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2022: Um ano agitado nos direitos de transmissão

2022: Um ano agitado nos direitos de transmissão
2022 Um ano agitado nos direitos de transmissao
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Direitos de transmissão movimentaram bilhões e bilhões de dólares no ano que terminou – Reprodução

O ano de 2022 marcou o mercado de mídia global com alguns acordos surpreendentes, renovações importantes e negociações bem interessantes.

Abaixo, listo alguns destes acordos que marcaram o ano que terminou.

NFL & Youtube

Depois de acordos bilionários com os parceiros tradicionais de sempre e a chegada da Amazon para os jogos do “Thursday Night Football”, a NFL ainda conseguiu quase que dobrar o acordo para o pacote do “Sunday Ticket”, chegando a impressionantes US$ 2,5 bilhões por ano com o YouTube. O acordo anterior com a DirecTV era de US$ 1,5 bilhão.

MLS & Apple

No início do ano, ouvimos especulações sobre o futuro da MLS e o que a Liga de Futebol dos Estados Unidos faria com os seus direitos de mídia domésticos. Depois de negociações e discussões com os principais players do mercado norte-americano, a liga surpreendeu a todos e fechou um acordo exclusivo com a Apple para todos os seus jogos, não apenas nos EUA, mas sim globalmente, por algo em torno de US$ 250 milhões anuais.

A liga, no entanto, ainda guardou alguns direitos para que pudesse manter a exposição em canais de mídia tradicional e já fechou um acordo com a Fox para um jogo por rodada no território americano. O que mais impressiona neste acordo é que ele foi o primeiro negócio de direitos esportivos fechado pela Apple, então acredito que, em um futuro muito próximo, a empresa da maçã será mais um concorrente para direitos em várias partes do mundo, inclusive por aqui.

Fórmula 1

A principal categoria do automobilismo mundial foi um capítulo à parte neste ano de 2022. A Liberty Media, dona da F1, renovou seu contrato com a Band aqui no Brasil, com a Fox Sports no México, e conseguiu aumentar significativamente suas receitas nos Estados Unidos, ao renovar o acordo com a ESPN, saltando de US$ 5 milhões para US$ 75 milhões anuais.

E ainda foi a única propriedade esportiva que interessou à Netflix para um eventual acordo de direitos para transmissões ao vivo, o que acabou não se confirmando. Ah, mas duas novas temporadas de “Drive to Survive” estão confirmadas.

Big 12 – ESPN & Fox

Nos Estados Unidos, o esporte universitário é levado muito a sério. E a renovação dos direitos da Big 12, uma conferência que reúne algumas das principais universidades do país prova exatamente isso. O acordo anterior valia US$ 220 milhões por temporada, enquanto o novo gerará uma receita anual de mais de US$ 380 milhões.

Não é à toa que as principais universidades estão sempre de olho nos atletas que podem ajudar a engrossar o interesse das emissoras pelos seus direitos. Apenas para efeito comparativo, os direitos domésticos do Campeonato Brasileiro, nossa principal e mais valiosa competição esportiva, atualmente, a depender do câmbio, valem cerca de US$ 400 milhões.

Fifa & Cazé TV

Nem tanto pelos valores envolvidos, mas pela originalidade e novidade, a Cazé TV fez história ao conseguir um acordo com a Fifa para transmitir parte dos jogos da Copa do Mundo. Foram audiências relevantes e patrocinadores de peso apoiando a iniciativa. Oportunidade esta aberta pela renegociação da Globo, que, durante a pandemia, abriu mão da exclusividade dos direitos digitais do Mundial.

Fifa & Globo

Falando em Globo e Fifa, empresa e entidade anunciaram acordo para 2026. Na verdade, as Copas de 2026 e 2030 já haviam sido compradas pela Globo, mas a pandemia mudou tudo. Então, a Globo já abriu mão do Mundial de 2030, e os direitos para 2026 são totalmente não exclusivos para todas as mídias.

A Fifa, agora, poderá explorar o mercado brasileiro e conversar com outros players que queiram comprar direitos da Copa do Mundo de 2026, a primeira com 48 seleções e com três países-sede (EUA, México e Canadá), para exibição de forma não exclusiva, como já aconteceu em Copas anteriores. Com tempo para pagar e principalmente para planejar e monetizar, este pode ser um bom negócio para alguns outros players no mercado.

UFC – Band & Fight Pass

O ano de 2022 também marcou o final da parceria UFC & Grupo Globo. A partir de 2023, o modelo de negócio do principal evento de MMA do mundo mudará radicalmente. Quem quiser assistir a todos os eventos do UFC, terá que assinar o Fight Pass, que é uma plataforma própria da entidade, já disponível em vários países, e que a partir de janeiro será a única a mostrar todos os eventos por aqui também.

Além disso, o UFC estabeleceu uma parceria com a Band para exibição de 12 eventos ao vivo na TV aberta, o primeiro deles sendo o retorno da modalidade ao Brasil, o UFC 283, no dia 21 de janeiro, na Jeunesse Arena, no Rio de Janeiro.

Canal Olímpico

Outra plataforma que merece destaque é justamente o OTT do Comitê Olímpico do Brasil (COB), que começou sua operação há pouco tempo com eventos próprios apenas de modalidades com menor exposição. A plataforma já tem cerca de 300 mil usuários cadastrados e já começou uma expansão bem interessante, se aventurando na aquisição de conteúdos relevantes, como o Mundial de Esportes Equestres da Federação Internacional de Esportes Equestres (FEI), todo o circuito do judô da Federação Internacional da modalidade, além da Diamond League, principal competição anual do atletismo mundial.

Conmebol

A propriedade que mais movimentou o mercado Brasileiro e latino-americano em 2022 não poderia ficar fora desta lista. A Conmebol, com consultoria da agência FC Diez, lançou a licitação para os direitos das suas principais competições de clubes para o ciclo de 2023 a 2026. A concorrência foi acirrada, deixando evidente que o mercado reconhece o trabalho desenvolvido pela entidade e pela FC Diez nos últimos anos.

O tamanho das competições de clubes da Conmebol é, sem sombra de dúvidas, muito maior do que quando este trabalho foi iniciado, lá em 2018. Novos players, como Paramount+ e OneFootball, se juntaram a ESPN, DirecTV e SBT, além do retorno da TV Globo nos acordos domésticos. Nos Estados Unidos, a BeIN conseguiu renovar o seu acordo para o próximo ciclo, e a Sportradar é a nova parceira de apostas da Conmebol para o ciclo que se inicia.

De acordo com o site Sport Business, o mercado de direitos esportivos global bateu a marca de US$ 55 bilhões neste ano, com previsão de chegar a mais de US$ 60 bilhões em 2024. No caminho até lá, 2023 começa agitado também com a licitação da Série B do Brasileirão, já “na rua” com prazo de propostas para meados de janeiro, a Uefa preparando a sua licitação para direitos da Champions League e Europa League, a NBA preparando o seu processo lá nos Estados Unidos, e por aí vai.

Que venha 2023!

Evandro Figueira é vice-presidente da IMG Media no Brasil e escreve mensalmente na Máquina do Esporte

Fonte: Máquina do Esporte

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