O ESG (Environmental, Social and Corporate Governance) vem se consolidando como a mais relevante referência para a longevidade das corporações sustentada em pilares muito além dos resultados e lucros. Independente do setor, essas três letras — que estão substituindo o termo sustentabilidade no mundo corporativo — afirmam o comprometimento de uma organização com questões ambientais, sociais e de governança.
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O ESG é uma alavanca de valor para as companhias que, atentas às mudanças no perfil dos consumidores, passam a adotar, efetivamente, boas práticas como parte do dia a dia. Com a transição de uma economia industrial para a digital, o capital intelectual ganha destaque, ao mesmo tempo em que fatores intangíveis passam a impactar ainda mais a reputação das empresas.
Os compromissos estabelecidos pelo ESG devem perpassar toda a atuação de uma companhia. Da gestão de pessoas e engajamento de colaboradores à produção de bens e serviços de maneira sustentável, com estratégias de negócios que contemplem benefícios para os mais variados públicos com os quais uma empresa se relaciona. É indispensável adotar, de maneira efetiva, ações sociais e iniciativas de atenção a pessoas em situação de vulnerabilidade, contribuindo para um círculo virtuoso da melhora das condições de vida do ser humano.
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Em 2021, a McKinsey apontou que o termo é primordial em questões de investimentos, fusões e aquisições. O ESG veio para ficar e é item obrigatório na pauta de investidores e órgãos financeiros. Na bolsa americana Nasdaq, as organizações listadas devem publicar, desde o ano passado, informações relativas à diversidade no conselho. Por aqui, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) adota iniciativa semelhante em 2023.
Especialistas apontam que, em função do ESG, também devemos observar o crescimento de tecnologias sustentáveis, que representam uma oportunidade de diferenciação competitiva para as empresas, além de um maior comprometimento na aplicação de recursos. Como consequência, a previsão é de que uma nova cadeia de valor seja projetada por clientes e fornecedores, com o objetivo de atender as demandas do ESG e o cumprimento das respectivas metas.
Não basta que as empresas de tecnologia entreguem projetos, produtos e serviços. Será preciso considerar os impactos e as regulamentações ambientais, sociais e de governança, com ações práticas e efetivas dentro e fora das organizações. Esse movimento complexo poderá mudar todo o ecossistema de stakeholders de uma companhia e, quando concretizado, lucro e sucesso devem ser projetados no médio e longo prazo, aprimorando a experiência dos usuários.
A qualidade da gestão das companhias; a cultura e o clima organizacional; a excelência na produção; a venda e o atendimento aos clientes, com destaque para o pós-venda e a capacidade de suas equipes inovarem constantemente consolidam-se como os aspectos de maior importância na determinação de valor.
Outra consultoria, a KPMG, lançou o estudo “S de ESG – Governança Social para Startups”, em parceria com a venture WE Impact. O levantamento mostrou que as startups com mais mulheres na liderança dedicam mais atenção ao assunto. As empresas com liderança feminina mulheres têm 54% de desempenho na área ambiental, 53% na social e 48% em governança. Quando os homens estão à frente, os percentuais caem para 40%, 42% e 46%, respectivamente.
O planeta merece e precisa de dedicação semelhante por parte das companhias, o que já vem ocorrendo, como mostram os dados de um estudo da Assessoria de Análise Econômica e Gestão de Riscos (ASA), com colaboração do Instituto Brasileiro Governança Corporativa (IBGC). Uma das constatações do levantamento indica que os investimentos sustentáveis globais cresceram 15% e alcançaram a marca de US$ 35,3 trilhões.
As companhias aéreas globais, por exemplo, investem na compensação de carbono e em aeronaves movidas a hidrogênio ou híbridas, em busca de reforçarem seus compromissos com o meio ambiente. Potência da economia brasileira, o agronegócio também está atento a essa questão, como mostra um levantamento da consultoria Michael Page, que apontou um crescimento de 50% na busca por profissionais de ESG para o setor. Outro levantamento, da gigante PwC, indica que os líderes brasileiros do agro acreditam que suas empresas precisam fazer mais para divulgar seu impacto ambiental.
Ampliando essa análise para outros setores da economia do nosso país, a quantidade de companhias que relatam suas emissões de carbono dobrou nos últimos três anos, alcançando um patamar recorde. A informação é parte de um levantamento do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas (FGV). Os dados indicam que 305 companhias publicaram inventário de gases de efeito estufa em 2021, aumento de 108% na comparação com 2018.
Para apoiar as PMEs na transformação e protagonismo de suas próprias jornadas de sustentabilidade, o mercado já conta com recursos de tecnologia para calcular e gerenciar as emissões de carbono de um negócio de maneira rápida, intuitiva e permitindo sua neutralização com créditos de carbono.
Caminho semelhante deve ser trilhado pelas empresas de distribuição e logística, cuja cadeia de negócios envolve a importação de produtos e o escoamento das riquezas produzidas pelo país, prioritariamente pelo modal rodoviário, com transporte de cargas por distâncias continentais, como é o caso do Brasil.
Os impactos e oportunidades advindos do ESG sinalizam uma certeza para as próximas décadas. As empresas podem e devem atuar de maneira responsável para com a sociedade e o planeta, com boas práticas de governança corporativa, pois é a partir destes novos direcionamentos que será possível alcançar performance financeira e garantir o legado e a longevidade de grandes marcas no futuro.
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