5 filmes sobre a questão manicomial no Brasil

Por muitos anos, a realidade dos manicômios no Brasil chocou pela brutalidade e violência com que os internos eram tratados. Negligenciados, eles eram vítimas de violência física e psicológica e ficavam presos sem ter quase nenhum contato com a sociedade. Diante de tanto absurdo, surgiu a necessidade de repensar o assunto e em 2001, por meio da Lei 10.216, essa situação começou a mudar.

Iniciou-se um movimento gradual de fechamento de hospícios no país, e a forma como os internos eram cuidados também mudou. Ao invés de ficarem presos, atados em camisas de força e recebendo choques elétricos, eles começaram a ter assistência psicológica e médica, visando a reintegração à sociedade.

A reforma também definiu a criação dos CAPs (Centros de Atenção Psicossocial) e argumentou que os pacientes só seriam internados se o tratamento fora do hospital se mostrasse ineficaz. Mas, apesar dessa lei ter sido criada há tanto tempo, ainda há manicômios sendo fechados em pleno 2024. O Hospital Psiquiátrico Santa Mônica, que fica em Petrópolis (RJ), por exemplo, encerrou suas atividades no dia 8 de fevereiro.

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Isso prova como a questão manicomial no Brasil ainda precisa ser levada com mais seriedade. Felizmente, existem vários filmes e documentários que tratam sobre o tema. Conheça alguns deles.

5. Holocausto Brasileiro

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Um dos documentários brasileiros sobre saúde mental mais importantes dos últimos tempos, Holocausto Brasileiro mostra a realidade do que acontecia no Hospital Colônia em Barbacena (MG) nas décadas de 1900 até 1980. 

O local foi um dos hospícios mais famosos do Brasil e recebeu milhares de internos ao longo dos anos. Entre eles, estavam os que realmente sofriam de alguma doença mental, mas também pessoas LGBTI+, mulheres que não se casaram virgem, as que foram abandonadas pelos maridos, entre outras. Lá, além de ficarem totalmente isolados da sociedade, os pacientes ainda viviam em condições sub humanas, sendo vítimas de choque elétricos e tendo que se alimentar até de ratos mortos.

Mesmo tendo sido desativado há muitos anos, até hoje o Colônia é um símbolo emblemático na luta manicomial, já que representou todos os horrores da época. E foi com isso em mente que a jornalista brasileira Daniela Arbex escreveu sobre o caso no seu livro homônimo que, anos mais tarde, serviria de base para o documentário lançado em 2016.

Produzido pela HBO, ele agora está disponível na Netflix e também no YouTube e é um soco no estômago de qualquer pessoa ao mostra a brutalidade com que os internos eram tratados.

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4. Saúde Mental e Dignidade Humana

Outro documentário importante para quem quer saber mais sobre a realidade manicomial do Brasil é Saúde Mental e Dignidade Humana. Ele foi produzido pelo Centro de Memória da OAB e traz entrevistas com especialistas sobre o assunto, além de mostrar os projetos de lei que tratam dessa questão.

Um dos pontos debatidos na obra é sobre a questão da “prisão perpétua” a qual os doentes são submetidos, afinal, muitos deles ficaram reclusos até o final da vida, sem chance de serem reintegrados à sociedade.

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Outra questão abordada é a participação da OAB na luta antimanicomial e em reconhecer que todos são iguais perante a lei, inclusive as pessoas com doenças mentais. O documentário também está completo no YouTube

3. Eu Não Sou Louco

Produzido em 2014, esse curta-metragem traz depoimentos de quatro pacientes e uma ex-paciente do CAPS que têm transtornos mentais distintos, e contam sobre suas dificuldades para tratar suas doenças. 

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Na obra, elas falam sobre o dia a dia fora do centro de acolhimento, os traumas da infância, as crises existenciais e, claro, o preconceito que sofreram pela sociedade e até mesmo pelos próprios familiares. Quem quiser dar uma chance à obra, a encontra completa no YouTube.

2. Nise: O Coração da Loucura

Lançado em 2015 e protagonizado por Glória Pires, Nise: O Coração da Loucura conta a vida de Nise da Silveira, uma médica psiquiátrica que propõe uma nova maneira de tratar os pacientes que sofrem de esquizofrenia. Ela não concorda que eles sejam vítimas de choques elétricos e nem lobotomia, mas seu modo de pensar não é visto com bons olhos pelos seus colegas. 

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Isso faz com que ela seja isolada e tenha que assumir o abandonado Setor de Terapia Ocupacional, uma área que ninguém queria lidar. Acontece que Nise é persistente e dá início a uma nova forma de lidar com os pacientes, por meio do amor e da arte. Isso revoluciona a medicina psiquiátrica e mostra que é possível cuidar dos doentes de uma forma mais humanizada.

Vencedor do Festival do Rio 2015 na categoria Melhor Filme Júri Popular, o longa é uma das obras brasileiras mais importantes sobre saúde mental. No elenco, além de Glória estão Cláudio Jaborandy e Fabrício Boliveira.

Nise: O Coração da Loucura está disponível no Star+ e para compra e locação no Google Play e na Amazon.

1. Bicho de Sete Cabeças

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De um filmaço para outro, chegamos em Bicho de Sete Cabeças, um longa lançado em 2000 e que até hoje consegue impactar o público. Na trama, Neto (Rodrigo Santoro) é filho de Seu Wilson (Othon Bastos), um homem conservador e de poucas palavras que não consegue entender bem o comportamento do jovem.

Os dois vivem brigando e a situação se complica quando Wilson percebe que o filho está usando maconha. Quando o desentendimento chega ao ápice, ele decide internar o filho em um manicômio.

Mesmo sendo lúcido, Neto não tem como escapar do castigo e é obrigado a ficar recluso no lugar. E é assim que, pouco a pouco, ele vai perdendo sua sanidade mental, até se tornar quase um bicho em meio aquele local inóspito.

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Estrelado brilhantemente por Rodrigo Santoro, Othon Bastos e Caco Ciocler, Bicho de Sete Cabeças venceu vários festivais, incluindo o Festival de Recife e o de Brasília. Quem quiser assisti-lo, o encontra na Apple TV+ e Netflix.

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