexo. Um misto de sensações ambivalentes de estar grata por minha casa não ter sido afetada e pelo terror de ver tantas famílias perdendo tudo.

E se algo aprendi no meio deste caos que seguimos vivendo é que o poder da conexão é algo incrível. Pessoas que entraram em um movimento de ajuda e solidariedade foi realmente muito bonito. Diria até que foi uma das poucas coisas que me deram energia no meio de tudo. Obrigada, obrigada e obrigada! Palavras nunca serão o suficiente para agradecer o apoio e compaixão que vocês tiveram.

A união é o que fez a diferença na hora de reconstruir o que foi perdido no Rio Grande do Sul.

Ajudando da forma que podemos

Individualmente, a maneira mais imediata de ajudar à população afetada pelas enchentes e chuvas fortes no estado do Rio Grande do Sul, principalmente para quem está longe, é, sim, doando. Entre os itens mais urgentes estão:

  • água potável;
  • roupas – principalmente para crianças pequenas;
  • alimentos não perecíveis.

Mas, essa ajuda individual tem um alcance relativamente limitado, algo que só pode ser expandido coletivamente.

Ultimamente falamos cada vez mais do conceito de ESG nas práticas cotidianas das empresas, mas quase sempre focando em criar modelos de governança, promovendo o bem-estar social e assegurando a preservação do meio-ambiente. No entanto, quando passamos por momentos de crise como o atual, o conceito de ESG é tão ou mais importante, pois muito provavelmente ele criou culturas internas capazes de perceber as urgências e agir rapidamente para acolher e socorrer quem mais precisa.

Tanto por isso, logo que começaram os alagamentos me coloquei na posição de agir na linha de frente, criando uma ponte direta entre a Intel e as populações mais afetadas, utilizando esse poder do coletivo para expandir o meu alcance pessoal.

No último dia 9 de maio, nosso escritório em São Paulo se tornou um grande centro de triagem das doações que recebemos, comando mais de 800 litros de água, 400 quilos de ração e mais de 70 caixas e sacolas com doações. E o escritório segue recolhendo doações e já mandou mais duas vans cheias de doações de água, cobertores e roupas.

Essa cultura é algo tão forte que a empresa ainda laçou uma campanha global de arrecadação por meio da Intel Foundation, na qual os 130 mil funcionários ao redor do mundo podem contribuir com qualquer quantia, e a Intel irá dobrar o valor final. No final dessa campanha arrecadamos 100 mil dólares que foram doados para o Rio Grande do Sul através de duas ONGs.

Contudo, o que dá ainda mais esperança é ver que a Intel não é a única grande corporação agindo para socorrer os afetados por essa tragédia.

A Dell Technologies, cliente e parceira da Intel, foi uma das empresas atingidas pelas enchentes, sua sede em Eldorado no RS teve grandes prejuízos, mas não por isso que ela não fez sua parte para ajudar o Estado que a abriga.

A Dell, além de fornecer apoio a todos os seus colaboradores e familiares impactados pelas enchentes, fez uma campanha global de arrecadação de dinheiro junto aos seus funcionários e dobrou o valor arrecadado que foi revertido a ONGs do RS. A empresa criou uma força-tarefa para apoiar e prestar ajuda humanitária às pessoas afetadas, em conjunto com a Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais e a MGN, consultoria para ajuda humanitária. As doações incluem:

  • itens emergenciais;
  • laptops para atendimento às vítimas;
  • alimentação;
  • combustível para socorristas.

A IBM realizou uma ação de arrecadação entre seus funcionários, também com a intenção de dobrar o valor total no final. A Amazon, por sua vez, está fornecendo serviços de tecnologia de infraestrutura em nuvem, com o Amazon Web Services, para a ONG Help.NGO.

Utilizando os recursos da empresa, a organização está capturando imagens de alta resolução das áreas afetadas para auxiliar as equipes de socorristas nas operações de resgate e busca por desaparecidos. Além disso, a própria Equipe de Socorro a Desastres da Amazon já está atuando com organizações locais de ajuda humanitária na distribuição de alimentos, kits de higiene, cobertores e roupas às famílias necessitadas.

A Microsoft Disaster Response (MSDR), mobilizou equipes de apoio para garantir que os serviços públicos essenciais sejam restaurados o mais rápido possível e prestando assistência técnica e humanitária às comunidades locais afetadas pela crise, aproveitando a tecnologia para aumentar a eficácia na identificação de prioridades e na avaliação de danos.

Usando a tecnologia para prevenção

E para além da ajuda emergencial que recebemos de tantas empresas e pessoas, a tecnologia é uma grande aliada na luta pela prevenção. A Intel, Amcham e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), realizam o primeiro “Hackathon Brasileiro de Inteligência Artificial (IA)”.

O Hackathon contará com participação de profissionais de startups que se concentrarão no desenvolvimento de soluções de Inteligência Artificial (IA) para o combate à fome e aos efeitos negativos das mudanças climáticas, indo ao encontro dos temas prioritários da presidência brasileira do G20 – grupo formado pelas maiores economias do mundo mais a União Africana e União Europeia.

“Juntos somos mais fortes” não é brega, é fato

É aquecida por esse espírito de colaboração e, principalmente, muita solidariedade, que tenho ainda mais certeza que as pautas e bandeiras sobre formar culturas inclusivas e promover o bem-estar social surtem efeito, sim, e vão muito além de “textões no LinkedIn”.

Mesmo ainda em um momento de muita luta – e dor, porque é impossível desligar os sentimentos nessa hora, – tudo isso me dá forças para acordar mais um dia, sabendo que esse pesadelo vai passar e com a ajuda de todos, vamos reconstruir o Rio Grande do Sul.

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